"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

LIDERANÇA EQUIVOCADA

Venho pensando muito sobre o fracasso institucional da Saúde, segmento que representa 9,5% do PIB brasileiro e que, ainda assim, é maltratado e sufocado pela má gestão, pela inércia, pela falta de consciência. 
Assistimos ao corte de bilhões no orçamento da área, enquanto o índice de desemprego sobe e as pessoas perdem seus planos de saúde – uma combinação insensata e destrutiva para o País.

Líderes apoderam-se de cadeiras administrativas como ponte para alcançarem objetivos pessoais, entre eles, cargos políticos. E, assim, isentam-se do compromisso com o que aprendem e com o que ainda precisam aprender.

É o caso do pai de família austero, repressor e intolerante, mas que fora de casa é desprovido de valores morais e não pratica o que ensina aos filhos.
O venal age da mesma forma: dentro da instituição, defende a governança corporativa, as regras claras para compra e venda de materiais e a ética. Nos bastidores, porém, desonra a própria palavra. Fala correto, mas não pratica o que diz.

Outro perfil que todos conhecemos, dentro e fora do setor, é o do arrogante. Esse é o sujeito que acredita que de tudo já viveu e aprendeu. 
Finge deter o conhecimento do qual todos seus pares e colegas carecem, propagando verdades, opiniões e ensinamentos definitivos. Arma-se de razão e imposição para proteger o próprio ego.

Esse tipo de atitude é uma praga que prejudica organizações em todos os mercados, mas penso em um fator que contagia particularmente – talvez exclusivamente – a dinâmica do nosso setor. 
É assim: hoje, o consumidor não sabe quem são as lideranças das empresas automobilísticas. Ele quer saber de desempenho, preço, características do produto. Na Saúde, não. Muitas vezes, o líder se torna maior do que a instituição.

Por que isso é necessariamente ruim? Não é, em uma primeira instância. A liderança carismática ajuda a impulsionar o negócio. Mas, depois, pode se tornar um amortecedor do desenvolvimento e um celeiro de vaidade. Uma liderança forte e contínua não depende de uma única pessoa, e a instituição precisa caminhar com as próprias pernas.

Na Saúde, o fracasso pode impor danos dramáticos ao resultado assistencial, não só do ponto de vista da recuperação do paciente, mas do acolhimento das pessoas. Por isso, o conhecimento é nossa fortaleza. 
Um recurso precioso, que deve ser absorvido e compartilhado de forma consistente e responsável. Afinal, ninguém deveria envergonhar-se do que ainda tem a aprender.


18 de maio de 2016
Francisco Balestrin é presidente do Conselho de Administração da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) e presidente eleito da Associação Mundial de Hospitais (IHF)

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