Eu acho até normal que muitos direitistas sejam adeptos da intervenção militar. Assim como muitos esquerdistas são adeptos da tomada de poder pela força, a la Fidel Castro.
O mais grotesco, no entanto, é que essa parte da direita declara sua crença vergonhosa em público, enquanto quase todos os esquerdistas a escondem.
Os esquerdistas omitem suas intenções (e vão conquistando o poder totalitário aos poucos, para lá no fim dar no mesmo), por que sabem que suas declarações de endosso à ditadura esquerdista só serviriam para atrapalhar seus objetivos. Os intervencionistas da direita não conseguem ter o mesmo nível de percepção da realidade.
A presença do pensamento totalitário é um fenômeno que traduz o seguinte fato: uma parcela das pessoas não respeita a liberdade alheia. Esse fenômeno, como já disse, é pervasivo tanto na direita como na esquerda. Mas só a direita fascista não percebe o quanto se prejudicam politicamente ao declarar suas vergonhas em público.
Observe que não estou defendendo intervenção militar da direita ou revolução armada da esquerda. Estou apenas considerando um padrão: repito que há um percentual de pessoas de cada lado que efetivamente não respeita a liberdade alheia. Infelizmente, nós somos obrigados a conviver com eles, pois até quem não respeita a liberdade alheia deve ter o direito de se expressar, enquanto os defensores da liberdade devem ter o mesmo direito de contradizer estes argumentos.
Por essa perspetiva, há várias perguntas a serem feitas aos intervencionistas. O que os leva a não ter o mesmo nível de percepção da esquerda do quanto é problemático politicamente declarar em público desprezo pela liberdade alheia? Eles realmente acreditam que não dão tiros no pé ao falar em um procedimento não democrático? Em público? Que tipo de sensações eles esperam evocar ao falar em “colocar tanques na rua”?
Se eles respondessem honestamente – honestamente mesmo – a essas perguntas, eles próprios concluiriam que o discurso intervencionista deveria ser tratado como lepra política. Ao mesmo tempo, essa direita totalitária e, por que não, fascista (tanto como a esquerda fascista), poderia elaborar formas dissimuladas de chegar ao poder, sem usar discursos de intervenção. Poderiam fazer exatamente igual fazem os petistas. Tanto a direita democrática como a direita totalitária ganhariam com isso. E poderíamos, aos poucos, até vê-los desistir de implementar uma ditadura.
Enfim, o problema não é tanto que eles ambicionem o totalitarismo. Grupos assim são inerentes aos dois lados do embate. O problema é que ao declararem em público suas intenções totalitárias os intervencionistas agem como crianças políticas, enquanto os esquerdistas, que possuem até mais pessoas querendo o totalitarismo, jamais cometerão o mesmo erro.
Há quem diga que eu “desrespeito intervencionistas”. Não, eu respeito a todos os direitistas, mesmo os que falem coisas absurdas. Eu acho que com o aumento da conscientização política podemos vencer os totalitários dissimulados da esquerda. E poderíamos até vencer os totalitários dissimulados da direita. O problema é que estes da direita não são dissimulados, e professam em público o que querem, como faria uma criancinha de 7 anos. No fim, eu torço para que o poder fique na mão dos democratas de cada um dos lados.
Uma pena que agindo no estilo “eu falo o que eu sinto, e dane-se a estratégia política” os intervencionistas sempre serão um batalhão de propaganda inconsciente da extrema esquerda.
17 de abril de 2015
Luciano Henrique
ceticismo político
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