Evento nesta sexta, em São Paulo, discute como notícias falsas distorcem a realidade. Disseminação de informações inventadas fomenta o ódio mundo afora
O juiz Sergio Moro é filiado ao PSDB. Gilberto Gil chamou Moro de ‘juizinho fajuto’. Hillary Clinton participa de seitas satanistas. Presidente do Banco Mundial critica Governo Temer.
O juiz Sérgio Moro que já foi vítima de notícias falsas P.OLIVEIRA ALEP |
O juiz Sergio Moro é filiado ao PSDB. Gilberto Gil chamou Moro de ‘juizinho fajuto’. Hillary Clinton participa de seitas satanistas. Presidente do Banco Mundial critica Governo Temer.
O que há em comum entre essas quatro notícias? Todas são mentirosas, partilhadas milhares de vezes, mas foram divulgadas como verdadeiras dentro do fenômeno das chamadas ‘fake news’, ou 'pós verdade', expressão esta que ganhou até verbete pela Oxford Dictionaries.
A 'pós verdade' foi inclusive dedicada pela Oxford ao presidente Donald Trump e ao Brexit, pois ambos se beneficiaram dessa estratégia.
As notícias falsas tornaram-se a erva daninha que ganhou terreno fértil na era digital. Imitam o estilo jornalístico, mas sem o menor compromisso com a realidade. Ao contrário. São criadas a partir de personagens conhecidos mas com suas falas distorcidas, ou inventadas, para confundir leitores, e amplificar sentimentos de rejeição ao alvo escolhido.
Assim, as fake news têm colaborado para piorar a qualidade da política e das relações sociais mundo afora. É esse fenômeno que a Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP), em conjunto com o EL PAÍS, vai discutir nesta sexta-feira, 5 de maio, durante o debate Fake News: Os riscos e o impacto das notícias falsas na era digital, que terá entrada gratuita aos interessados no assunto.
O encontro vai contar com a presença do jornalista Leonardo Sakamoto, autor do livro O que aprendi sendo xingado na Internet, e um dos alvos prediletos dos autores de notícias falsas no Brasil. Mas como nascem? Como funciona a cadeia de informações mentirosas e por que não ouvimos falar em punição para este crime?
Desde que o mundo é mundo existe a criação de notícias falsas para prejudicar adversários em disputas políticas. Mas, a internet tornou a sua disseminação barata e exponencial, fomentando também em escala um dos sentimentos mais básicos e perigosos da humanidade: o ódio. Não é acaso que o papa Francisco, ele mesmo vítima de fake news (uma notícia se espalhou durante as eleições americanas dizendo que ele apoiava Trump), tenha entrado no debate dizendo que “a desinformação é provavelmente o maior pecado que um meio de comunicação pode cometer, porque dirige a opinião pública a uma direção única e omite parte da verdade”. O papa chegou a comparar a leitura de notícias falsasao consumo de fezes...
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Durante o debate que acontece no auditório da FAAP, será apresentada uma pesquisa do impacto das 'fake news' sobre três grandes temas, com dados que permitam mensurar a capacidade de influência e difusão das notícias falsas no Brasil. A pesquisa é realizada pela Veto, empresa de inteligência das redes sociais. “Em geral, as fake news nascem de uma informação real mal interpretada, que faz com que ela seja ampliada e entre no circuito das fake news, até influenciar o noticiário real”, comenta Raoni Neto, sócio da Veto.
A França, por exemplo, que viverá seu segundo turno das eleições neste domingo, viveu algo nessa linha nas prévias do partido Republicano. Na disputa pela candidatura à presidência de seu partido, o ex-prefeito de Bordeaux, Alain Juppé, foi alvo de notícias falsas que se espalharam em minutos pela rede Whastapp. Além de afirmarem que ele tinha apoio do grupo radical islâmico Fraternidade Islâmica, noticiou-se que ele havia construído uma mesquita em Bordeaux. A notícia teria surgido porque na verdade houve um pedido de construção da mesquita, mas que nunca saiu do papel.
O encontro Fake News: Os riscos e o impacto das notícias falsas na era digital marca o primeiro do ciclo FAAP – EL PAÍS, uma parceria fechada este ano que pretende colaborar com um debate de alto nível sobre os assuntos mais relevantes que impactam o Brasil atualmente. Segundo Edilamar Galvão, professora da FAAP e coordenadora desta parceria, esse é um investimento continuado da Faculdade de Comunicação e Marketing e do seu curso de jornalismo em trazer para o Campus os assuntos e as pessoas mais relevantes do debate contemporâneo. “É uma maneira de contribuir com a discussão pública e, ao mesmo tempo, proporcionar aos nossos alunos a experiência viva dos assuntos jornalísticos sendo tratados no calor da hora, mas com profundidade e pelo viés dos especialistas ou de personagens centrais nos temas abordados”, afirma.
Xosé Hermida, diretor de jornalismo do El País Brasil, afirma que “o EL PAÍS, em seus 41 anos de existência, sempre se caracterizou pela defesa do jornalismo rigoroso e de qualidade”. Hermida explica que essa tarefa de bem informar tornou-se ainda mais urgente em nossos dias, “num mundo em que o público está cada vez mais desarmado frente a uma avalanche de supostas informações que acabam apagando as diferenças entre o verdadeiro e o falso, entre a notícia e o rumor, entre a comunicação profissional e a mera distribuição de calúnias destinadas a destruir algum adversário”.
05 de maio de 2018
El País
O encontro vai contar com a presença do jornalista Leonardo Sakamoto, autor do livro O que aprendi sendo xingado na Internet, e um dos alvos prediletos dos autores de notícias falsas no Brasil. Mas como nascem? Como funciona a cadeia de informações mentirosas e por que não ouvimos falar em punição para este crime?
Desde que o mundo é mundo existe a criação de notícias falsas para prejudicar adversários em disputas políticas. Mas, a internet tornou a sua disseminação barata e exponencial, fomentando também em escala um dos sentimentos mais básicos e perigosos da humanidade: o ódio. Não é acaso que o papa Francisco, ele mesmo vítima de fake news (uma notícia se espalhou durante as eleições americanas dizendo que ele apoiava Trump), tenha entrado no debate dizendo que “a desinformação é provavelmente o maior pecado que um meio de comunicação pode cometer, porque dirige a opinião pública a uma direção única e omite parte da verdade”. O papa chegou a comparar a leitura de notícias falsasao consumo de fezes...
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Durante o debate que acontece no auditório da FAAP, será apresentada uma pesquisa do impacto das 'fake news' sobre três grandes temas, com dados que permitam mensurar a capacidade de influência e difusão das notícias falsas no Brasil. A pesquisa é realizada pela Veto, empresa de inteligência das redes sociais. “Em geral, as fake news nascem de uma informação real mal interpretada, que faz com que ela seja ampliada e entre no circuito das fake news, até influenciar o noticiário real”, comenta Raoni Neto, sócio da Veto.
A França, por exemplo, que viverá seu segundo turno das eleições neste domingo, viveu algo nessa linha nas prévias do partido Republicano. Na disputa pela candidatura à presidência de seu partido, o ex-prefeito de Bordeaux, Alain Juppé, foi alvo de notícias falsas que se espalharam em minutos pela rede Whastapp. Além de afirmarem que ele tinha apoio do grupo radical islâmico Fraternidade Islâmica, noticiou-se que ele havia construído uma mesquita em Bordeaux. A notícia teria surgido porque na verdade houve um pedido de construção da mesquita, mas que nunca saiu do papel.
O encontro Fake News: Os riscos e o impacto das notícias falsas na era digital marca o primeiro do ciclo FAAP – EL PAÍS, uma parceria fechada este ano que pretende colaborar com um debate de alto nível sobre os assuntos mais relevantes que impactam o Brasil atualmente. Segundo Edilamar Galvão, professora da FAAP e coordenadora desta parceria, esse é um investimento continuado da Faculdade de Comunicação e Marketing e do seu curso de jornalismo em trazer para o Campus os assuntos e as pessoas mais relevantes do debate contemporâneo. “É uma maneira de contribuir com a discussão pública e, ao mesmo tempo, proporcionar aos nossos alunos a experiência viva dos assuntos jornalísticos sendo tratados no calor da hora, mas com profundidade e pelo viés dos especialistas ou de personagens centrais nos temas abordados”, afirma.
Xosé Hermida, diretor de jornalismo do El País Brasil, afirma que “o EL PAÍS, em seus 41 anos de existência, sempre se caracterizou pela defesa do jornalismo rigoroso e de qualidade”. Hermida explica que essa tarefa de bem informar tornou-se ainda mais urgente em nossos dias, “num mundo em que o público está cada vez mais desarmado frente a uma avalanche de supostas informações que acabam apagando as diferenças entre o verdadeiro e o falso, entre a notícia e o rumor, entre a comunicação profissional e a mera distribuição de calúnias destinadas a destruir algum adversário”.
05 de maio de 2018
El País
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