Não é a oposição que avança, é o governo que está derrotando a si mesmo
A cada nova pesquisa, ninguém mais tem dúvidas de que a grande maioria da população está insatisfeita com a vida no país e, na mesma proporção, descontente com a economia e preocupada com a inflação. Os números não mentem, a discussão possível é sobre as responsabilidades por esta situação e sobre o que deu errado. E o que fazer para corrigir os rumos e reduzir os danos.
Quando Lula aconselha Dilma a culpar a crise internacional pelos nossos números, a coisa está mesmo feia. Na América Latina, o Brasil só cresceu mais e teve menor inflação do que Argentina e Venezuela.
O sentido mais sensível do eleitor não é a visão, a audição, o tato ou o faro, mas o bolso. Em qualquer democracia, quando a grande maioria da população está insatisfeita — e há três anos a mesma maioria estava satisfeita —, dificilmente o governo consegue ser reeleito. Jimmy Carter e Bush pai foram derrotados pela economia.
Aqui, não é a oposição que avança, é o governo que está derrotando a si mesmo. Ao contrário de 2010, João Santana vai ter que remar contra a corrente, com vento de proa.
Vão dizer que faltaram comunicação e divulgação dos feitos do governo: as pessoas estão vivendo melhor, mas não sabem disso — é preciso informá-las e convencê-las. Apesar dos três anos de propaganda massiva do governo na televisão, incluindo as grandes estatais, que, como no governo Garrastazu Médici, vendem a crença do Brasil Grande.
Hoje, 20 milhões de famílias, 28% delas da classe C, têm TV por assinatura e estarão livres do horário eleitoral. As vantagens no tempo da propaganda partidária, que custaram o loteamento do governo, só valerão para a TV aberta.
Sim, as eleições são decididas mais pela emoção do que pela razão, mas como convencer um eleitor que a sua vida está melhorando se ele está sentindo piorar? Talvez o ameaçando com um novo governo que pode piorar ainda mais as coisas, na esperança que o medo vença a razão.
Mas a pior ameaça de volta ao passado é ter o PT na oposição, sabotando todas as ações de um eventual governo adversário, como fez com o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A cada nova pesquisa, ninguém mais tem dúvidas de que a grande maioria da população está insatisfeita com a vida no país e, na mesma proporção, descontente com a economia e preocupada com a inflação. Os números não mentem, a discussão possível é sobre as responsabilidades por esta situação e sobre o que deu errado. E o que fazer para corrigir os rumos e reduzir os danos.
Quando Lula aconselha Dilma a culpar a crise internacional pelos nossos números, a coisa está mesmo feia. Na América Latina, o Brasil só cresceu mais e teve menor inflação do que Argentina e Venezuela.
O sentido mais sensível do eleitor não é a visão, a audição, o tato ou o faro, mas o bolso. Em qualquer democracia, quando a grande maioria da população está insatisfeita — e há três anos a mesma maioria estava satisfeita —, dificilmente o governo consegue ser reeleito. Jimmy Carter e Bush pai foram derrotados pela economia.
Aqui, não é a oposição que avança, é o governo que está derrotando a si mesmo. Ao contrário de 2010, João Santana vai ter que remar contra a corrente, com vento de proa.
Vão dizer que faltaram comunicação e divulgação dos feitos do governo: as pessoas estão vivendo melhor, mas não sabem disso — é preciso informá-las e convencê-las. Apesar dos três anos de propaganda massiva do governo na televisão, incluindo as grandes estatais, que, como no governo Garrastazu Médici, vendem a crença do Brasil Grande.
Hoje, 20 milhões de famílias, 28% delas da classe C, têm TV por assinatura e estarão livres do horário eleitoral. As vantagens no tempo da propaganda partidária, que custaram o loteamento do governo, só valerão para a TV aberta.
Sim, as eleições são decididas mais pela emoção do que pela razão, mas como convencer um eleitor que a sua vida está melhorando se ele está sentindo piorar? Talvez o ameaçando com um novo governo que pode piorar ainda mais as coisas, na esperança que o medo vença a razão.
Mas a pior ameaça de volta ao passado é ter o PT na oposição, sabotando todas as ações de um eventual governo adversário, como fez com o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
10 de junho de 2014
Nelson Motta, O Estadão
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