"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 6 de abril de 2014

LUZ AMARELA

 
BRASÍLIA - A dianteira de Dilma Rousseff na corrida presidencial continua resistindo bravamente à onda de desacertos na economia, na política e na gestão e à vaga que derrubou sua imagem de "gerentona". Mas o Datafolha lançou um sinal amarelo sobre essa dianteira.

A seis meses das eleições, as tendências importam mais do que os dados isolados e há sinais de alerta para Dilma e seu staff:

1 - A aprovação do governo caiu cinco pontos e 63% consideram que Dilma fez menos do que o esperado (antes, esse percentual variava de 34% a 42%). Sua nota média é 5,9.

2 - Os que mais recuam na aprovação ao governo e a Dilma são os que têm renda entre dois e cinco salários mínimos e acima de dez.

3 - A queda mais visível é no Sudeste, no Norte e no Centro-Oeste. O Sudeste é nevrálgico por ser populoso e irradiador de percepções.

4 - No cenário com todos os atuais dez candidatos --que é o mais provável-- Dilma caiu seis pontos em relação a fevereiro, ficando com 38%.

5 - Seus adversários diretos, Aécio Neves (16%) e Eduardo Campos (10%), não lucram com a queda, mas o pastor Everaldo Pereira, do PSC, tem 2% e pode crescer e ganhar significado na definição de um segundo turno. A força de atração dos evangélicos não é desprezível.

6 - Nesse cenário mais completo, 20% votariam em branco ou nulo e 9% não opinaram. É um forte contingente insatisfeito ou indiferente. Em suma, a ser conquistado.

7 - Dado interessante: se a disputa fosse hoje só entre Dilma, Aécio e Campos, eles ficariam embolados com os brancos e nulos na faixa dos mais escolarizados. Dilma com 25%, Aécio com 26%, Campos com 19%, brancos e nulos com 27%.

A dúvida é se o desgaste de Dilma e de seu governo entre os mais bem informados irá decantar para as demais faixas nesses seis meses e a partir do início oficial da campanha. Disso depende haver ou não segundo turno, a chave do sucesso de Dilma.

27 de abril de 2014
Eliane Catanhêde, Folha de SP

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