"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

FORÇA-TAREFA APERTA O CERCO A GABRIELLI, QUE COMANDAVA A CORRUPÇÃO NA PETROBAS


Grabrielli enfim começa a entrar na alça de mira da Lava Jato


















O lobista Julio Gerin Camargo afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que Armando Tripodi, ex-chefe de gabinete de José Sérgio Gabrielli na presidência da Petrobrás, tratou diretamente do pagamento da agência de Muranno Brasil Marketing, feito em 2010, com dinheiro de propina desviado da estatal pelo PT, PMDB e PP. O valor seria uma operação de pagamento ao empresário Ricardo Villani, dono da Muranno, que cobrava dinheiro devido por serviços prestados sem contrato na Petrobrás.
O empresário afirmou à Polícia Federal que tinha R$ 7 milhões a receber da estatal por eventos realizados em corridas de Fórmula Indy, nos Estados Unidos, de divulgação da marca da estatal.
As suspeitas são que o dono da Muranno teria chantageado diretores da Petrobrás para que pagassem a dívida. Caso contrário, ele revelaria publicamente o esquema de fraudes na estatal. Villani nega.
NA DIRETORIA
“Foi procurado por Paulo Roberto Costa o qual indagou ao depoente se haveria possibilidade deste arcar com uma parte dos valores devidos pela Petrobrás à Muranno em razão de contratos irregulares”, consta do depoimento de Julio Camargo, feito no dia 29 de outubro.
“Após a solicitação de Paulo Roberto Costa, o declarante conversou com Armando Tripodi, chefe de gabinete de Sérgio Gabrielli o qual ressaltou a importância e a urgência em se resolver esse assunto o quanto antes. Para ele, a conversa “demonstrou a importância do pedido” feito pelo ex-diretor da estatal.
Julio Camargo prestou um segundo depoimento neste inquérito no dia 12 de janeiro. O lobista, que atuava em nome de grupos estrangeiros, como o japonês Mitsui, e de empreiteiras do cartel, como a Camargo Corrêa foi citado inicialmente nas delações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef – primeiros delatores do escândalo.
O DOLEIRO PAGOU
Julio Camargo diz que realizou o pagamento de aproximadamente R$ 1 milhão “para ajudar na quitação de tais dívidas e que a operação foi feita por Youssef.
Na quebra de sigilo bancário das firmas da lavanderia de dinheiro do doleiro, a força-tarefa da Lava Jato havia identificado o repasse de pelo menos R$ 1,6 milhão para a Muranno. Ouvido após fechar delação, o doleiro disse que cuidou do repasse de R$ 6 milhões no episódio, entre o final de 2010 e início de 2011.
O ano encerrava os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a disputa inaugural da presidente afastada Dilma Rousseff. “Foi procurado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, o qual comentou que teriam havido operações irregulares na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento”, contou Julio Camargo.
A Diretoria de Abastecimento era uma cota do PP, com um diretor apoiado pelo ex-presidente Lula e também, a partir de 2007, por membros da cúpula do PMDB, como o ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).
SEM APROVAÇÃO
Julio Camargo conta que ouviu de Costa que a Muranno foi contratada Petrobrás “sem a devida aprovação interna necessária”. “Por conta disso, não poderia arcar com tais gastos, vez que eles foram contratados de modo irregular.”
“Em razão das cobranças realizadas pela Muranno, teve a ideia de repassar tais custos aos partidos políticos ligados à Petrobrás, quais sejam: PP, PT e PMDB.”
Julio explicou que ouviu de Paulo Roberto Costa o pedido de repasse e a orientação de que o valor fosse descontado da conta informal do PT no caixa de propinas desviadas da Petrobrás. “O declarante disse que poderia ajudar Paulo Roberto Costa com tal questão, mas que iria ajudar individualmente, sem ficar encarregado de liquidar com a parte “devida” pelo PT.”
ELO COM O MENSALÃO
O inquérito da Muranno integra a frente de apuração da Lava Jato sobre suposta corrupção em contratos de publicidade e comunicação da Petrobrás. Essa apuração pode atingir outras áreas do governo e servir de novo elo com o escândalo do mensalão, acreditam investigadores.

18 de maio de 2016
Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo
Estadão

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