Michel Temer despacha todos os dias no escritório do impeachment. No momento, a prioridade é ter maioria no PMDB, uns dois terços, por aí, equivalente à quantidade de votos bastante para abrir o processo de deposição de Dilma Rousseff na Câmara. Dado o exemplo dentro de casa, fica mais fácil conquistar partidos amigos da onça do governo, essa coisa que Brasília chama pelo nome cafona de "base aliada" (coalizão).
Esse é o plano lento, gradual e seguro do fechamento do cerco à presidente, dizem um peemedebista graduado e dois líderes parlamentares da oposição que conversam com Temer, um diálogo agora sistemático. O fato de o governo tentar comprar peemedebistas irrita ainda mais um PMDB cada vez mais na oposição aberta.
No PT, pelo menos nos comandos paulistas, do Instituto Lula à direção, o desânimo cresce. Alguns petistas dizem não entender tamanha desmobilização, pois o país ainda está dividido -há pelo que combater ainda. No entanto, Lula está quase quieto. Nem o PT paulista nem a direção nacional organizaram um plano de defesa de Dilma Rousseff.
A desintegração não para por aí.
Parece agora um tanto disparatado tratar de política econômica, até porque propriamente não existe mais tal coisa no governo de Dilma. Mesmo assim, a presidente, mais que de costume tardia e alienada da realidade, resolve dizer que ainda está indecisa a respeito de seu plano de fantasia para o ano que vem.
Trata-se de definir qual seria a meta de poupança do governo federal para 2016, o superavit primário. Se por mais não fosse, tal indefinição deve levar a uma degradação do crédito do governo logo no início do ano, mais fogo no caldeirão das bruxas em que Dilma Rousseff e o país se dissolvem.
No ambiente de hoje, é algo assim como se o rei estivesse a decidir se pinta o castelo de roxinho caixão ou fúcsia psicodélico. Os ministros da economia ainda disputam a decisão, se superavit quase zero ou de 0,7% do PIB. No que resta de material nesse debate, os ministros digladiam-se mais pelo sinal que seria dado ao "mercado" do que pelo realismo da meta, na qual ninguém acredita desde já (as previsões são de rombo feio em 2016).
Ainda assim, nessa luta restante, o ministro da Fazenda espalha recados de que dá o fora se for voto vencido. Se valer apenas a contagem de votos, Joaquim Levy já está vencido. Há no governo desde gente que defende uma "virada responsável à esquerda" até aqueles para quem Levy é agora apenas irrealista. É mais desgoverno, desorientação.
Por que descrédito ainda maior em metas fiscais? Com o fim do ano na esquina, mal se conhece o tamanho do rombo de 2015, menos ainda a dimensão da desgraça político-econômica que vai se abater de novo sobre o PIB e a receita de impostos. Menos ainda se dá crédito a um governo de Dilma Rousseff, que fraudou a contabilidade pública e gastou o que não tinha ou, legalmente, não podia, em parte por incompetência grossa, em parte a fim de mentir para o público e vencer a eleição.
Sabe-se muito pouco do que vai ser de PIB e impostos em 2016, verdade. O que interessa aqui é a firme impressão, digamos, de que não dá para confiar nas promessas ou no discernimento da presidente e de que o governo se desintegra.
13 de dezembro de 2015
Vinicius Torres Freire
Esse é o plano lento, gradual e seguro do fechamento do cerco à presidente, dizem um peemedebista graduado e dois líderes parlamentares da oposição que conversam com Temer, um diálogo agora sistemático. O fato de o governo tentar comprar peemedebistas irrita ainda mais um PMDB cada vez mais na oposição aberta.
No PT, pelo menos nos comandos paulistas, do Instituto Lula à direção, o desânimo cresce. Alguns petistas dizem não entender tamanha desmobilização, pois o país ainda está dividido -há pelo que combater ainda. No entanto, Lula está quase quieto. Nem o PT paulista nem a direção nacional organizaram um plano de defesa de Dilma Rousseff.
A desintegração não para por aí.
Parece agora um tanto disparatado tratar de política econômica, até porque propriamente não existe mais tal coisa no governo de Dilma. Mesmo assim, a presidente, mais que de costume tardia e alienada da realidade, resolve dizer que ainda está indecisa a respeito de seu plano de fantasia para o ano que vem.
Trata-se de definir qual seria a meta de poupança do governo federal para 2016, o superavit primário. Se por mais não fosse, tal indefinição deve levar a uma degradação do crédito do governo logo no início do ano, mais fogo no caldeirão das bruxas em que Dilma Rousseff e o país se dissolvem.
No ambiente de hoje, é algo assim como se o rei estivesse a decidir se pinta o castelo de roxinho caixão ou fúcsia psicodélico. Os ministros da economia ainda disputam a decisão, se superavit quase zero ou de 0,7% do PIB. No que resta de material nesse debate, os ministros digladiam-se mais pelo sinal que seria dado ao "mercado" do que pelo realismo da meta, na qual ninguém acredita desde já (as previsões são de rombo feio em 2016).
Ainda assim, nessa luta restante, o ministro da Fazenda espalha recados de que dá o fora se for voto vencido. Se valer apenas a contagem de votos, Joaquim Levy já está vencido. Há no governo desde gente que defende uma "virada responsável à esquerda" até aqueles para quem Levy é agora apenas irrealista. É mais desgoverno, desorientação.
Por que descrédito ainda maior em metas fiscais? Com o fim do ano na esquina, mal se conhece o tamanho do rombo de 2015, menos ainda a dimensão da desgraça político-econômica que vai se abater de novo sobre o PIB e a receita de impostos. Menos ainda se dá crédito a um governo de Dilma Rousseff, que fraudou a contabilidade pública e gastou o que não tinha ou, legalmente, não podia, em parte por incompetência grossa, em parte a fim de mentir para o público e vencer a eleição.
Sabe-se muito pouco do que vai ser de PIB e impostos em 2016, verdade. O que interessa aqui é a firme impressão, digamos, de que não dá para confiar nas promessas ou no discernimento da presidente e de que o governo se desintegra.
13 de dezembro de 2015
Vinicius Torres Freire
Nenhum comentário:
Postar um comentário