A prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha e do ex-ministro Romero Jucá foi pedida pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot por obstrução da Justiça, perpetrada também pelo ex-presidente José Sarney, que deverá usar tornozeleira. Já que perguntar não ofende: por que, até agora, só Lula, o Grande Impune, não está na prisão? Que o ministro Teori Zavascki responda:
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador e ex-ministro do planejamento de Temer Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), por tentativa de barrar a Operação Lava Jato. No caso de Sarney, foi determinado o uso de uma tornozeleira eletrônica. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo, nesta terça-feira, 7 e confirmadas pelo Estado com fontes da investigação.
Além do pedido de prisão de Sarney, Renan e Jucá, que foram flagrados tramando contra a Lava Jato em conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, Janot pediu a prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por ele continuar interferindo no andamento dos trabalhos da Casa. A informação foi divulgada pela TV Globo, também na manhã desta terça, e confirmada pelo Estado. Nesta manhã, o Conselho de Ética se reúne para votar o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que indicou cassação de Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar.
Delação. Machado afirmou ter repassado R$ 70 milhões a políticos do PMDB. Os pedidos de prisão já estariam com o ministro Teori Zavascki, do STF, há pelo menos uma semana.
Segundo a reportagem, caso Machado não tivesse gravado a trama, a legislação seria modificada para impedir que presos pudessem firmar acordos de delação premiada. O instrumento vem sendo usado como chave para a descoberta de novas linhas de investigação desde o início da Operação, tendo exercido papel central em pedidos de inquéritos no STF inclusive contra o presidente do Senado.
Nas gravações, Sarney sugere que dois advogados de sua confiança, Cesar Asfor Rocha, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e Eduardo Ferrão, conversem com Teori para tentar barrar a Lava Jato na Suprema Corte.
Segundo a matéria do jornal carioca, para a Procuradoria-Geral da República, está claro que Renan, Jucá e Sarney tinham o objetivo de obstruir as investigações. O plano do trio seria mais amplo e grave que a tentativa executada pelo ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), que foi preso por tentar impedir uma delação premiada.
Machado informou ao Ministério Público Federal que desviou cerca de R$ 70 milhões da estatal e dividiu a quantia entre Renan, Sarney e Jucá. Os valores teriam pago o apoio político dado pelo trio para manter Machado a frente da subsidiária da Petrobrás.
Renan, Sarney e Jucá são considerados políticos de grande influência no Congresso. O ex-presidente da República, mesmo sem mandato, controla bancadas na Câmara e no Senado. Jucá é um dos principais avalizadores do governo Temer e, alçado ao cargo de ministro, caiu após o vazamento das escutas do ex-presidente da Transpetro em que ele sugere um "acordão" para "estancar a sangria da Lava Jato".
Renan indicou Machado para a presidência da Transpetro em 2003, no início do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do Senado manteve o apoio para a permanência dele no cargo até o ano passado, mesmo depois da acusação de outro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, de que Machado teria recebido R$ 500 mil em propina.
Defesa. Em entrevista à Rádio Estadão durante esta terça-feira, o advogado Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney, Antônio Carlos de Almeida Castro, afirmou que prefere "não acreditar que houve pedido de prisão”.
Primeiro a chegar para marcar presença no Conselho de Ética nesta manhã, o vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (MS), classificou como "pirotecnia" um possível pedido de prisão de Cunha. Para ele, o pedido da Procuradoria-Geral da República é desnecessário. "Não acredito que tenha acontecido esse pedido", afirmou. (Estadão).
08 de junho de 2016
Estadão
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