Indignado com a campanha difamatória que envergonha o Brasil no exterior, sob o falso argumento de que estaria ocorrendo um golpe no país, e revoltado com a tentativa de envolver até o Papa Francisco, o jurista Jorge Béja decidiu lhe enviar um e-mail pessoal, para esclarecer o que realmente está acontecendo.
Na mensagem, Béja explica que a presidente Dilma Rousseff está sendo afastada por decisão soberana do Congresso brasileiro, com base na Constituição Federal, em processo realmente democrático, com o mais amplo direito de defesa, que lhe tem sido garantido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Ou seja, o jurista brasileiro esclarece ao Papa que não houve o propagado “golpe parlamentar”, porque todo o processo do impeachment vem sendo realizado rigorosamente na forma da lei.
Béja conhece o Papa desde 2000, quando participou de um evento organizado pela Igreja Católica em Buenos Aires. Na ocasião o Cardeal Jorge Mario Bergoglio deu a Béja seu endereço, telefones e e-mail particular. Desde que o prelado argentino assumiu o Pontificado, os dois têm se comunicado pela internet, conforme foi revelado em 2013 pelo jornalista Ancelmo Gois.
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A ÍNTEGRA DA MENSAGEM AO PAPA
A ÍNTEGRA DA MENSAGEM AO PAPA
Francisco, Amigo Amado.
Que esta mensagem encontre o senhor na plena saúde, na santa paz e sempre e sempre iluminado pelo Divino Espírito Santo. Cristo é a cabeça da Igreja. E da Igreja, Francisco é o chefe dela aqui na Terra. A cada dia a humanidade roga a Deus Pai: “Oremus, pro Pontifice nostro Francisco. Dominus conservet eum. Et vivificet eum et beatum faciat, eum in terra et non tradat eum in manibus inimicorum eius. Tu es Petrus, et super hanc Petram aedificabo Ecclesiam meam”.
No último 23 de abril este seu amigo cumpriu 70 anos de vida. Setenta anos dizendo e repetindo a cada dia: ó Senhor! a seara é imensa, enviai operários, Senhor. Que na terra ao sol vivo de crença façam sempre florir vosso amor! Isto porque, Amado Francisco, sabemos todos que muitas almas se perdem e sofrem no mundo, almas de vida imortal, porque neste caos tão profundo, não tiveram a luz de um fanal.
Todos nós brasileiros e todos os nossos irmãos por todo o mundo sentem e devotam a Francisco um verdadeiro e puro amor filial, sejam jovens, sejam anciãos. Sejam crédulos, sejam incrédulos. Sejam fortes e com saúde, sejam combalidos e enfermos. Quando se comenta e fala sobre o Papa Francisco, surge a unanimidade. Ao senhor Pontífice todos recorrerem, sobre todos os assuntos. É por causa de sua doçura enérgica. É porque, verdadeiramente, veio chefiar a nossa Igreja como Cristo desejou que Ela fosse chefiada: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e nenhuma outra força prevalecerá contra Ela.
No início deste ano de 2016 fui tocar piano em um presídio aqui no Rio de Janeiro. Na plateia, cerca de 300 detentos. Faço isso com muito prazer e alegria. Mas alegria mesmo foi quando vi quadros com a fotografia do Papa Francisco dentro do refeitório e de muitas celas (cubículos).
Se o sistema carcerário do nosso Brasil não regenera nem recupera aquele que contribuiu para o desequilíbrio social, se os nossos governantes não dispensam aos detentos os cuidados e atenções para que voltem ao seio da comunidade inteiramente recuperados, eles não perderam a fé. Eis o significado do retrato de Francisco afixado nas paredes
Por falar no Brasil, nosso país vive o auge da democracia. O Brasil é um estado democrático de direito. O momento por que passa o país é a maior prova do respeito às instituições públicas. E cada um dos três Poderes cumpre sua missão constitucional. Apesar dos infortúnios que decorrem da corrupção que agentes públicos cometem, só ou em conluio (conivência) com pessoas que estão fora do poder, as autoridades judiciárias e judiciais se fazem presentes para a aplicação das leis.
Não me parece justo, próprio e devido, que brasileiros falem mal do Brasil. Sabemos que o Papa Francisco a todos ouve, pacientemente. A todos recebe, candidamente. O Brasil é uma democracia jovem. Gerações presentes e futuras muito têm que aprender. O lema da bandeira brasileira é “Ordem e Progresso”.
Esta transição que o Brasil atravessa é ordeira. É absolutamente legal e segue a Constituição Federal. Tudo vem sendo acompanhado, rigorosamente examinado e decidido pelos 11 ministros que integram a Suprema Corte da Justiça brasileira, que é o Supremo Tribunal Federal.
Se a nossa presidente da República, democraticamente reeleita pelo povo, ao final do processo de Impeachment voltar ao exercício do poder ou deste for definitivamente afastada, é porque os representantes do povo, também eleitos pelo povo, assim decidiram. Eis a democracia sem golpe, sem trapaça, sem fraude, sem confronto, sem enfrentamento, sem guerra intestina… sem um tiro sequer.
Amado Pontífice, segue em anexo a carta que Alexis Peña-Alfaro, sacerdote católico ortodoxo, da Igreja Ortodoxa Sérvia no Brasil pediu que enviasse ao senhor. O padre Peña-Alfaro é leitor do jornal Tribuna da Internet e endereçou a carta ao nosso editor, jornalista Carlos Newton, rogando que fizesse chegar, por meu intermédio, à atenção do Pontífice Francisco. É o que faço. Em sinal de respeito, confesso que não li a carta.
Com votos de muita saúde e paz, despeço-me por hoje. Oremus pro Pontifice nostr Francisco. Dominus conservet eum et vivificet eum. Et beatum faciat. Eum in terra. Et non tradat eum in manibus inimicorum eius. Amem. Amem.
Jorge (Jorge Béja), seu amigo desde Buenos Aires.
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UMA AMIZADE INICIADA NO ANO 2000
UMA AMIZADE INICIADA NO ANO 2000
Carlos Newton
O jurista Jorge Béja me contou ter conhecido o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio no ano 2000, num congresso de ex-alunos beneditinos e jesuítas em Buenos Aires. Béja foi um dos representantes do Brasil, na condição de ex-aluno do Colégio São Bento.
No último dia do encontro, no Teatro Colón, com a plateia superlotada, houve um espetáculo a cargo dos músicos que participaram do evento. Béja, que é pianista clássico, foi o último a se apresentar. Após executar dois números, quando se curvava para agradecer aos aplausos, um dos espectadores lhe estendeu um pedaço de papel. Nele estava escrito apenas “Clair de Lune”. Béja conhecia bem a peça de Claude Débussy, voltou ao piano e a interpretou, encerrando a apresentação, aclamado pelo público.
Logo depois, Béja estava na sala de recepção do teatro, quando dele se aproximou um religioso, e o jurista brasileiro viu logo se tratar de um bispo, pois vestia terno escuro, com colarinho romano e solidéu vermelho.
O bispo então revelou ter sido ele quem pedira a música e agradeceu a execução. Disse que também se chamava Jorge e era o Arcebispo de Buenos Aires. Antes de sair, deu a Béja endereço, telefones e e-mail.
Quando o cardeal argentino foi eleito Papa, Béja lhe mandou um e-mail para cumprimentá-lo, e ele respondeu lá do Vaticano, agradecendo a mensagem e lembrando a apresentação no Teatro Colón. De lá pra cá, têm sido muitas trocas de e-mails.
“Tenho todas as mensagens arquivadas. A todas ele responde. No começo, respondia um ou dois dias depois. Com o passar do tempo, passou a demorar, às vezes até 20 ou 30 dias. Mas sempre responde”, disse Béja, assinalando que não se pode admitir que o Brasil continue a ser difamado no exterior e o Papa precisa estar ciente do que realmente está acontecendo.
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PS –Ao fazer este relato, Jorge Béja me informou que o Papa Francisco passou a ler a Tribuna da Internet, para saber notícias do Brasil, vejam só que grande honra para todos nós que participamos da TI, como comentaristas e leitores. O Papa Francisco, sem a menor dúvida, é a mais importante personalidade do mundo contemporâneo, e todos precisam apoiar seu incessante esforço para modernizar a Igreja Católica e congregar as demais religiões, porque todos os caminhos ainda podem nos levar a Roma. (C.N.)
PS –Ao fazer este relato, Jorge Béja me informou que o Papa Francisco passou a ler a Tribuna da Internet, para saber notícias do Brasil, vejam só que grande honra para todos nós que participamos da TI, como comentaristas e leitores. O Papa Francisco, sem a menor dúvida, é a mais importante personalidade do mundo contemporâneo, e todos precisam apoiar seu incessante esforço para modernizar a Igreja Católica e congregar as demais religiões, porque todos os caminhos ainda podem nos levar a Roma. (C.N.)
18 de maio de 2016
Carlos Newton
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