"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

CABRAL DIZ A MORO QUE FEZ COMPRAS DE LUXO COM "SOBRA DE CAIXA 2"

Acusado de receber 2,7 milhões de reais em propina da Andrade Gutierrez, ex-governador afirmou que gastos foram sua responsabilidade, e não de sua mulher
(Reprodução/Reprodução)

Réu em uma ação penal sob responsabilidade do juiz federal Sergio Moro e preso em Bangu 8, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foi nesta quinta-feira a Curitiba para depor ao magistrado. Na oitiva, que durou cerca de 30 minutos, Cabral, orientado por seus advogados, respondeu apenas as questões da defesa e ficou em silêncio quando perguntado por Moro ou o Ministério Público Federal. O ex-governador e seu grupo político são acusados neste processo de embolsar 2,7 milhões de reais em propina da empreiteira Andrade Gutierrez entre 2007 e 2011, referentes ao contrato de construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

As respostas do peemedebista diante do juiz mostram que sua estratégia de defesa é a de alegar que as compras milionárias roupas de grife, joias e carros, enumeradas pelo Ministério Público Federal na denúncia, foram feitas com dinheiro próprio e o que ele chamou de “sobras de caixa dois de campanha” – e não com propina.

“Reconheço esse erro, reconheço que são recursos próprios e recursos de sobra de campanha de caixa dois. Esses recursos nada a ver nem com minha mulher, muito menos com essa acusação de Comperj”, disse Cabral, cuja mulher, a advogada Adriana Ancelmo, também é ré neste processo.

“Não vou negar que houve uso de caixa dois e houve uso de sobra de campanha de recursos em função de eu ter sido um politico sempre com desempenho eleitoral muito forte no estado. O financiamento acontecia e esses fatos são reais”, gabou-se Cabral, que citou a preocupação de Moro com o financiamento paralelo de campanhas e disse que “a questão democrática é sempre vital e, portanto, tem que se encontrar um caminho para isso”.


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Após as questões feitas pelo advogado de Sérgio Cabral, Moro perguntou ao peemedebista se ele gostaria de dar mais informações sobre o pagamento de caixa dois que resultou nas tais “sobras”, mas o ex-governador respondeu que essas irregularidades não estão relacionadas ao processo e preferiu não entrar em detalhes.

A respeito das notas fiscais de compras de bens de luxo emitidas em nome de Adriana, que segundo o peemedebista apenas “escolhia alguns produtos”, Cabral afirmou a Moro que os recursos e gastos eram de sua responsabilidade, e não dela. “Em hipótese nenhuma vou dizer que não é verdade. Os recursos eram meus e a responsabilidade é minha. Minha mulher não conhece nenhum desses personagens que são citados, executivos da Petrobras, etc, etc. São responsabilidades minhas, diretas”.

Além deste processo, em que é acusado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Cabral é réu em seis ações penais na Justiça Federal do Rio de Janeiro, todas sob responsabilidade do juiz Marcelo Bretas.
Relação ‘dura’ com a Petrobras

Citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos padrinhos políticos que lhe deram sustentação política no cargo em troca de propinas, Sérgio Cabral afirmou a Sergio Moro que a relação de seu governo com a Petrobras era “muito difícil, muito dura” em função de cobranças feitas por mais royalties de petróleo, ICMS e participação especial.

“Nunca, nunca indiquei um cargo no governo federal, o que dirá na Petrobras, onde minha relação era extremamente polêmica e difícil, pelo posicionamento contra a lei do pré-sal, pelas cobranças que fazíamos de impostos devidos”.

Cabral relatou que havia uma apenas uma “relação institucional” com Paulo Roberto Costa e que nunca tratou de financiamento de campanhas com o ex-diretor da estatal. O ex-governador chamou de “invencionices” os trechos da delação de Costa que o citam como beneficiário de propinas de contratos da Petrobras.

O ex-governador também negou conhecer os executivos da Andrade Gutierrez Rogério Nora de Sá e Clóvis Primo, que o também o citaram em suas delações premiadas.

Assista abaixo à integra do depoimento de Sérgio Cabral a Sergio Moro:


27 de abril de 2017
joão pedroso de campos
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