Enquanto rolava o processo de impeachment, a máquina publicitária petista saiu em busca de um discurso que, se não servisse para neutralizá-lo, ao menos fosse útil à manutenção da hegemonia do partido na cena política nacional.
Os chamados do povo às ruas para uma suposta resistência democrática não deram o resultado esperado. Aquele foi o primeiro indício da tragédia que sobreviria. Sobrou, então, o xingamento aos opositores do governo petista. Os adjetivos golpista, coxinha e fascista passaram a ser distribuídos como se argumentos fossem. E quem apoiasse o impeachment era imediatamente proclamado sócio, discípulo e seguidor de Eduardo Cunha. Imaginava o comando petista que essa estratégia produziria o objetivo desejado?
Suponho que sim, porque a alternativa era incompatível com a estrutura psicológica do partido. O PT vê a si mesmo como tabernáculo, como depositário do conhecimento e da revelação sobre o bem nacional. E vê seus líderes como profetas e sacerdotes incumbidos de guiar o povo nos caminhos da salvação. Não há como, em qualquer das duas perspectivas, penitenciar-se por erros e culpas. E, menos ainda, aceitar que qualquer outro que não um petista governe o país. Assim, os profetas e sacerdotes do partido, autocraticamente, decretaram a ilegitimidade do mandato do vice-presidente constitucional da República: "Fora Temer!". Deu para entender? Não? Pois é. Não dá mesmo. Ninguém entendeu, vieram as eleições municipais e, na campanha, o segundo indício da tragédia: os candidatos do PT escondiam a sigla, seus símbolos e cores.
Contados os votos, as legendas ditas golpistas foram eleitoralmente endossadas por 66,8 milhões de brasileiros enquanto o PT alcançou apenas 10% disso. Perdeu 10 milhões de votos. Enquanto o PSDB e o PMDB conquistaram 1855 prefeituras, o PT elegeu apenas 263, perdendo 400 que já tinha. Seu alter ego, o PCdoB, saiu da eleição quase clandestino.
Para completar o desastre, ficou mais do que provado: foram Michel Temer e o PMDB que proporcionaram a Dilma e ao PT o mandato presidencial de 2014. E não o contrário.
06 de outubro de 2016
Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor
Os chamados do povo às ruas para uma suposta resistência democrática não deram o resultado esperado. Aquele foi o primeiro indício da tragédia que sobreviria. Sobrou, então, o xingamento aos opositores do governo petista. Os adjetivos golpista, coxinha e fascista passaram a ser distribuídos como se argumentos fossem. E quem apoiasse o impeachment era imediatamente proclamado sócio, discípulo e seguidor de Eduardo Cunha. Imaginava o comando petista que essa estratégia produziria o objetivo desejado?
Suponho que sim, porque a alternativa era incompatível com a estrutura psicológica do partido. O PT vê a si mesmo como tabernáculo, como depositário do conhecimento e da revelação sobre o bem nacional. E vê seus líderes como profetas e sacerdotes incumbidos de guiar o povo nos caminhos da salvação. Não há como, em qualquer das duas perspectivas, penitenciar-se por erros e culpas. E, menos ainda, aceitar que qualquer outro que não um petista governe o país. Assim, os profetas e sacerdotes do partido, autocraticamente, decretaram a ilegitimidade do mandato do vice-presidente constitucional da República: "Fora Temer!". Deu para entender? Não? Pois é. Não dá mesmo. Ninguém entendeu, vieram as eleições municipais e, na campanha, o segundo indício da tragédia: os candidatos do PT escondiam a sigla, seus símbolos e cores.
Contados os votos, as legendas ditas golpistas foram eleitoralmente endossadas por 66,8 milhões de brasileiros enquanto o PT alcançou apenas 10% disso. Perdeu 10 milhões de votos. Enquanto o PSDB e o PMDB conquistaram 1855 prefeituras, o PT elegeu apenas 263, perdendo 400 que já tinha. Seu alter ego, o PCdoB, saiu da eleição quase clandestino.
Para completar o desastre, ficou mais do que provado: foram Michel Temer e o PMDB que proporcionaram a Dilma e ao PT o mandato presidencial de 2014. E não o contrário.
06 de outubro de 2016
Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor
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