Em função da flagrante derrocada do governo Dilma Rousseff, a política brasileira está se tornando uma das atividades mais estranhas e esquisitas da humanidade. Sabe-se que o ex-presidente Lula está mais ou menos de volta ao poder. No caso, mais ou menos quer dizer que Lula dá pitacos nos principais assuntos, manda Dilma fazer isso ou aquilo, mas ela só obedece quando quer, porque a caneta oficialmente ainda lhe pertence e faz uso dela como e quando quiser.
Por exemplo: Lula lhe ordenou que tirasse os ministros Aloizio Mercadante e Pepe Vargas do comando da articulação política. Dilma disse que sim, prometeu atender, mas foi empurrando a decisão para frente, não mudou nada e o governo vai continuar se relacionando precariamente com a base aliada, que na verdade já nem existe mais.
Porém, Lula gostou que Dilma tenha nomeado o ex-deputado Edinho Silva para a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, mas isso também não muda nada e o governo vai continua sem recuperar a popularidade perdida, até porque não há mais a menor possibilidade de reverter a queda da aprovação, por causa do inexorável agravamento da crise política, econômica, administrativa e… ética.
UMA POLÍTICA CONFUSA
A grande novidade agora é a tentativa de reabilitação do ex-ministro Antonio Palocci, que passou a ser participante assíduo das discussões mais amplas promovidas pelo Instituto Lula em busca de uma solução para a atual crise.
Reportagem de Catia Seabra e Marina Diaz, na Folha, mostra que nos últimos quinze dias Palocci participou de ao menos três encontros a convite de Lula. Segundo as jornalistas, o ex-ministro seria apontado como “uma ponte informal do governo com a classe média e o empresariado”, o que representa uma justificativa muito esdrúxula, digamos assim. Palocci com o empresariado, tudo a ver, dado o sucesso dele como “consultor”. Mas com a classe média, francamente…
EM MEIO A DENÚNCIAS
Essa volta de Palocci coincide justamente com o surgimento de denúncias de seu envolvimento no esquema da Petrobras. O ex-ministro foi acusado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, de ter pedido recursos para a campanha de Dilma em 2010, através do doleiro Alberto Youssef. A revista IstoÉ deu uma vasta matéria sobre o assunto, mas Lula não costuma ler o que a imprensa divulga…
O mais estranho é que, ao mesmo tempo em que tenta reabilitar Palocci, Lula se recusa a falar com José Dirceu, também já envolvido no esquema da Petrobras.
Não dá mesmo para entender. E tudo isso demonstra que no novo governo Lula Rousseff as coisas funcionam sem pé nem cabeça, uma confusão total, em clima de surrealismo puro.
02 de abril de 2015
Carlos Newton
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