Uma entre muitas preciosidades pode ser pinçada do imperdível livro de Domingos Meireles, “As Noites das Grandes Fogueiras”, detalhado relato da primeira revolução de São Paulo, em 1923, e da Coluna Prestes, sua sequência inevitável. O autor fala da missão econômica que a Inglaterra enviou ao Brasil em dezembro daquele ano, integrada por notáveis do Banco de Londres, cujo objetivo era manter nosso país subordinado aos interesses da Pérfida Albion, como se fossemos mais uma de suas colônias.
Nas sugestões que singularmente chamavam de inclusão do Brasil na “modernidade”, os economistas britânicos exigiam o combate ao déficit fiscal, o equilíbrio nas contas públicas, a redução no quadro de funcionários públicos com demissões em massa, o drástico corte nas pensões e aposentadorias, a venda ou arrendamento de bens de propriedade do Estado como estímulo para a entrada de investimentos externos, sendo o capital estrangeiro essencial ao nosso desenvolvimento, a privatização das principais empresas estatais, do Lloyd Brasileiro à Estrada de Ferro Central do Brasil,a venda das ações do Banco do Brasil a bancos externos. E mais: a transferência do patrimônio público para investidores estrangeiros,a exploração de serviços públicos pela iniciativa privada, a indústria siderúrgica entregue ao capital privado e uma economia de livre mercado sem qualquer ingerência do Estado.
A conclusão: para crescer e ser uma grande nação o Brasil precisava abrir definitivamente suas portas ao capital estrangeiro, sem qualquer tipo de restrição.
A gente fica pensando se mudou alguma coisa, além da evidência de não ser apenas a Inglaterra a apontar rumos para nossa economia. E com o agravante de o PMDB haver pegado carona nessa estranha receita. Porque o documento assinado por Michel Temer, Moreira Franco e outros “ingleses” segue à risca as imposições anteriores. Curiosa, pelo menos, a coincidência é. Pior ficará com a entrada de Henrique Meirelles no palco, caso ele consiga carta branca para dirigir a economia nacional sem interferência da presidente Dilma.
À ESPERA DA BOLA DA VEZ
O massacre verificado em Paris na noite de sexta-feira aumenta a intranquilidade no planeta. Qual será o próximo alvo dos animais que já atingiram Nova York, Londres, Madri e outras capitais? Chegará a hora e a vez do Hemisfério Sul?
15 de novembro de 2015
Carlos Chagas
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