Até o dia 30, domingo, a disputa entre os dois Marcelos, Crivella e Freixo, concentrará as atenções não apenas do Rio, mas do país inteiro. A vitória do candidato do PSOL demonstrará que as esquerdas ressurgiram depois do naufrágio do PT. Ganhando o candidato do PRB, a ideologia eleitoral ficará para as calendas.
Os companheiros votarão em Freixo, mas envergonhados. Não só os religiosos estarão com Crivella, ainda que sua falta de ideologia sirva de argumento para uma futura pacificação.
Quem quiser que arrisque palpites, mas as próximas semanas definirão mais do que o governo do Rio. Estarão em jogo duas tendências capazes de definir os rumos nacionais.
Discute-se o destino do PT. Ampla renovação de quadros e de lideranças parece inevitável, ainda que sem o sacrifício do Lula, na hipótese de não ser atropelado pela Lava Jato ou por Sérgio Moro.
QUADRO PARTIDÁRIO – Recomeçar não será fácil para o PT, ainda que todo o quadro partidário se encontre exangue. O PMDB, por exemplo, caminha para as profundezas, onde já se encontra o PT. Os tucanos confiam sair voando sobre o caos, mas enfrentam a desunião expressa pelo crescimento de Geraldo Alckmim nas eleições paulistanas de domingo passado. José Serra quer bancar o avestruz, enfiando a cabeça na areia em meio à tempestade, e Aécio Neves equilibra-se com a vantagem de presidir o PSDB.
Em suma, as eleições cariocas do segundo turno poderão servir para definições, sendo que Michel Temer, às voltas com pesquisas de opinião cada vez mais desastrosas, tarda em iniciar suas reformas ditas imprescindíveis. Caso venha a sofrer dificuldades no Congresso, estará contribuindo para acirrar velhas divisões ideológicas. Sem confiar no PMDB, resta-lhe apelar para a Providência Divina. Do caos, pode surgir alguma luz.
06 de outubro de 2016
Carlos Chagas
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