Qualquer cidadão consciente, ao tomar conhecimento, em 2007, ano da cota máxima do mais recente voo da galinha do desenvolvimento, da decisão divulgada pela FIFA, de comum acordo com as falanges petistas de poder da época, de sediar no Brasil a copa do mundo de 2014, deve ter ficado apreensivo quanto à capacidade do país de organizar o torneio, tanto sob o ponto de vista financeiro, como sob o organizacional.
Uma certa tranquilidade foi transmitida na ocasião, quando o então Presidente da CBF, Sr. Ricardo Teixeira, afinado com autoridades do governo, afirmou que a grande maioria dos recursos destinados a cumprir as obrigações do caderno de encargos imposto pela entidade máxima do futebol, viria da iniciativa privada.
Sete anos depois e às vésperas do evento, qual é o retrospecto?
Praticamente a totalidade dos custos, superfaturados, acabaram sendo bancados pelo setor público, o mesmo que se mostra incapaz de prestar serviços básicos de qualidade aceitável à população, como saúde, segurança e educação.
Além disso, o legado prometido, relacionado com a infraestrutura e a mobilidade urbana, está atrasado e será insuficiente, mesmo após o evento, o que indica que o transporte nas grandes metrópoles continuará desumano e os aeroportos continuarão medievais em relação à maioria deles mundo afora.
O resultado de toda este festival de irresponsabilidades, mau uso de dinheiro do povo e descaso com o cidadão, está convergindo, para as manifestações atuais, nem sempre pacíficas, contra a Copa e até para ameaças de boicote ao evento, o que representará um estrago irreversível para a imagem do país.
Estamos na situação daquela criança que, instigada pelo pai, desce por um escorrega e, mesmo ciente do perigo, tem como única solução, após iniciada a descida, rezar para que tudo acabe numa caída final a mais suave possível.
29 de janeiro de 2014
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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