Numa entrevista à repórter Maria Lima, O Globo do dia 24, o senador Aécio Neves alvejou a ex-senadora Marina Silva, afirmando que não há espaço para ambos, criticou sonhos sem projetos factíveis, além de cobrar respostas sobre suspeitas de uso irregular do avião que levou o ex-governador Eduardo Campos à morte.
O ataque, sob o prisma político eleitoral, tem como objetivo conter o avanço de Marina na luta pelo segundo lugar no quadro da sucessão de outubro. Tacitamente, portanto, Aécio reconhece como certa a primeira colocação de Dilma Rousseff e pretende assim assegurar o segundo turno entre ele e a atual presidente da República.
O êxito do lance que colocou no panorama sucessório é duvidoso. Pois enfraquecer Marina Silva pode não lhe acrescentar votos e, por via indireta, fortalecer ainda mais Dilma Rousseff. A tentativa de alterar o fluxo de transferência das intenções de voto pode não dar resultado positivo para o candidato do PSDB, uma vez que a subida de Marina decorreu de sua influência de arrebatar sufrágios entre os que tinham como propósito anular o voto ou votar em branco e também junto àqueles que se encontravam indecisos.
De qualquer forma estabeleceu-se a luta em torno da segunda posição.
SEGUNDO TURNO
O equívoco de Aécio Neves, a meu ver, consistiu em ter optado pelo ataque a uma adversária em vez de procurar destacar suas qualidades, colocando-se acima dos atributos de Marina e de sua capacidade de formulação. Verifica-se nitidamente no quadro eleitoral um choque entre as correntes dilmistas e antidilmistas.
Porém, cientista político algum será capaz de prever que o ataque de Aécio contra Marina, se surtir efeito, poderá assegurar uma transferência total de votos da candidata do PSB para o candidato do PSDB. Poderá, isso sim, contribuir para que não se concretize a hipótese de segundo turno previsto para 26 de outubro. As pesquisas vão definir.
Está prevista a divulgação de novas pesquisas do Datafolha e Ibope para o transcorrer desta semana.
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário