Eles percebem o perigo. E nós, enxergamos a oportunidade? Dois jornalistas e dois generais. Essas são as peças de um pequeno quebra-cabeças que vamos montar para demonstrar, pela enésima vez, algo em que temos insistido nos últimos artigos: ou a Direita aproveita a oportunidade que a História lhe oferece nos próximos 24 meses, ou o Brasil afunda na anarquia, na haitização ou na guerra civil.
Não vou dizer o nome dos jornalistas. Não há necessidade, pois correspondem aos estereótipos da classe: odeiam os militares. Quanto aos generais: um da ativa, gen. Mourão, ex-Comandante Militar do Sul o outro, gen. Carlos Augusto Fernandes dos Santos, reformado.
A coisa começou há algumas semanas, quando o gen. Mourão, em palestra a alunos do CPOR de Porto Alegre, advertiu sobre a corrupção e a esbórnia geral da política brasileira, tão graves que ameaçam a estabilidade das instituições.
FALAR DE POLÍTICA…
Entra a primeira jornalista. Em artigo publicado num jornalão, ela enquadrou o gen. Mourão por ter-se atrevido – vejam a audácia! – a falar de política. Segundo ela, militares não podem dar palpites porque “o Brasil avançou muito nos últimos trinta anos. (…) Escolhemos a democracia e a volta dos militares aos quartéis. Definítivamente.”
O gen. Carlos Augusto tomou a defesa do gen. Mourão. Segundo ele, a jornalista “quer chefes militares fracos, como freiras enclausuradas no castro, alienados dos aspectos políticos (…). Chefes eunucos, desprovidos de indignação e honra, que continuem bovinamente assistindo ao país despencar ladeira abaixo, na senda da roubalheira descarada, conduzida por políticos desprezíveis e bandidos que frequentam o esgoto da política, sem qualquer manifestação de inconformidade. Generais são líderes e têm responsabilidades e a história pátria está cheia de exemplos.” E continuou:
“O que incomoda a jornalista e sua grei política é ver surgir nova liderança nas Forças Armadas, embasada em alicerces e princípios morais e éticos inatacáveis. O Brasil anseia por governantes com esse perfil e com essa coragem.”
SONHO DE MUDANÇAS
“Tenho certeza que parcela expressiva da humilde e necessitada população brasileira aspira por mudanças e acalenta o sonho de voltar a ser conduzida por homens honrados. Não aceitam mais corruptos e políticos medíocres que, usando as chicanas da esperteza, só buscam benefício próprio”, disse o gen. Carlos Augusto, acrescentando:
“A palestra proferida pelo gen. Mourão sugere o nascimento de nova liderança militar. A decisão do marechal Castelo Branco, de limitar o tempo de permanência dos generais no serviço ativo, retirou dos quarteis as nefastas discussões político-partidárias e terminou de vez com caudilhos militares, mas deixou, entretanto, uma séria lacuna: o desaparecimento de lideranças militares autênticas e competentes, tão necessárias nos desastrosos e trágicos dias vividos pelo país.”
Poucos dias depois, o Ibope publicou nova pesquisa de intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018. Resultado: forte aumento da rejeição aos principais nomes cotados para disputar a sucessão de Dilma: Inácio, 55% Aécio, 47% Marina, 50% Alckmin, 52% Serra, 54%. Rejeição significa: “não voto nele de jeito nenhum”. Do outro lado, da aprovação (eleitores que com certeza votarão no candidato), a coisa continua ruim para todos: Inácio, 23% Aécio, 15% Marina, 11% Serra, 8% Alckmin, 7%.
AUMENTO DA REJEIÇÃO
Nesse ponto, entra o segundo jornalista. No seu blog na Internet, ele avisa: “O dado mais significativo apontado pelo Ibope mostra que o aumento da rejeição das principais lideranças políticas do País é generalizado, com a queda da popularidade de Lula não beneficiando nenhum dos possíveis candidatos da oposição.”
E conclui, alarmado: “O levantamento reflete o crescente descontentamento da população com a classe política, sem que surjam novas lideranças nos grandes partidos. É um cenário favorável ao aparecimento de candidatos radicais nos extremos do espectro partidário, que se apresentam nestas horas como “salvadores da pátria”, sempre um perigo para a democracia.”
Juntemos as peças. Será que se encaixam? Dum lado, o fato incontestável: dentro da esculhambação geral, as Forças Armadas são vistas como única instituição confiável. Doutro lado, o eleitorado rejeita todos os políticos chapa-branca, quer sejam da quadrilha no poder ou da falsa oposição.
FALEMOS SEM RODEIOS
Ora, se o povo admira os militares e neles deposita suas esperanças, mas a constituição de 1988 o obriga a escolher nomes que ele, povo, rejeita, a única saída seria – falemos sem rodeios – o golpe militar. Mas os militares não querem nem ouvir falar disso.
Existe solução? Está na cara: um candidato com possibilidades de se eleger dentro das normas da constituição, mas identificado com os militares.
Parafraseando o Manifesto Comunista de 1848: um fantasma assusta a República Federativa de Bruzundanga: o fantasma do Bolsonaro. (artigo enviado por Adriano Magalhães)
15 de novembro de 2015
A.C. Portinari Greggio
Jornal Inconfidência (MG)
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