"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 17 de maio de 2016

REFORMA DA PREVIDÊNCIA E VOLTA DA CPMF SÃO OBSTÁCULOS PARA O GOVERNO

Charge do Léo Villanova (reprodução de www.leovillanova.net)

O presidente Michel Temer – reportagem de Eduardo Braciani e Simone Iglesias, O Globo – convocou uma reunião com os dirigentes das centrais sindicais, inclusive a CUT, para um debate em torno do projeto de reforma da Previdência Social que pretende enviar ao Congresso. Um obstáculo, portanto, que inevitavelmente surge antes da apresentação da matéria. Da mesma forma, a iniciativa de fazer retornar a CPMF. Nos dois casos unem-se as pontes que separam os sindicatos dos trabalhadores e a Federação das Indústrias de São Paulo.
Os sindicalistas, tendo à frente o deputado Paulo Pereira da Silva, concordam com as exigências maiores de idade e de tempo de contribuição, mas somente para os que vierem a ingressar no mercado de trabalho. Querem, como é lógico e natural, os direitos adquiridos e as expectativas de direito, que também fazem parte das regras sociais.
GOVERNO NÃO QUER
Mas em tal cenário a aprovação não interessa ao governo, uma vez que os efeitos financeiros decorrentes de normas mais rígidas somente começariam a ocorrer, pelo menos, daqui a 30 anos. Longo prazo. O ministro Henrique Meirelles, ao contrário, busca consequências reducionistas imediatas. Como, então, chegar a um denominador comum? Impossível.
Isso do lado trabalhista. Do lado capitalista, a FIESP, depois da campanha que espalhou pelo país contra a volta da CPMF, dificilmente poderá desdizer-se em tão pouco tempo, e aceitar o roteiro que sempre condenou.
NÃO HÁ BASE
Afirmar que a maioria parlamentar possui em torno de 400 votos significa misturar as coisas, os fatos e os conceitos. Não tem cabimento. Seria atribuir às correntes políticas uma obediência total do Planalto sem discutir e discernir os grupos quanto ao conteúdo das medidas a serem votadas.
Exemplos não faltam para comprovar a essência do raciocínio. A segunda guerra mundial é o mais marcante. Estavam em aliança a Inglaterra de Churchill, os EUA de Roosevelt, a União Soviética de Stalin. Nessa condição encontraram-se em Yalta, em abril de 45. Tudo perfeito. Mas as diferenças começaram em Potsdam, ampliaram-se na reunião de Berlim, e se estenderam intensamente por quase 50 anos.
Unidos pela guerra contra Hitler, divididos pelas conquistas da paz. Política é assim. Ao mesmo tempo ciência, realismo e arte. Daí sua complexidade.
OBSTÁCULOS A TEMER
O governo Michel Temer, passada sua fase de Yalta 2016, começa a se deparar com obstáculos. A reforma da Previdência é o primeiro deles, o retorno da CPMF, o segundo. E a entrevista do ministro Alexandre Moraes à jornalista Mônica Bergamo, Folha de São Paulo de ontem, o terceiro. O ministro falou, em nome de Temer, sua opinião sobre o processo de escolha do procurador-geral da República. O presidente da República teve que desautorizá-lo imediatamente. Pois em matéria de poder, a verdade é que entra em cena a embriaguez do sucesso.
ALÉM DOS LIMITES
Alexandre de Moraes ultrapassou os limites de sua área. Pousou seu voo nos jardins do Palácio do Planalto.
Por essas e outras, com as barreiras do INSS e da CPMF, é difícil a tarefa de governar. Daí a importância de um projeto básico, integrado, capaz de tentar fixar um denominador comum entre as correntes nas quais se divide a sociedade brasileira. Com suas vontades, com suas esperanças.

17 de maio de 2016
Pedro do Coutto

Nenhum comentário:

Postar um comentário