Nada falaram. Acontecera alguma coisa grave. Voltariam logo.
Um deles voltou e contou a bomba política do fim de semana. Antes de viajar para o Rio Grande do Sul, Lula encarregara José Dirceu, coordenador da equipe de transição e já convidado para Chefe da Casa Civil, de negociar com o PMDB o apoio a seu governo, em troca dos ministérios de Minas e Energia, Justiça e Previdência, que seriam entregues a senadores e deputados indicados pelo partido.
MAIORIA NO CONGRESSO
Lula já havia dito ao PT que eles não podiam esquecer a lição da derrubada de Collor pelo impeachment, que o senador Amir Lando, do PMDB de Rondônia, relator da CPI de PC Farias, havia definido como uma “quartelada parlamentar”. No Brasil, para governar era preciso ter sempre maioria no Congresso. O PT tinha que fazer as concessões necessárias.
O primeiro a ser chamado era o PMDB, o maior partido da Câmara e do Senado. Lula mandou José Dirceu acertar com o PMDB, combinaram os três ministérios e ficaram todos felizes. Em Porto Alegre, na primeira noite, Lula encontrou a gula voraz do PT gaúcho, que exigia exatamente os ministérios de Minas e Energia, da Justiça e da Previdência.
Lula cedeu. Chamou Dirceu e deu ordem para desmanchar o acordo com o PMDB. Dirceu perguntou como conseguiriam maioria no Congresso.
– Compra os pequenos partidos – disse Lula. Fica mais barato.
NASCIA O MENSALÃO
Dilma virou ministra de Minas e Energia, Tarso Genro da Justiça e a Previdência ficou para resolver lá na frente. E assim nasceu o Mensalão.
Quinta-feira, quatorze anos depois, na posse do governo Temer no palácio do Planalto, na primeira fila, lá estavam precisamente os “Cinco do Piantella” daquela tarde de domingo: Michel, Moreira, Padilha, GedDel e Henrique: o presidente e seus mais próximos amigos.
A RESPOSTA DA HISTÓRIA
É unânime: dos mais de 60 discursos feitos da tribuna do Senado, na noite de quarta para quinta-feira, o mais brilhante e primoroso, o mais profundo e inteligente, um discurso que ficará na Historia dos grandes discursos do Parlamento brasileiro, foi o do ex-presidente e senador Fernando Collor. O Senado o ouviu do começo ao fim em total silêncio. Como nos grandes dias do Congresso.
Infelizmente, lá não estavam, para ouvi-lo, o presidente Mauro Benevides e o relator Amir Lando, derrotados, os ex-deputados Lula, José Dirceu, José Genoino, Aloísio Mercadante, o marqueteiro João Santana, da tropa de choque da acusação, prisioneiros ou quase, e outros.
A História anda devagarinho, mas sempre chega.
GETÚLIO
Se consultar os “Anais do Congresso Nacional”, o brasileiro lerá ali um discurso do general deputado Euclydes de Figueiredo, da UDN do Rio, herói da Revolução Constitucionalista Paulista de 1932, que na Constituinte de 1946 pedia a convocação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para “apurar os crimes da ditadura”.
E ele dizia, da tribuna da Câmara, que foram crimes que estarreceram a nação, escandalizaram o Brasil diante do mundo e, por isso, era preciso que a Câmara os investigasse, punisse os responsáveis, para que servisse de lição para as próximas gerações. E o principal réu era o ditador, Vargas.
Por que agora esconder Lula atrás das cortinas?
OS MUÇULMANOS
Dois em um só mês. Em trinta dias, dois ilustres muçulmanos, um inglês e um brasileiro assumiram o comando de sua capital ou de seu país: o prefeito de Londres, Sadic Khan e o presidente do Brasil, Michel Miguel Elias Temer Lulia. E ainda há os idiotas que fazem discriminação racial.
18 de maio de 2016
Sebastião Nery
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