"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 17 de maio de 2016

ÚNICA SAÍDA PARA O PT É INCENTIVAR A LUTA DE CLASSES, DIZ LULA AO CULPAR AS ELITES



Charge do Lute, reprodução do blog do PSTU



O problema do PT não é apenas o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. As dificuldades da legenda são mais graves, mais profundas e mais duradouras que o afastamento de Dilma do cargo de presidente. 
Quem faz essa afirmação não é a oposição. 
A deplorável situação do partido foi detectada por pesquisa realizada no final de 2015 pela Fundação Perseu Abramo, entidade criada pelo PT como espaço de reflexão política e ideológica.

Os resultados do estudo foram tão negativos que o seu acesso foi proibido até mesmo a alguns integrantes da Executiva Nacional do partido. Só agora, a partir de reportagem do Estadão, os dados vieram a público.

Feita apenas com eleitores que votaram em Dilma Rousseff em 2014, a parte qualitativa da pesquisa apontou uma enorme disparidade entre a anterior imagem do partido e a atual.

IMAGEM DETERIORADA


Os entrevistados pela Fundação Perseu Abramo referiram-se ao PT antes do governo como “progressista, convincente, esperançoso, promissor, de futuro, realizador, forte, evolutivo, em ascensão, limpo, ótimo, sólido e do povo”. 
Hoje, veem o PT como um partido “de direita, desacreditado, decepção, fracassado, sem expectativa, quebrado, deprimente, massacrado, desmoralizado, corrupção, ruim, dividido e traidor”.

Os resultados da pesquisa quantitativa, feita com eleitores de todas as tendências, são igualmente ruins para a legenda. 
No ranking de preferência partidária, o PT passou de 28% em maio de 2014 para 14% em novembro de 2015. 
E a rejeição do PT aumentou de 18% para 32%. Se, em março de 2013, 52% dos eleitores diziam que o PT era o partido que defendia os brasileiros, agora são apenas 14%.

EXTINÇÃO DO PARTIDO


Tendo em vista o discurso de transformação apregoado pelo PT desde sua criação, é mais que significativo o dado revelado na pesquisa da Fundação Perseu Abramo: o porcentual de pessoas que veem o PT como o partido das reformas caiu de 43% para 9%. 
Ou seja, a imensa maioria da população detecta uma profunda incoerência entre o que o partido diz e aquilo que o partido faz.

Outro dado que mostra como a população brasileira não é indiferente aos males causados pelo PT é a defesa da extinção do partido por quase metade (46%) das pessoas ouvidas na pesquisa. 
Os entrevistados também não manifestaram muita confiança na honestidade dos membros do partido, quesito que desperta em 72% das pessoas um sentimento negativo. Apenas 13% afirmaram ter um sentimento positivo em relação à integridade dos petistas.

CORRUPÇÃO E GANÂNCIA


O estudo é incisivo sobre as causas da crise petista: 
“À corrupção se atribui a origem de toda crise ora vivenciada. De modo difuso entende-se que o partido foi se perdendo ao longo do tempo. Fez alianças que contrariam seus princípios de origem e ‘entregou-se à ganância’, colocando interesses pessoais – leia-se enriquecimento ilícito – acima dos interesses do povo e, consequentemente, traindo o ideário do próprio partido. 
Tornou-se um partido igual a todos os outros. E, nesse processo, perdeu sua identidade e a confiança dos brasileiros”.

Para sair da profunda crise, alguns dirigentes do partido veem a necessidade de uma volta às origens, o que envolveria uma reconexão com movimentos sociais, além da depuração dos quadros partidários e do abandono de práticas ilegais. Isso, no entanto, parece estar ainda no plano da reflexão teórica.

LULA CULPA A ELITE

A depender de Lula, tudo fica como está – apenas muda a retórica. Como afirmou o ex-presidente numa reunião do partido em abril, “a elite nos empurrou de volta à luta de classes. Não fomos nós que pedimos”.

Aos olhos de Lula, tudo o que o PT sofre é obra dos outros. Manifesta assim uma absoluta incapacidade de enxergar a realidade – foi ele quem empurrou o partido para a profunda crise na qual se encontra.

É certo que Dilma Rousseff contribuiu eficazmente para o aumento da rejeição ao PT. Mas não resta dúvida de que o condutor do partido nessa trajetória de incoerência, corrupção e decepção foi Luiz Inácio Lula da Silva.

###

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O editorial do Estadão, enviado pelo comentarista Guilherme Almeida, é oportuno e mostra como o PT está desnorteado, desorientado e desesperado. 
O clima é de velório, não se consegue encontrar saída. Para a eleição deste ano, a cúpula do PT sonha em fazer alianças com partidos que apoiaram o impeachment, mas as possibilidades são mínimas. 
Por enquanto, apenas PCdoB, PSOL e PDT podem entrar em coalizão. O resto quer distância. 
Justamente por isso, só resta a PT estimular a luta de classes, uma estratégia suicida, mas que já está em prática, sob liderança do MST (sem terra) e do MTST (sem teto). As centrais sindicais estão muito divididas, as perspectivas do PT são tenebrosas. (C.N.)


17 de maio de 2016
Deu no Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário