Ao ver que Dilma e PT prometerem "mudança" depois de 12 anos de governo, eu me lembro das palavras de uma professora de matemática: "João, você teve o ano todo para estudar, mesmo assim não tirou nenhuma nota acima de 3 e quer que eu acredite que na prova de recuperação, que envolve a matéria do ano todo, você vai tirar 7?”. Entendi seu raciocínio.
Considerando as palavras de Kafka – “Um cretino é um cretino; dois cretinos são dois cretinos, dez mil cretinos são um Partido Político” -, baseado em quê deveríamos confiar que o PT mudaria a si mesmo? A partir das eleições, seus ideais seriam revistos?
A forma como enxergam as relações entre Estado, sociedade e mercado, seria transformada? Os desvios de seus líderes seriam substituídos por virtudes transcendentais? Demagogia daria lugar à coerência? Discursos dariam lugar á trabalho?
Desejos dariam lugar a projetos? Todos, inclusive eles, sabem que não. Eles são o que são: políticos. Políticos de esquerda, socialistas de essência marxista.
A reeleição do PT não seria apenas a premiação da incompetência, mas o estímulo à insistência em sistemas e métodos equivocados de administração de dinheiro público e de exercício de poder que, ao contrário de minhas limitações em matemática, afetam a vida de milhões de pessoas.
Vejamos como a ciência trabalha:
Diante necessidades ou ideias, experiências são realizadas, sendo continuadas apenas àquelas que apresentam resultados positivos. Na ciência, não existe desejos ideológicos ou existenciais. Ideais precisam dar certo. Precisam funcionar. E mesmo a ideia que dá certo, é constantemente revista com o objetivo de aperfeiçoamento, sempre convergindo na busca da eficiência, do uso cada vez mais racional de energia e material.
Todas as ideias ou procedimentos que apresentam resultados negativos são guardados como fonte de pesquisa para que os mesmos erros não sejam cometidos. Dessa maneira, a ciência desenvolveu tudo o que possibilitou o homem viver mais e melhor, sofrendo menos e se divertindo mais, interagindo e integrando-se cada vez mais uns com os outros.
Vejamos, agora, a política: Diante necessidades ou ideias, experiências são realizadas, sendo continuadas apenas aquelas que tenham discursos filosoficamente bonitos, a despeito dos resultados. Os socialistas levam este procedimento ao extremo, insistindo sistematicamente nos mesmos erros a despeito dos trágicos resultados registrados pela história.
Enquanto cientistas aprimoram cotidianamente produtos, máquinas, equipamentos e tecnologias, governos de esquerda se esforçam em levar a sociedade e a economia de volta ao passado. Em vez de trabalharem por uma sociedade de indivíduos independentes, tentam remodela-la em duas únicas classes, povo e elite política, com a primeira dependente totalmente dos humores da segunda.
Enquanto a ciência nos oferece tantas tecnologias, os governos socialistas ainda arbitram com quem as pessoas devem pensar. Enquanto o capitalismo se aperfeiçoa dia a dia, oferecendo mais produtos a cada vez mais pessoas, o socialismo se esforça em tornar justamente essa oferta cada dia mais difícil e cara.
Na impossibilidade de confiar nosso futuro a qualquer pessoa, muito menos a um político, nossa pretensão diante de uma urna eletrônica deve ser a da troca de líderes como forma de aperfeiçoamento, forçando-os a apresentarem resultados, não promessas.
Lula, Dilma e o PT são o que são, mas a sociedade brasileira pode ser algo melhor se seus indivíduos tiverem a liberdade de empreenderem suas vidas e seus negócios sem a interferência estatal.
Em 12 anos, toda a estrutura ideológica, de liderança, de militância e financeira do PT foi exposta, assim como todos os resultados decorrentes dessa mesma estrutura. A única mudança que acontecerá, no caso de reeleição de Dilma, será no sentido de fortalecimento desse mesmo PT, em toda sua ideologia, em toda a sua demagogia, em todas as suas tentativas de controle das liberdades individuais e econômicas. Lula, Dilma e seus companheiros são pessoas, não máquinas reprogramáveis.
Lula, Dilma e seus companheiros sempre tentarão nos coagir a trabalhar para eles, a despeito da potência, dos talentos, das necessidades e dos desejos de cada cidadão que compõem a sociedade.
04 de setembro de 2014
João César de Melo é Arquiteto, artista plástico, autor do livro Natureza Capital e colunista do Instituto Liberal.
João César de Melo é Arquiteto, artista plástico, autor do livro Natureza Capital e colunista do Instituto Liberal.
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