Em ano eleitoral, em que a diferença entre a percepção e a realidade se amplia muito devido à disputa política, há pouco espaço para uma análise mais profunda acerca das limitações do modelo econômico vigente, embora elas possam estar apontando para épocas futuras mais sombrias. É por essa razão, e com visão crítica, que os economistas Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman escreveram o livro Complacência - Entenda por que o Brasil cresce menos do que pode , publicado pela editora Campus, lançado esta semana.
Um exemplo para ser pessimista: na última década, a taxa anual média de crescimento da economia brasileira foi de 3,5%. Nesse mesmo período, as taxas médias de Chile, Colômbia e Peru foram de 4,6 %, 4,7 % e 6,4%, respectivamente, enquanto o vizinho Uruguai cresceu 5,1 % ao ano. É bem possível que, ao fim do mandato da presidente Dilma, a taxa média dos quatro anos mal chegue a 2%.
Os economistas mostram que um conjunto de fatores contribuiu para o êxito das políticas oficiais após 2003, sobretudo a relação entre preços das exportações e das importações, baixas taxas de juros internacionais, taxa de câmbio e os excepcionais dados do emprego, fatores que os economistas denominam de quadrado mágico . Até o começo da atual década, vivemos a ´fase fácil´ e, para crescer, bastava injetar demanda na economia. Mas era algo que cedo ou tarde iria acabar. O fracasso do modelo adotado, após a fase da bonança mundial, estava anunciado , diz Giambiagi.
Com o início da etapa difícil , quando foi necessário expandir a capacidade de oferta, o governo falhou, na visão dos autores. Dessa forma, a poupança doméstica se manteve baixa, incapaz de financiar o investimento requerido, e tivemos o que chamam de risível crescimento da produtividade : apenas 1% ao ano entre 2001 e 2011. Na China, no mesmo período o crescimento da produtividade foi de 9,9% e na Índia, 6,4%.
O fato é que a maior parte dos países está se preparando com afinco para um mundo de muita competitividade, mas o Brasil está deixando a desejar , alertam os economistas, para quem as contas da política econômica da última década estão chegando. Para eles, um dos mais urgentes problemas a ser solucionado é a escassez de mão de obra qualificada, através do esforço educacional.
O grupo de pessoas que está no mercado de trabalho, a chamada população economicamente ativa, cresce a taxas cada vez menores. A pirâmide etária brasileira sofrerá uma alteração dramática nas próximas três décadas e meia , relata Giambiagi. Em razão do peso da questão demográfica e dos resultados do país no campo da Educação, a tendência à baixa produtividade se manterá, representando um constrangimento sério para o crescimento econômico futuro do país .
A Índia e a China massificaram o envio de alunos a universidades internacionais. Na Coreia do Sul, 64 % da geração entre 25 a 34 anos se formou em universidade (dados de 2011), representando um ganho de 51 pontos percentuais em relação à geração mais velha com idade entre 55 a 64 anos - que contabiliza 13% de pessoas com curso superior.
No caso do Brasil, onde apenas 9% da geração com idade entre 55 a 64 anos tem curso superior, a atual proporção de 13 % de pessoas com formação superior na geração de 25 a 34 anos revela um incremento de modestos quatro pontos percentuais, e representa três vezes menos que a taxa do Chile (41%) e quase quatro vezes menos que a taxa da Rússia (56%).
Os autores destacam que a proporção de alunos que conclui o ensino médio é muito baixa em termos comparativos, não só em relação aos países mais avançados, como em relação a outras economias emergentes. Enquanto no Brasil apenas seis de cada dez pessoas na faixa de 25 a 34 anos concluíram o ensino médio, no Chile essa proporção é de nove de cada dez pessoas.
Para retomar o crescimento sustentado com vistas a ganhos de competitividade, eficiência e produtividade, para substituir o quadrado mágico , que já não existe, Giambiagi e Schwartsman sugerem o pentágono virtuoso , representado pela ênfase em i) competição; ii) poupança; iii infraestrutura; iv) gasto público eficiente; e v) investimento em Educação. E ressaltam que o roteiro de reformas precisa ser complementado.
Um exemplo para ser pessimista: na última década, a taxa anual média de crescimento da economia brasileira foi de 3,5%. Nesse mesmo período, as taxas médias de Chile, Colômbia e Peru foram de 4,6 %, 4,7 % e 6,4%, respectivamente, enquanto o vizinho Uruguai cresceu 5,1 % ao ano. É bem possível que, ao fim do mandato da presidente Dilma, a taxa média dos quatro anos mal chegue a 2%.
Os economistas mostram que um conjunto de fatores contribuiu para o êxito das políticas oficiais após 2003, sobretudo a relação entre preços das exportações e das importações, baixas taxas de juros internacionais, taxa de câmbio e os excepcionais dados do emprego, fatores que os economistas denominam de quadrado mágico . Até o começo da atual década, vivemos a ´fase fácil´ e, para crescer, bastava injetar demanda na economia. Mas era algo que cedo ou tarde iria acabar. O fracasso do modelo adotado, após a fase da bonança mundial, estava anunciado , diz Giambiagi.
Com o início da etapa difícil , quando foi necessário expandir a capacidade de oferta, o governo falhou, na visão dos autores. Dessa forma, a poupança doméstica se manteve baixa, incapaz de financiar o investimento requerido, e tivemos o que chamam de risível crescimento da produtividade : apenas 1% ao ano entre 2001 e 2011. Na China, no mesmo período o crescimento da produtividade foi de 9,9% e na Índia, 6,4%.
O fato é que a maior parte dos países está se preparando com afinco para um mundo de muita competitividade, mas o Brasil está deixando a desejar , alertam os economistas, para quem as contas da política econômica da última década estão chegando. Para eles, um dos mais urgentes problemas a ser solucionado é a escassez de mão de obra qualificada, através do esforço educacional.
O grupo de pessoas que está no mercado de trabalho, a chamada população economicamente ativa, cresce a taxas cada vez menores. A pirâmide etária brasileira sofrerá uma alteração dramática nas próximas três décadas e meia , relata Giambiagi. Em razão do peso da questão demográfica e dos resultados do país no campo da Educação, a tendência à baixa produtividade se manterá, representando um constrangimento sério para o crescimento econômico futuro do país .
A Índia e a China massificaram o envio de alunos a universidades internacionais. Na Coreia do Sul, 64 % da geração entre 25 a 34 anos se formou em universidade (dados de 2011), representando um ganho de 51 pontos percentuais em relação à geração mais velha com idade entre 55 a 64 anos - que contabiliza 13% de pessoas com curso superior.
No caso do Brasil, onde apenas 9% da geração com idade entre 55 a 64 anos tem curso superior, a atual proporção de 13 % de pessoas com formação superior na geração de 25 a 34 anos revela um incremento de modestos quatro pontos percentuais, e representa três vezes menos que a taxa do Chile (41%) e quase quatro vezes menos que a taxa da Rússia (56%).
Os autores destacam que a proporção de alunos que conclui o ensino médio é muito baixa em termos comparativos, não só em relação aos países mais avançados, como em relação a outras economias emergentes. Enquanto no Brasil apenas seis de cada dez pessoas na faixa de 25 a 34 anos concluíram o ensino médio, no Chile essa proporção é de nove de cada dez pessoas.
Para retomar o crescimento sustentado com vistas a ganhos de competitividade, eficiência e produtividade, para substituir o quadrado mágico , que já não existe, Giambiagi e Schwartsman sugerem o pentágono virtuoso , representado pela ênfase em i) competição; ii) poupança; iii infraestrutura; iv) gasto público eficiente; e v) investimento em Educação. E ressaltam que o roteiro de reformas precisa ser complementado.
12 de abril de 2014
Merval Pereira, O Globo
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