O último 31 de março foi comemorado por uns e (des)comemorado por outros. Os primeiros afirmam que o episódio da derrubada do Governo João Goulart foi um CONTRAGOLPE; os segundos que foi um GOLPE.
Mas toda essa história tem sido muito mal interpretada, inclusive pelos mais respeitados historiadores, e mesmo pela mídia, que geralmente adotam a versão dos “vencedores”. É mais confortável e rentável.
A questão a ser dirimida, num primeiro momento, é verificar se os fatos políticos que antecederam aquele 31 de março de 1964 estavam, ou não, ameaçando a ordem constitucional. Caso afirmativo, sem dúvida o governo trabalhista preparava um “golpe”.
Nesse caso a reação civil-militar não teria se tratado de um GOLPE , como dizem, porém de um CONTRAGOLPE, que é o oposto. Essa distinção pode ser comparada à análise da “legítima defesa”, na esfera do direito criminal, o que nem sempre é fácil. Às vezes as fronteiras entre uma e outra situação até se confundem.
Mas demonstrarei que o “golpe” de verdade e definitivo no Governo João Goulart foi dado bem mais tarde, não podendo ser precisado o exato momento do calendário. Esse golpe foi minuciosamente planejado. Enquanto os antigos líderes trabalhistas eram mantidos à “distância”, seus espaços começaram a ser preenchidos por uma nova “tchiurma” egressa do meio sindical. Como eles estavam buscando seus próprios espaços, é evidente que teriam que fazer todo um esforço para “congelar” os antigos líderes derrubados, que no caso, se tornavam seus “concorrentes”. Era uma “ameaça” objetiva. Tinha que ser combatida.
O clima, portanto, estava perfeito, tanto para o Regime Militar, quanto para os sindicalistas com ambições políticas. Um acordo entre eles mataria definitivamente o trabalhismo deposto. Foi aí que entrou a genialidade do General Golbery. O sindicalista que mais se destacava era um tal de “Lula”. Golbery chamou-o e resolveram que tinham que fundar um novo partido político para abrigar os que não queriam “nada” com os líderes trabalhistas depostos, e sim tomar os seus lugares.
Daí surgiu o PT.
Tudo estava orquestrado. As etapas foram rigorosamente cumpridas. Logo após o CONTRAGOLPE (é minha opinião) de 64,extinguiram todos os partidos políticos existentes e fizeram somente dois, a ARENA (governista) ,e o MDB (oposição). O partido de Getúlio, Jango, Pasqualini e Brizola, o PTB-Partido Trabalhista Brasileiro, foi para o “espaço”.
Mais tarde, com nova reforma política, os dois partidos (ARENA e MDB) foram extintos e se retornava então ao regime do pluripartidarismo, substituindo o bipartidarismo. Além da criação do PT, os antigos trabalhistas “bobearam” e a sigla PTB ,que antes lhes pertencia, foi entregue a uns impostores e falsários, também trabalhando para o Regime Militar ,e mais ainda ,para consolidar o PT. A “marca” do trabalhismo, que era a sua grande força (PTB), foi roubada. Essa “engenharia” política, ou seja, o extermínio do antigo PTB e a fundação do PT, é que pode ser considerada o verdadeiro GOLPE. O de “64” já ficava num segundo plano.
Nosso raciocínio não muda nada em vista dos que chegarem à conclusão que “64” foi um GOLPE, não um CONTRAGOLPE. As fronteiras,com se disse, são muito próximas. Mesmo que assim fosse, então o PT teria dado o “2º Golpe”, o golpe “mortal", que acabou definitivamente com as chances de retorno do antigo PTB ao poder político. Se incluirmos o atual PTB na relação de “réus”, ao lado do Regime Militar e do PT, esse “crime” que cometeram contra o verdadeiro trabalhismo poderia ser configurado como “crime-de-quadrilha", já que presente o número mínimo de autores exigidos pelos Código Penal (3).
Toda essa introdução é para dizer que o prêmio “cara-de-pau” deve ser outorgado ao PT, que não têm nenhuma vergonha em puxar a fila dos que batem no Regime Militar em vista do “golpe de 64”. No aniversário dos 50 anos que agora uns comemoram, o Governo conseguiu montar um verdadeiro circo em todo o país para “descomemorar” essa data. Quando os historiadores começarem a escrever a verdade, o povo verá quem foram os verdadeiros golpistas. Sem dúvida foi o pessoal do PT.
O Brasil, meus caros leitores, está cheio de “diagnósticos”. As melhores cabeças dizem que a sua “doença” é muito grave. O país sempre está nas últimas colocações nos “rankings” mundiais em tudo que possa beneficiar o seu povo. Mas tudo é “escamoteado” pela mídia comprada pelo Governo, que só divulga, com grande alarde, os dados manipulados e mentirosos do Governo. Portanto os diagnósticos estão aí. Mas na hora de receitar os “remédios”, a tendência é “se esconder”, ou trazer do passado experiências que também já não deram certo.
Nada se vê realmente de novo. Mas os que ainda conseguem enxergar essa realidade chegam à conclusão que o “Brasil não deu certo”. Os 500 anos de tentativas não foram suficientes para chegar-se a um modelo satisfatório. Colônia, Império e República foram fracassos. Governos ditatoriais e “democráticos” (oclocráticos), idem.
Para tudo que não deu certo e não tem concerto, a melhor saída é o desmanche. É ditame da natureza. Ora, se o Brasil é um país que “não deu certo", urge desmanchá-lo e oportunizar aos povos de cada uma das suas Regiões o direito de constituir-se em país próprio, independente, soberano, autodeterminado. Não há nenhum crime quando um município ou um estado tenta independenciar-se. O fundo moral é o mesmo. Cada povo saberá conduzir-se com sabedoria e buscar o próprio desenvolvimento.
A “doença” Brasil faz mal a todos, exceto aos que se aproveitam da desgraça dos seus povos. O SUL está determinado a buscar a sua autodeterminação. Sabe-se que outras regiões já pensam o mesmo, especialmente no Nordeste.
O surgimento de novos países no mundo é uma forte tendência. A previsão é dos melhores geógrafos. O mundo está sendo remodelado. Só neste ano devem surgir mais 4 países: o Québec, Veneza, Escócia e Catalunha. Só mesmos as “bestas tupiniquins” acham o Brasil intocável e “eterno”. Nem os Estados Unidos resistirão. Todos os detalhes dessas tendências mundiais poderão ser buscados no livro “O Sul é o Meu País”, de Celso Deucher.
Sérgio Alves de Oliveira é Sociólogo, Advogado, Membro do GESUL- Grupo de Estudos Sul Livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário