"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 2 de março de 2018

MUDANÇA NA CÚPULA DA POLÍCIA FEDERAL NÃO PÕE EM RISCO A AÇÃO DA LAVA JATO


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Charge do Duke (dukechargista.com.br)
A Lava Jato não será esvaziada com mais uma mudança no comando da Polícia Federal, avaliam especialistas. Juristas, constitucionalistas e penalistas consideram que a maior operação de combate ao crime organizado e à corrupção no País está a salvo de ingerências políticas.
“A mudança não deve interferir na Lava Jato, que se consolidou, já dura vários anos”, disse o advogado Alexandre de Oliveira Ribeiro Filho, do Vilardi Advogados. “Não me parece haver clima para esvaziamento. De qualquer forma, as instituições estão em pleno funcionamento para fiscalizar e coibir eventuais iniciativas não republicanas.”
FORTE DESGASTE – Nesta terça-feira, 27, caiu o delegado Fernando Segovia, pouco mais de três meses depois de assumir a cadeira número 1 da PF. Em meio a polêmicas, inclusive sobre seus laços com o MDB de José Sarney, o ex-diretor foi demitido pelo ministro Extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann. Assume a chefia da PF o delegado Rogério Galloro.
“Essa alteração no comando da Polícia Federal é mais do que natural diante do forte desgaste sofrido pelo último ocupante do cargo (Segovia). É uma forma de se descolar do desgaste e mostrar que o Governo respeita a independência da Polícia Federal”, considera Ribeiro Filho “Não me parece haver clima para esvaziamento da Lava Jato.”
SEM ABALOS – A professora de Direito Penal do IDP-São Paulo, Fernanda de Almeida Carneiro, lembra que, desde que foi deflagrada em março de 2014, a Lava Jato “já passou por troca no comando da PF, substituição do procurador-geral da República, mudança na composição do Supremo Tribunal Federal e até pelo impeachment presidencial”.
“Nada abalou as estruturas da Lava Jato ou ameaçou sua progressão”, argumenta Fernanda. “Acredito que, mais uma vez, a substituição de uma só pessoa do organograma, no caso, de Fernando Segovia, não enfraquece ou esvazia as investigações, conduzidas por centenas de agentes policiais, membros do Ministério Público e juízes por todo o Brasil.”
LAÇOS POLÍTICOS – Para Adib Abdouni, constitucionalista e criminalista, a queda de Segovia corrige “grave equívoco que maculava sua desastrosa escolha”. Abdouni observou que o ex-diretor “guardava fortes laços políticos junto a membros do MDB”.
Ele acredita que o vínculo político do ex-diretor “lançava dúvidas sobre a credibilidade da atuação técnica da instituição, especialmente acerca da Operação Lava Jato”.
Para o criminalista João Paulo Martinelli, professor do IDP-São Paulo em Direito Penal, “as mudanças constantes no comando da Polícia Federal podem provocar algum atraso nas investigações, porque as equipes também mudam”. “Mas o rumo da Lava Jato continua o mesmo, pois a força-tarefa do Ministério Público Federal continua a mesma”, avalia.
PERFIL TÉCNICO – Para Vera Chemim, advogada constitucionalista, o novo diretor-geral da PF “tem, acima de tudo, um perfil técnico por excelência, além de ter sido um dos escolhidos pela maioria dos membros da Polícia Federal, quando da elaboração da lista tríplice” – ela se refere ao pleito promovido pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal quando o governo ainda não havia decidido, em novembro, pela escolha de Segovia para a sucessão do delegado Leandro Daiello, que ficou no cargo principal da corporação por mais de seis anos.
“O fator mais relevante para o atual contexto é que o novo diretor da Polícia Federal tem formação acadêmica em segurança pública nos Estados Unidos e faz parte da Interpol”, segue Vera. “Tais requisitos são mais que oportunos e convenientes para o que se prioriza no país e fora dele, especialmente no que diz respeito à Operação Lava Jato.”

02 de março de 2018
Deu em O Tempo
(Agência Estado)

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