"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

CAUTELA TARDIA DOS BANCOS CONTRA LAVAGEM DE DINHEIRO



Reportagem publicada no “Valor Econômico” nesta sexta-feira (27), sob o título “Bancos fecham contas onde seja possível lavar dinheiro“, revela que os bancos brasileiros se mobilizam para implementar mudanças drásticas em seus controles internos responsáveis por mapear e evitar operações de lavagem de dinheiro.
Segundo o texto das jornalistas Vanessa Adachi e Carolina Mandl, “o tema entrou no radar muito antes de a Operação Lava Jato jogar gasolina no assunto. As leis de lavagem de dinheiro e anticorrupção aumentam o risco de responsabilização dos bancos em caso de crimes de lavagem”.
A julgar por fatos já divulgados no Blog Interesse Público, a providência oficial e a cautela dos bancos parecem chegar com bastante atraso.
BANESTADO
A Lava Jato tem origem no “laranjal” descoberto lá atrás nas operações do Banestado. Por sua vez, os “mensalões” –petista e tucano– confirmaram que o Banco Rural manteve a prática de usar “contas fantasmas”, distorção identificada lá atrás nas investigações envolvendo as malfeitorias de PC Farias, tesoureiro da campanha de Collor.
No Banestado, doleiros – entre os quais Alberto Yousseff – faziam depósitos milionários em contas de laranjas. Um desempregado, por exemplo, depositou R$ 15 milhões. A abertura dessas contas tinha a concordância dos gerentes das agências.
Em sua defesa, Benedito Barbosa Neto, ex-gerente do Banestado, afirmou à Folha que o Banco Central foi “permissivo”. “O BC fez mudanças na lei, permitindo que qualquer pessoa fizesse depósitos em contas CC5 sem exigir comprovação da capacidade financeira”, afirma.
“O BC poderia bloquear as operações a qualquer momento, mas não fez isso”, disse o ex-gerente do Banestado.
BENEVOLÊNCIA
Em novembro de 1999, reportagem deste editor, publicada na Folha, mostrou como o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro, o chamado “Conselhinho”, espécie de junta de conciliação formada por representantes do governo e de entidades do mercado, foi benevolente ao julgar recursos de punições aplicadas pelo BC contra bancos e dirigentes financeiros.
A reportagem revelou que “foram praticamente absolvidos pelo ‘conselhinho’ dirigentes do Banco Rural, instituição envolvida na criação de ‘contas fantasmas’ no escândalo PC Farias”.
O então representante da Febraban no “Conselhinho” votou pelo arquivamento num caso do Banco Rural em que houve “a movimentação de vultosas quantias, inclusive em espécie e fora do horário normal de funcionamento dos bancos”.
Para o “Conselhinho”, não houve dolo. A inabilitação de quatro administradores do banco, punição aplicada pelo BC, virou multas inexpressivas

02 de abril de 2015
Frederico Vasconcelos
Blog Interesse Público

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