"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

TUDO DEPENDERÁ DA MOEDA DE TROCA

Incomodar Marina Silva em debates olho no olho é perfeitamente lícito para a presidente Dilma Rousseff, como aconteceu ontem no SBT. É para isso que servem os confrontos entre os candidatos.
Agora, fica no mínimo inócuo convocar a imprensa para bater na adversária, ou utilizar o tempo da propaganda eleitoral gratuita para ataques de corpo ausente, quando Marina não pode replicar. Em vez de somar votos, esse comportamento de Dilma os subtrai. O sentimento popular detesta covardias, ainda mais alimentadas em função de facilidades inerentes ao exercício do poder.
 
Hoje deverá ser conhecida mais uma pesquisa sobre as preferências do eleitorado. A dúvida, ontem, era saber se a vantagem de Marina cresceu ainda mais ou se os números se estabilizaram. Falta um mês para a eleição e muita coisa poderá acontecer, mas, continuando a tendência favorável à ex-senadora, a conclusão será de que o PT se condena a voltar à oposição.
 
A pergunta que se faz é com quem a provável vencedora governará. Porque apesar de os tucanos em debandada e de os companheiros em estado de alto ressentimento, sobra o PMDB.
Claro que derrotado também estará o vice-presidente Michel Temer, restando saber com quantos governadores contará o partido. Aos eleitos caberá o passo inicial de aproximação com a suposta nova presidente da República. Também farão parte da equação as novas bancadas peemedebistas, certamente infensas a manter a aliança com o PT, na oposição.
 
Marina dá sinais de pretender governar com quem demonstre boa vontade. Quando fala em aproveitar os melhores de cada legenda, não estará oferecendo o ministério em condomínio, mas abre uma janela para arejar seu governo, podendo até entrar por ela alguns tucanos.
 
É cedo para especulações a respeito da futura administração, mas se Marina vencer, como hoje indicam as pesquisas, será possível que consiga compor uma frente político-parlamentar razoável. Tudo dependerá da moeda de troca, ou seja, de sua capacidade de aglutinar sem abrir mão do comando e da independência.
 
NEM ESFORÇO NEM CONCENTRADO
 
Saberemos hoje do sucesso ou do malogro do último esforço concentrado do Congresso antes das eleições. A pauta está esmaecida, sem nenhuma decisão de vulto a ser votada na Câmara ou no Senado, e a frequência parece desanimadora. Mesmo assim, os presidentes Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves tentam mobilizar os líderes dos partidos para evitar o vexame das ausências.

04 de setembro de 2014
Carlos Chagas

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