Escrever é meritório para ajudar as pessoas. Sempre que escrevo, e quando escrevo, mesmo com críticas, procuro colocar no meu GPS mental essas coordenadas. Reconheço que esqueço e cometo erros, escrevo muito, e os planetas rodam em volta lançando suas tendências, sempre variadas. No fundo, porém, existe uma convicta vontade de procurar o melhor.
Os erros geram atrasos. Eliminá-los é a coisa melhor. São complicadores nessas circunstâncias o orgulho e a vaidade de quem erra. Isso é um grave fator que anula a oportunidade de serenamente enxergar a via da superação.
Assimilar a crítica é bem melhor que defender o erro. É preciso bastante coragem para expor à luz do sol o que está submerso. Tarefa ingrata quando poderosos, acostumados apenas a escutar elogios e neles se acomodar, são atingidos. O ouvido de um poderoso repousa a escutar um bajulador e pode se irritar em escutar a crítica.
TIRAR VANTAGEM
A figura do bajulador, normalmente, se importa apenas em tirar vantagem para si de qualquer situação e já sabe que, quando a sorte do poderoso definhar, voltará suas atenções para outro. Ele aumenta a incompreensão, defende e atiça o revanchismo e lança pétalas de rosas sobre o bajulado.
O desatento perde, assim, a oportunidade de tirar proveito e de seguir adiante com a lição assimilada.
UM TUMOR CURÁVEL
O erro, afinal, é como um tumor que, extirpado no início, será curado. A boa crítica é o diagnóstico do erro. A melhor crítica vem acompanhada de um receituário de cura.
O ser humano desapegado, tendencialmente sensato, aproveita-se da crítica, reconhece os enganos dos bajuladores, livra-se deles e vê o lado positivo do aconselhamento, como o do bisturi, que dói, corta, mas cura. O apegado, ao contrário, se considera diminuído e recorre à vingança. Nero mandou Sêneca, seu professor que o criticou, cortar suas veias para escapar da espada. A vingança fica esculpida e dolorosamente volta para cobrar a conta.
Pior que o erro é defender o erro, como defender um tumor que já se sabe ser fatal. Desperdiça-se uma vida que poderia chegar a alturas maiores.
10 de fevereiro de 2015
Vittorio Medioli
O Tempo
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