No auge da "brasilmania", há apenas cinco anos, o país era visto como candidato a superpotência energética. Entusiasmo compreensível. Tesouros do pré-sal prenunciavam o Brasil extraindo 6 milhões de barris/dia em 2022. Saltaríamos da 13ª para a 4ª posição entre os maiores produtores mundiais de petróleo.
Ricas reservas de água convidam à hidreletricidade. Pioneiro na energia alternativa, particularmente o biocombustível, o país conta motores flex em 8 de cada 10 automóveis. Imenso patrimônio eólico e fotovoltaico.
Hoje, o desempenho energético brasileiro decepciona. Como em tantas pontas da vida nacional, o problema não é potencial –mas gestão e estratégia.
Na última década, o país teve toda a condição de robustecer sua infraestrutura energética. O vento de expansão da demanda global por commodities soprava a favor. Também na energia, o Brasil não aproveitou "bons tempos para implementar boas políticas".
Critérios sazonais sempre afetam a todos. Deve haver, contudo, clara divisão entre meteorologia, administração "política" e segurança energética.
No âmbito dos Brics, conjuntura e estratégia em torno da energia se entrelaçam de forma desafiadora.
A Rússia ainda é a maior produtora de petróleo e gás. Isso não lhe coloca problemas para o abastecimento interno, embora sua receita exportadora seja fortemente impactada pelo baixo preço internacional das commodities energéticas.
Os chineses trabalham cada vez mais por modalidades múltiplas de energia para o gigantesco parque industrial. "Clonaram" experiências brasileiras na construção de hidrelétricas. São atualmente os maiores importadores de petróleo do Oriente Médio. E também os maiores investidores mundiais em energia do vento e do sol.
Pequim e Moscou firmaram acordo de fornecimento de gás em 2014, de meio trilhão de dólares. Foi uma negociação arrastada por dez anos –e concluída graças à necessidade russa de ampliar parcerias, já que sofre pesadas sanções do Ocidente pela anexação da Crimeia.
A Índia beneficia-se imensamente do petróleo barato -uma das razões da excitação que o país suscita nos mercados internacionais.
O desconto na fatura energética ajudará a Índia a superar o crescimento chinês em termos percentuais já neste ano. Num grande resumo, pode-se dizer que desde o fim da Segunda Guerra o mundo testemunhou quatro milagres econômicos: o reerguimento de Alemanha e Japão e a ascensão dramática de China e Coreia do Sul.
Todos esses exemplos contaram com políticas especiais de fornecimento e utilização de insumos energéticos. Todos tiveram na indústria a espinha dorsal de sua arremetida econômica.
Dá para concluir que política energética voltada à harmonização da capacidade internacional de competir é irmã gêmea da industrialização. E exemplos de êxito dos últimos 70 anos mostram que industrialização vem de mãos dadas com crescimento econômico.
Na energia, barbeiragens no planejamento e na execução impedem que nosso superpotencial nos converta numa superpotência.
Ricas reservas de água convidam à hidreletricidade. Pioneiro na energia alternativa, particularmente o biocombustível, o país conta motores flex em 8 de cada 10 automóveis. Imenso patrimônio eólico e fotovoltaico.
Hoje, o desempenho energético brasileiro decepciona. Como em tantas pontas da vida nacional, o problema não é potencial –mas gestão e estratégia.
Na última década, o país teve toda a condição de robustecer sua infraestrutura energética. O vento de expansão da demanda global por commodities soprava a favor. Também na energia, o Brasil não aproveitou "bons tempos para implementar boas políticas".
Critérios sazonais sempre afetam a todos. Deve haver, contudo, clara divisão entre meteorologia, administração "política" e segurança energética.
No âmbito dos Brics, conjuntura e estratégia em torno da energia se entrelaçam de forma desafiadora.
A Rússia ainda é a maior produtora de petróleo e gás. Isso não lhe coloca problemas para o abastecimento interno, embora sua receita exportadora seja fortemente impactada pelo baixo preço internacional das commodities energéticas.
Os chineses trabalham cada vez mais por modalidades múltiplas de energia para o gigantesco parque industrial. "Clonaram" experiências brasileiras na construção de hidrelétricas. São atualmente os maiores importadores de petróleo do Oriente Médio. E também os maiores investidores mundiais em energia do vento e do sol.
Pequim e Moscou firmaram acordo de fornecimento de gás em 2014, de meio trilhão de dólares. Foi uma negociação arrastada por dez anos –e concluída graças à necessidade russa de ampliar parcerias, já que sofre pesadas sanções do Ocidente pela anexação da Crimeia.
A Índia beneficia-se imensamente do petróleo barato -uma das razões da excitação que o país suscita nos mercados internacionais.
O desconto na fatura energética ajudará a Índia a superar o crescimento chinês em termos percentuais já neste ano. Num grande resumo, pode-se dizer que desde o fim da Segunda Guerra o mundo testemunhou quatro milagres econômicos: o reerguimento de Alemanha e Japão e a ascensão dramática de China e Coreia do Sul.
Todos esses exemplos contaram com políticas especiais de fornecimento e utilização de insumos energéticos. Todos tiveram na indústria a espinha dorsal de sua arremetida econômica.
Dá para concluir que política energética voltada à harmonização da capacidade internacional de competir é irmã gêmea da industrialização. E exemplos de êxito dos últimos 70 anos mostram que industrialização vem de mãos dadas com crescimento econômico.
Na energia, barbeiragens no planejamento e na execução impedem que nosso superpotencial nos converta numa superpotência.
17 de abril de 2015
Marcos Troyjo
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