Media Watch - Outros
Li hoje que a Rede Globo já está gravando uma novela, ‘Boggie Woggie’ para substituir ‘Meu pedacinho de chão’, que, ao que parece, terá sua vida abreviada.
Pelo jeito, a população realmente não gostou. A minha pergunta é: será que a reprovação se deu em face da estética adotada nas filmagens ou do enredo? Terá sido por ambos?
Não posso dizer que assisti à novela, mas acompanhei uns dois capítulos em um hotel sem tevê paga, e tive uma impressão muito ruim, mesmo antes do primeiro capítulo ter ido ao ar, ao ter visto as cenas de chamada.
Digo mais: meu coração se apertou sob uma intuição de que eu estava de frente a uma obra macabra! Lembrei-me de outra obra, “Hoje é dia de Maria”. Percebem o parentesco?
Uma música hipnotizante, cenários abusivamente coloridos e as atitudes e falas dos personagens extremamente caricaturais possivelmente pretenderam remeter a história a uma distopia em um lugar de outra dimensão, mas é impossível deixar de reconhecer que se trata de um conflito em um lugarejo no interior do Nordeste.
Consultando a Internet, dei-me conta que a novela é uma reedição da obra de Benedito Ruy Barbosa entre 1971 e 1972, tendo sido “a primeira novela educativa da televisão brasileira”.
Educativa, sei! Aquele estilo mambembe, essencialmente pobrista e mendicante da pena dos outros já tinha disparado meu comunistômetro lá no vermelho e não foi à toa!
Segundo a Wikipédia, “a trama conta a história da professora Juliana, que chega à fictícia Vila de Santa Fé para ensinar às crianças e se depara com um povo humilde e acuado com os desmandos do coronel Epaminondas, um homem arrogante que resolve tudo no grito e nas armas, e que dita as regras na região”.
No site da Veja, a blogueira Patrícia Villalba, que se derrete de amores pela obra, festeja ter sido a novela orientada para o público infantil, ao passo que elogia a trilha sonora que usa referências de Villa-Lobos a Nino Rota em ‘O Poderoso Chefão’.
Quanta sutileza!
Percebam o caráter subliminar da coisa: uma professorinha linda e meiga vem para “educar” a população e se depara com um coronel nordestino que não quer saber de crianças alfabetizadas na localidade em que manda com mão de ferro.
Os esquerdistas jamais usam argumentos verdadeiros, mas espantalhos por eles mesmos forrados e vestidos: o coronel Epaminondas, na verdade um símbolo de excesso de estado, encarna aqui o representante da sociedade ocidental para servir de Judas para o mito marxista da alienação. Cumpre, pois, à professorinha “conscientizar” as crianças da opressão do sistema capitalista em que vivem, segundo o melhor da pedagogia de Paulo Freire.
Como vêem, a novela, que é na verdade um programa de doutrinação ideológica, parece ter tido seus dias de sucesso arquivados no passado. Aqui torna-se oportuno salientar o caráter malfazejo do termo “educativo”, tal como tem sido utilizado, segundo a esclarecedora lição do filósofo Armindo Moreira, autor do livro ‘Professor não é educador’: “Educar é criar hábitos e sentimentos que permitam ao educando adaptar-se ao meio social em que há de viver”.
No caso concreto, o sentido que o governo tem dado à educação tem a ver com a doutrinação ideológica para preparar os jovens para viverem em um futuro país socialista, de acordo com a estratégia do filósofo Antonio Gramsci, de fazer a revolução focando primeiramente na ocupação dos espaços e na formação cultural dos cidadãos.
Para uma melhor compreensão deste assunto, recomendo o vídeo preparado pelos professores Ana Campagnolo e Edésio Reichert.
Enfim, ouso especular que a população, de saco cheio, percebeu isto, ao menos intuitivamente, e rejeitou a novela. Digo isto porque parece não haver coincidência, desde que a Rede Globo tem perdido audiência sistematicamente, conforme também tem sido divulgado nos noticiários.
A emissora carioca, por sua vez, tem alegado que sua estratégia foca-se prioritariamente na qualidade dos seus programas do que com a audiência. Parece-me que quis dizer que importa-se mais com o patrocínio fornecido pelo governo e por suas empresas estatais do que com a opinião pública. Faz sentido.
15 de maio de 2014
Klauber Cristofen Pires
‘Meu Pedacinho de Chão’ com os dias contados pode revelar cansaço dos espectadores com novelas que pretendem ser “educativas”.
Li hoje que a Rede Globo já está gravando uma novela, ‘Boggie Woggie’ para substituir ‘Meu pedacinho de chão’, que, ao que parece, terá sua vida abreviada.
Pelo jeito, a população realmente não gostou. A minha pergunta é: será que a reprovação se deu em face da estética adotada nas filmagens ou do enredo? Terá sido por ambos?
Não posso dizer que assisti à novela, mas acompanhei uns dois capítulos em um hotel sem tevê paga, e tive uma impressão muito ruim, mesmo antes do primeiro capítulo ter ido ao ar, ao ter visto as cenas de chamada.
Digo mais: meu coração se apertou sob uma intuição de que eu estava de frente a uma obra macabra! Lembrei-me de outra obra, “Hoje é dia de Maria”. Percebem o parentesco?
Uma música hipnotizante, cenários abusivamente coloridos e as atitudes e falas dos personagens extremamente caricaturais possivelmente pretenderam remeter a história a uma distopia em um lugar de outra dimensão, mas é impossível deixar de reconhecer que se trata de um conflito em um lugarejo no interior do Nordeste.
Consultando a Internet, dei-me conta que a novela é uma reedição da obra de Benedito Ruy Barbosa entre 1971 e 1972, tendo sido “a primeira novela educativa da televisão brasileira”.
Educativa, sei! Aquele estilo mambembe, essencialmente pobrista e mendicante da pena dos outros já tinha disparado meu comunistômetro lá no vermelho e não foi à toa!
Segundo a Wikipédia, “a trama conta a história da professora Juliana, que chega à fictícia Vila de Santa Fé para ensinar às crianças e se depara com um povo humilde e acuado com os desmandos do coronel Epaminondas, um homem arrogante que resolve tudo no grito e nas armas, e que dita as regras na região”.
No site da Veja, a blogueira Patrícia Villalba, que se derrete de amores pela obra, festeja ter sido a novela orientada para o público infantil, ao passo que elogia a trilha sonora que usa referências de Villa-Lobos a Nino Rota em ‘O Poderoso Chefão’.
Quanta sutileza!
Percebam o caráter subliminar da coisa: uma professorinha linda e meiga vem para “educar” a população e se depara com um coronel nordestino que não quer saber de crianças alfabetizadas na localidade em que manda com mão de ferro.
Os esquerdistas jamais usam argumentos verdadeiros, mas espantalhos por eles mesmos forrados e vestidos: o coronel Epaminondas, na verdade um símbolo de excesso de estado, encarna aqui o representante da sociedade ocidental para servir de Judas para o mito marxista da alienação. Cumpre, pois, à professorinha “conscientizar” as crianças da opressão do sistema capitalista em que vivem, segundo o melhor da pedagogia de Paulo Freire.
Como vêem, a novela, que é na verdade um programa de doutrinação ideológica, parece ter tido seus dias de sucesso arquivados no passado. Aqui torna-se oportuno salientar o caráter malfazejo do termo “educativo”, tal como tem sido utilizado, segundo a esclarecedora lição do filósofo Armindo Moreira, autor do livro ‘Professor não é educador’: “Educar é criar hábitos e sentimentos que permitam ao educando adaptar-se ao meio social em que há de viver”.
No caso concreto, o sentido que o governo tem dado à educação tem a ver com a doutrinação ideológica para preparar os jovens para viverem em um futuro país socialista, de acordo com a estratégia do filósofo Antonio Gramsci, de fazer a revolução focando primeiramente na ocupação dos espaços e na formação cultural dos cidadãos.
Para uma melhor compreensão deste assunto, recomendo o vídeo preparado pelos professores Ana Campagnolo e Edésio Reichert.
Enfim, ouso especular que a população, de saco cheio, percebeu isto, ao menos intuitivamente, e rejeitou a novela. Digo isto porque parece não haver coincidência, desde que a Rede Globo tem perdido audiência sistematicamente, conforme também tem sido divulgado nos noticiários.
A emissora carioca, por sua vez, tem alegado que sua estratégia foca-se prioritariamente na qualidade dos seus programas do que com a audiência. Parece-me que quis dizer que importa-se mais com o patrocínio fornecido pelo governo e por suas empresas estatais do que com a opinião pública. Faz sentido.
15 de maio de 2014
Klauber Cristofen Pires
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