Aécio Neves (PSDB), neste momento, possui 15% das intenções de votos na corrida presidencial. Sou um destes 15% e creio que a grande maioria que lê este blog também faz parte deste minguado contingente. Já fomos 23%, em alguns momentos, até o desastre que se abateu sobre a consciência política do país. Especialmente sobre a consciência da elite brasileira.
Segundo o Painel da Folha, os eleitores mais ricos e escolarizados continuam a trocar Aécio Neves (PSDB) por Marina Silva (PSB). Entre os brasileiros com renda familiar acima de 10 salários mínimos, o tucano caiu 13 pontos em duas semanas, de 38% para 25%. A ex-senadora subiu 14 e avançou de 27% para 41%. Na faixa com ensino superior, Aécio perdeu 12 pontos e foi de 31% a 19%. Marina ganhou 12 e saltou de 30% para 42%. O índice de Dilma Rousseff (PT) variou pouco nos dois grupos, mostra o Datafolha.
Esta é a maior prova de que não se trata do candidato tucano ser mais agressivo ou menos agressivo. Da sua campanha estar certa ou errada. Este eleitorado top de linha possui todas as condições para analisar propostas e não a cor da camisa do candidato e tampouco a sua linguagem. E está optando por Marina Silva, que não apresentou nada diferente de Aécio. Ao contrário: tem copiado descaradamente capítulos inteiros do programa de governo tucano.
É óbvio que votar em Marina é dar um salto no escuro, basta olhar a sua luta insana contra o novo Código Florestal, posicionando-se totalmente contra a propriedade privada. Atacando o único setor sustentável da nossa economia: o agronegócio. É espantoso que a elite brasileira aceite o fundamentalismo escancarado da candidata, que abre aleatoriamente a Bíblia para dali tirar orientação divina para as suas decisões. Sem falar na preconceituosa posição sobre os gays.
Aécio não emocionou? Não cativou? Tudo isso pode valer para as classes menos favorecidas, jamais para a elite do país. Esta não deveria analisar o mensageiro, mas sim a mensagem e o que ela representa. O programa de governo de Aécio Neves, bem como a equipe que o cerca, é uma garantia de que o Brasil poderá vencer a crise econômica, com sacrifícios, é claro, mas com total segurança quanto ao valor da meritocracia, o apoio ao empreendedorismo, a solidez macroeconômica, por exemplo. O que Marina Silva oferece além de um governo caixa preta?
Outro dado das pesquisas de ontem. No segundo turno, Dilma começa a atrair eleitores de Aécio que antes migravam para Marina. Há uma semana, 64% dos aecistas preferiam a ex-senadora, e 18% iam para Dilma. Agora a divisão é de 59% a 24%.
Diante de um quadro lastimável como esse, cabe a pergunta? Nós, os 15%, poderemos ser 30%? Eu vou continuar acreditando, sem questionar o candidato e a campanha que escolhi. Se pudesse, eu mudaria não de candidato, mas de elite. Esta que aí está é motivo de vergonha e o indicador de que vamos penar mais algumas gerações até sermos um país potência, com uma democracia sólida e um povo capaz de fazer as melhores escolhas.
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