Dentro de dois ou três meses, pouco mais ou menos, estaremos vivendo um momento decisivo para o futuro do Brasil. Falo, é claro, do dia D do processo de impeachment que até aqui determinou o afastamento provisório da presidente da República. Para D+1, apenas uma das alternativas: a volta ao que se foi ou a consolidação da indicação do presidente interino à frente do governo de transição que culminará com as eleições gerais de 2018.
Desde já uma constatação: o rito do processo, nos moldes atuais, carece de total revisão. Senão vejamos:
É absurda a situação que vivemos, um governo provisório acovardado, sem a necessária autonomia para adotar as medidas realmente necessárias ao reequilíbrio do País, e o outro, o responsável pela catástrofe, mantendo poderes que lhe são assegurados para seguir, por todo o longo tempo do seu impedimento, influenciando negativamente na ação do seu substituto. E a Nação sangrando, pois o que prevalece é o princípio do quanto pior melhor.
Claro que as dificuldades do governo Temer têm a ver, sobretudo, é com o alarmante nível de degradação ética e moral que se instalou no meio político.
O Senado, por exemplo, que com expressiva maioria de votos determinou o afastamento de Dilma, e a quem está entregue a responsabilidade do veredito final, é hoje integrado, quase que totalmente, por investigados na Lava Jato e em outras instâncias da Justiça por conta do cometimento de atos ilegais ou criminosos no exercício da função legislativa.
Apoiam o atual presidente, mas nem sempre por razões justas. São venais, seus arranjos estão, via de regra, ligados a escusos interesses pessoais. Dentre eles o de livrarem-se da cadeia. Alguns, agora ameaçados pelas malhas da Lei, manifestam a intenção de rever seus votos. Homens sem o menor princípio. A situação é muito pouco clara.
É inegável que independente das pedaladas fiscais e de outros atos ilegais que a presidente processada praticou na sua gestão, o que pesou, de fato, para a decisão maciça do Congresso pelo seu afastamento, foi o fato de ela ter perdido as condições de governabilidade. E isso é fatal. Não adianta vir com a história de que isso só vale para o sistema parlamentar. Não é assim.
Um governante repudiado pela nação, sem uma base política, desacreditado internacionalmente, com a economia em frangalhos e o risco de caos social não se sustenta em nenhum regime. Esse era o caso de Dilma. E continuará sendo assim em qualquer tempo, depois do seu exílio no Alvorada. Tal nível de desgaste é irremediável.
O presidente interino não chega a ser o líder que sonhamos, mas ele é a esperança disponível para a travessia desse período negro da nossa história política e garantir, num clima de relativa Paz, as eleições gerais de 2018. E aí que se ouça a voz da sociedade. E que tenhamos juízo.
A volta ao que ficou para trás, possível tem que se admitir, é o caminho certo para o desastre. Basta voltar nossas vistas para a vizinha Venezuela, principal parceira do lulopetismo. Deus livre nosso Brasil.
A instituição Senado e seus senadores tenham a certeza de que, nesse caso, a Nação não os perdoará. Que tenham um rasgo de patriotismo ou preparem, todos, seus epitáfios políticos. O que virá depois de D+1 está nas mãos deles e será de sua inteira responsabilidade.
08 de junho de 2016
Gilberto Pimentel, General, é Presidente do Clube Militar.
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