Essa história tem 30 anos. O senador Aécio Neves lembrou-se dela outro dia, quando a pesquisa do Ibope registrou queda na popularidade da presidente Dilma Rousseff e, no PT, agitaram-se as vozes defensoras do "volta, Lula".
Mário Andreazza e Paulo Maluf disputariam a legenda da Arena para a candidatura presidencial. Para Tancredo Neves, avô de Aécio, então seu secretário particular, interessava a vitória de Maluf na convenção, pois Andreazza teria, na sua avaliação, mais condições de vencê-lo no colégio eleitoral de janeiro de 1985.
Tancredo, então, resolveu "confidenciar" a uma jornalista que corria um burburinho sobre uma possível renúncia de Maluf à candidatura. No dia seguinte, diante da manchete, Maluf desmentiu com veemência, reafirmando a postulação da qual, jurou, não desistiria de forma alguma.
Inspirado nesse episódio, o agora candidato à Presidência da República há cerca de dez dias decidiu abordar pela primeira vez o assunto da possibilidade de o ex-presidente ser candidato nesta eleição, dizendo que para ele tanto faz enfrentar Lula ou Dilma.
Voltará ao tema sempre que considerar oportuno. Oportunidade esta de atingir múltiplos objetivos. O primeiro foi lançar um dos motes da campanha, que é a ideia de derrotar "o modelo do PT" independentemente de quem for o candidato a fim de capitalizar "uma antipatia generalizada que existe contra o partido".
O segundo, desmistificar a figura de Lula como um candidato considerado imbatível. "Quis mostrar que não temos medo." Outro, e aí a provocação assemelha-se ao gesto do avô, amplificar o coro do "volta Lula" de forma a mais cedo ou mais tarde obrigar a presidente Dilma a reafirmar sua candidatura.
Qual a finalidade? Evidentemente, tornar cada vez mais difícil a hipótese da troca de nomes. Além disso, na concepção do tucano, falar abertamente na possibilidade de outra candidatura que não seja a da reeleição de Dilma é uma maneira de disseminar a cizânia no campo adversário e dar a entender que o jogo do lado de lá não está definido.
Além disso, Aécio Neves quis mandar um recado à própria tropa, pois considerou que o PSDB estava muito passivo diante do assunto. Melhor dizendo, acuado mesmo. "Achei que era hora de furar essa bolha, tratar o tema com naturalidade porque Lula não é um fantasma nem é uma unanimidade."
Arsenal. Os adversários já contam com a ausência da presidente Dilma Rousseff nos debates antes do primeiro turno das eleições.
Ainda assim vão explorar o tema Petrobrás, deixando no ar à presidente os questionamentos tanto sobre os negócios que renderam prejuízos quanto a respeito da redução do valor e da capacidade de investimento da estatal durante sua gestão.
Isso nos debates e nos programas do horário eleitoral. Dilma será convidada a explicar também por que o governo se empenhou tanto contra a CPI.
A Petrobrás será presença recorrente na campanha. Pesquisas internas feitas no campo da oposição identificaram que mais de 70% dos consultados já ouviram falar das denúncias "de corrupção" (a pergunta foi posta nesses termos) na empresa e que o assunto é de fácil entendimento por parte da população.
Tudo junto. Para tentar superar as dificuldades do PSDB no Rio, Aécio Neves vai jogar em duas vertentes: na aliança informal com o PMDB e na candidatura própria ao governo do Estado.
Enquanto no oficial assegura apoio à presidente Dilma, no paralelo Sérgio Cabral Filho cala e consente ante a articulação do voto "Aezão" por pemedebistas defensores do apoio ao tucano para presidente e Luiz Fernando Pezão, candidato de Cabral, para governador.
A fim de marcar presença do número 45 na disputa, o PSDB estuda lançar a candidatura de um economista. Está entre três nomes: Elena Landau, Edmar Bacha e Gustavo Franco.
Mário Andreazza e Paulo Maluf disputariam a legenda da Arena para a candidatura presidencial. Para Tancredo Neves, avô de Aécio, então seu secretário particular, interessava a vitória de Maluf na convenção, pois Andreazza teria, na sua avaliação, mais condições de vencê-lo no colégio eleitoral de janeiro de 1985.
Tancredo, então, resolveu "confidenciar" a uma jornalista que corria um burburinho sobre uma possível renúncia de Maluf à candidatura. No dia seguinte, diante da manchete, Maluf desmentiu com veemência, reafirmando a postulação da qual, jurou, não desistiria de forma alguma.
Inspirado nesse episódio, o agora candidato à Presidência da República há cerca de dez dias decidiu abordar pela primeira vez o assunto da possibilidade de o ex-presidente ser candidato nesta eleição, dizendo que para ele tanto faz enfrentar Lula ou Dilma.
Voltará ao tema sempre que considerar oportuno. Oportunidade esta de atingir múltiplos objetivos. O primeiro foi lançar um dos motes da campanha, que é a ideia de derrotar "o modelo do PT" independentemente de quem for o candidato a fim de capitalizar "uma antipatia generalizada que existe contra o partido".
O segundo, desmistificar a figura de Lula como um candidato considerado imbatível. "Quis mostrar que não temos medo." Outro, e aí a provocação assemelha-se ao gesto do avô, amplificar o coro do "volta Lula" de forma a mais cedo ou mais tarde obrigar a presidente Dilma a reafirmar sua candidatura.
Qual a finalidade? Evidentemente, tornar cada vez mais difícil a hipótese da troca de nomes. Além disso, na concepção do tucano, falar abertamente na possibilidade de outra candidatura que não seja a da reeleição de Dilma é uma maneira de disseminar a cizânia no campo adversário e dar a entender que o jogo do lado de lá não está definido.
Além disso, Aécio Neves quis mandar um recado à própria tropa, pois considerou que o PSDB estava muito passivo diante do assunto. Melhor dizendo, acuado mesmo. "Achei que era hora de furar essa bolha, tratar o tema com naturalidade porque Lula não é um fantasma nem é uma unanimidade."
Arsenal. Os adversários já contam com a ausência da presidente Dilma Rousseff nos debates antes do primeiro turno das eleições.
Ainda assim vão explorar o tema Petrobrás, deixando no ar à presidente os questionamentos tanto sobre os negócios que renderam prejuízos quanto a respeito da redução do valor e da capacidade de investimento da estatal durante sua gestão.
Isso nos debates e nos programas do horário eleitoral. Dilma será convidada a explicar também por que o governo se empenhou tanto contra a CPI.
A Petrobrás será presença recorrente na campanha. Pesquisas internas feitas no campo da oposição identificaram que mais de 70% dos consultados já ouviram falar das denúncias "de corrupção" (a pergunta foi posta nesses termos) na empresa e que o assunto é de fácil entendimento por parte da população.
Tudo junto. Para tentar superar as dificuldades do PSDB no Rio, Aécio Neves vai jogar em duas vertentes: na aliança informal com o PMDB e na candidatura própria ao governo do Estado.
Enquanto no oficial assegura apoio à presidente Dilma, no paralelo Sérgio Cabral Filho cala e consente ante a articulação do voto "Aezão" por pemedebistas defensores do apoio ao tucano para presidente e Luiz Fernando Pezão, candidato de Cabral, para governador.
A fim de marcar presença do número 45 na disputa, o PSDB estuda lançar a candidatura de um economista. Está entre três nomes: Elena Landau, Edmar Bacha e Gustavo Franco.
06 de abril de 2014
Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
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