Diplomacia pelos ares – Três dos seis tripulantes da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), um russo, um japonês e um norte-americano, retornaram nesta quarta-feira (14) à Terra, a bordo da nave russa Soyuz, após passarem 188 dias no espaço. Contudo, o retorno foi ofuscado pelo anúncio de Moscou, na véspera, de que a Rússia deixará o projeto.
“A partir de 2020, queremos investir nossos recursos financeiros em projetos espaciais voltados para o futuro”, declarou o vice primeiro-ministro da Rússia e responsável pela pasta do Espaço e Defesa, Dimitri Rogozin, a agências de notícias.
De tal modo, Moscou rejeitou a proposta da Agência Espacial Americana (NASA) de estender a operação da ISS até 2024, ou seja, quatro anos a mais do que o planejado inicialmente.
O anúncio do governo russo veio em meio à crise na Ucrânia e poucos dias após a União Europeia ampliar as sanções contra o país. Rogozin está entre as 11 autoridades russas até agora sancionadas pelos Estados Unidos, que tiveram suas contas congeladas no país e estão submetidas a restrições de viagem.
Até então a parceria espacial, que envolve as agências espaciais americana, russa e europeia e conta com a participação de 15 países, não havia sido afetada pelo conflito.
Além de anunciar a saída do país do programa, Rogozin também declarou que Moscou irá proibir a venda dos mecanismos de propulsão russos RD-180, com que os EUA colocam satélites militares no espaço.
A Rússia aparentemente manterá os serviços de voo da nave espacial Soyuz, que leva e traz a tripulação da ISS.
Desde 2011, quando os Estados Unidos aposentaram seus ônibus espaciais, o governo americano paga mais de 60 milhões de dólares por cada astronauta enviado ao espaço.
Essa dependência deve continuar até pelo menos 2017, quando a NASA terá novamente uma nave própria.
A NASA reagiu com cautela ao anúncio, afirmando que não recebeu ainda nenhum comunicado oficial sobre a decisão russa.
“A cooperação espacial tem sido um marco das relações russo-americanas, inclusive durante o auge da Guerra Fria, e mais notavelmente nos últimos 13 anos consecutivos da presença humana contínua na Estação Espacial Internacional”, divulgou em nota a agência.
Apesar dos planos russos de se retirar da ISS, Washington espera que a parceria continue para além de 2020. “Nós temos uma longa cooperação com os russos no nosso programa espacial e esperamos que ela continue”, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jen Psaki.
O russo Mikhail Tyurin, o norte-americano Rick Mastracchio e o japonês Koichi Wakata pousaram nas estepes do Cazaquistão, após cerca de três horas de viagem desde a ISS, que orbita o planeta a 418 quilômetros de altitude. “Todos os tripulantes estão bem”, afirmou um porta-voz do centro de administração de voos, localizado próximo a Moscou.
Durante a temporada na estação espacial, os três realizaram uma série de experimentos, além de levar para o espaço uma tocha dos Jogos Olímpicos de Inverno 2014.
Para 28 de maio está programada a partida para a ISS, a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, de outros três novos tripulantes, um alemão, um americano e um russo.
Segundo a Nasa, a estação espacial, que custou mais de 100 bilhões de dólares, pode ser operada até 2028.
(Com agências internacionais)
15 de maio de 2014
ucho.info
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