Se a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março, a ser divulgada nesta quarta-feira, tiver alcançado 0,84%, como esperam os analistas pesquisados pelo Banco Central, em 12 meses a inflação saltará para 6,07%. Até junho, é alta a probabilidade de que transborde o topo da meta, de 6,5% ao ano.
São magnitudes que, por si sós, provocarão a disparada dos mecanismos defensivos clássicos de remarcação por todos aqueles que formam preços, do quitandeiro da esquina até as grandes empresas.
Mas este já não é o único fator que começa a detonar os mais variados reajustes por toda a economia. O represamento dos preços administrados é outro. Como é que se comporta o empresário que precisa prever recursos para a recomposição dos seus estoques, se sabe, com nove meses de antecedência, que uma carga colossal de reajustes já está programada para o início de 2015?
O governo Dilma já anunciou que recomposições alentadas das tarifas de energia elétrica ficarão para depois das eleições. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, confessou que o problema do setor não é insuficiência de oferta de quilowatts, mas de preço. Há pelo menos mais 15% a 20% de correção de tarifas dos combustíveis e dos transportes urbanos postergados para o ano que vem. O governo também não esconde que vem aí um aumento de impostos, o que implica certa dose de inflação futura.
Enquanto isso, empurrado por aumentos de cerca de 10% das despesas do governo federal, pelo achatamento artificial dos preços administrados represados como mencionado, pela falta até mesmo de uma campanha por redução do consumo de energia e por um mercado de trabalho que nunca esteve tão apertado, o consumo segue "robusto", como repete o Banco Central. E vai sancionando remarcações:
A cabeleireira cobra mais e a cliente não reclama e paga; o restaurante tasca mais 10% no preço da massinha à bolonhesa e o cliente não reclama e paga; o serviço de valetes pede "30 contos" para garantir vaga por pouco mais de uma hora de estacionamento e o cliente não reclama e paga...
Enquanto isso, o Banco Central, sempre a reboque das expectativas, está praticamente sozinho no contra-ataque à alta. Já elevou os juros básicos a 11% ao ano e continua entregando uma inflação do mesmo tamanho de quando a Selic não passava de 7,25% ao ano. Tenta diminuir a velocidade do carro na descida apenas acionando o breque de mão e tem de ouvir, até de economistas de renome, que a política monetária não funciona.
Enquanto isso, o ministro da Fazenda repete a cada entrevista que está mais do que ótimo fazer um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de apenas 1,9% do PIB e que a "inflação está estável, sob controle e não preocupa", mesmo quando ameaça disparar para acima do teto da meta, os tais 6,5% ao ano.
Mas o assalariado sente na carne e no seu bolso o estrago provocado pela escalada dos preços.
São magnitudes que, por si sós, provocarão a disparada dos mecanismos defensivos clássicos de remarcação por todos aqueles que formam preços, do quitandeiro da esquina até as grandes empresas.
Mas este já não é o único fator que começa a detonar os mais variados reajustes por toda a economia. O represamento dos preços administrados é outro. Como é que se comporta o empresário que precisa prever recursos para a recomposição dos seus estoques, se sabe, com nove meses de antecedência, que uma carga colossal de reajustes já está programada para o início de 2015?
O governo Dilma já anunciou que recomposições alentadas das tarifas de energia elétrica ficarão para depois das eleições. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, confessou que o problema do setor não é insuficiência de oferta de quilowatts, mas de preço. Há pelo menos mais 15% a 20% de correção de tarifas dos combustíveis e dos transportes urbanos postergados para o ano que vem. O governo também não esconde que vem aí um aumento de impostos, o que implica certa dose de inflação futura.
Enquanto isso, empurrado por aumentos de cerca de 10% das despesas do governo federal, pelo achatamento artificial dos preços administrados represados como mencionado, pela falta até mesmo de uma campanha por redução do consumo de energia e por um mercado de trabalho que nunca esteve tão apertado, o consumo segue "robusto", como repete o Banco Central. E vai sancionando remarcações:
A cabeleireira cobra mais e a cliente não reclama e paga; o restaurante tasca mais 10% no preço da massinha à bolonhesa e o cliente não reclama e paga; o serviço de valetes pede "30 contos" para garantir vaga por pouco mais de uma hora de estacionamento e o cliente não reclama e paga...
Enquanto isso, o Banco Central, sempre a reboque das expectativas, está praticamente sozinho no contra-ataque à alta. Já elevou os juros básicos a 11% ao ano e continua entregando uma inflação do mesmo tamanho de quando a Selic não passava de 7,25% ao ano. Tenta diminuir a velocidade do carro na descida apenas acionando o breque de mão e tem de ouvir, até de economistas de renome, que a política monetária não funciona.
Enquanto isso, o ministro da Fazenda repete a cada entrevista que está mais do que ótimo fazer um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de apenas 1,9% do PIB e que a "inflação está estável, sob controle e não preocupa", mesmo quando ameaça disparar para acima do teto da meta, os tais 6,5% ao ano.
Mas o assalariado sente na carne e no seu bolso o estrago provocado pela escalada dos preços.
06 de abril de 2014
Celso Ming, O Estado de S.Paulo
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