Preparem-se! Assim que o filme “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, estrear no Brasil, as pessoas com vergonha na cara e amor à verdade têm uma obrigação: boicotá-lo. Não que faça grande diferença. A nossa grana pra fazer o filme, o tal Kleber já pegou. A sua obra levou a bufunfa do BNDES e da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco. Boa parte dos que se dizem artistas no Brasil vive do capilé que não compra o feijão dos pobres — se é que me entendem.
Vamos lá.
A delinquência intelectual e a farsa política chegaram a Cannes. Todos vocês viram a patuscada armada pelo diretor e por parte do elenco de “Aquarius”. Kleber Mendonça Filho e Sônia Braga, entre outros, levantaram cartazes em português, inglês e francês denunciando um suposto golpe no Brasil. Podiam-se ler coisas como “Um golpe ocorreu no Brasil”, “Resistiremos” e “Brasil não é mais uma democracia”. No sala do Grade Teatro Lumière, gritaram: “Fora!”
Era uma ação orquestrada pelos petistas. Na sua conta no Twitter, Dilma Rousseff, a afastada, se manifestava: “Obrigada, Kleber Mendonça Filho (@kmendoncafilho), Sonia Braga (@bragasonia) e Maeve Jinkings – o talento do Brasil em Cannes. Ao elenco extraordinário do filme #Aquarius um beijo em nome da democracia. #Cannes2016″.
O que vocês acham que Kleber, Sônia Braga e os outros bobalhões entendem da Constituição e das leis, além de nada? Estão apenas repetindo as palavras de ordem que a esquerda espalha por aí. Fico cá a imaginar um diálogo:
— Sônia, você já leu o Artigo 85 da Constituição?
— O que é Constituição?
— É a Carta Magna, o documento maior que organiza a vida jurídica no país.
— O que é “magna”?
— Não há chance de você saber o que é Inciso VI, certo?
E o tal Kleber? Adoraria saber o que ele entende sobre o caráter jurídico e político do impeachment. Já que é um cineasta que gosta de nos dar lições, talvez devesse nos explicar por que os crimes de responsabilidade são julgados por uma corte política, não por um tribunal.
É gente como essa que está agora gritando por aí contra a extinção do Ministério da Cultura, como se um crime estivesse sendo cometido. É evidente que o incentivo oficial à produção cultural prescinde de um ministério, a exemplo do que ocorre em boa parte dos países civilizados do mundo. No fim das contas, tudo isso revela um medo enorme de perder a boquinha, de perder o cartório.
Quanto à Dilma…
Bem, chegou a hora de se tomar uma providência que é de natureza legal. Mesmo uma presidente afastada pode cometer crimes. Até quando Dilma abusará do dinheiro público e do conforto que lhe oferece o Estado brasileiro para difamar o governo legal do país?
Quanto aos bacanas de Cannes, dizer o quê? É preciso que se afirme com todas as letras: na prática, estão em defesa de um regime e de um modelo que praticaram o maior assalto aos cofres públicos de que se tem notícia.
Parece que protestam contra o golpe. Na verdade, apenas se alinham com ladrões do dinheiro público.
18 de maio de 2016
Reinaldo Azevedo, Veja online
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