Governo adia dor de cabeça fiscal e inflacionária
Em mais um malabarismo intervencionista, o governo Dilma Rousseff jogou para um futuro próximo -mas convenientemente posterior às eleições- uma conta fiscal e inflacionária. Fiscal porque o crescente buraco no Orçamento não permite ao Tesouro arcar já com todos os custos adicionais da energia elétrica; inflacionária porque a inevitável alta das tarifas para o consumidor tornará mais difícil o controle da alta dos preços.
A energia encareceu porque a estiagem comprometeu a capacidade de geração das hidrelétricas e foi necessário recorrer às termelétricas. Pelos mecanismos clássicos de mercado, deveria haver uma alta mais aguda das tarifas ou uma contenção do consumo -duas alternativas politicamente indigestas.
O tema é delicado para o governo Dilma, que no ano passado articulou uma operação política e financeira para reduzir a conta de luz. A ideia era estimular a economia, mas o ganho mais palpável foi segurar a inflação.
Para subsidiar a energia, o Tesouro gastou quase R$ 8 bilhões no ano passado e pretendia gastar R$ 9 bilhões neste ano. A despesa de 2013 subiu agora para R$ 13 bilhões, o que, ainda assim, é bem abaixo do considerado necessário pelo setor.
META
Embora não signifiquem muito diante das proporções do Orçamento, os R$ 4 bilhões adicionais tornam ainda mais difícil cumprir a promessa, feita no mês passado, de terminar o ano eleitoral com um saldo no Tesouro semelhante ao do ano passado. A meta anunciada -poupar o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto, ou R$ 99 bilhões- já depende de uma projeção otimista para o crescimento econômico e para a arrecadação de impostos. No mercado, espera-se um saldo de apenas 1,4% do PIB.
Sintomaticamente, a equipe econômica mencionou ontem, ainda que em termos vagos, a possibilidade de aumento de tributos. Os dados fiscais sugerem essa tendência: nos últimos anos, a receita tributária deixou de ser suficiente para o cumprimento das metas do governo. A conta não fecha: reduzir a conta de luz e a inflação faz crescer o gasto público, que alimenta o consumo e leva à elevação dos demais preços.
GUSTAVO PATU/DE BRASÍLIA Folha
BANDO DE JEGUE! OCÊS CREDITARAM, MERMO?
Em mais um malabarismo intervencionista, o governo Dilma Rousseff jogou para um futuro próximo -mas convenientemente posterior às eleições- uma conta fiscal e inflacionária. Fiscal porque o crescente buraco no Orçamento não permite ao Tesouro arcar já com todos os custos adicionais da energia elétrica; inflacionária porque a inevitável alta das tarifas para o consumidor tornará mais difícil o controle da alta dos preços.
A energia encareceu porque a estiagem comprometeu a capacidade de geração das hidrelétricas e foi necessário recorrer às termelétricas. Pelos mecanismos clássicos de mercado, deveria haver uma alta mais aguda das tarifas ou uma contenção do consumo -duas alternativas politicamente indigestas.
O tema é delicado para o governo Dilma, que no ano passado articulou uma operação política e financeira para reduzir a conta de luz. A ideia era estimular a economia, mas o ganho mais palpável foi segurar a inflação.
Para subsidiar a energia, o Tesouro gastou quase R$ 8 bilhões no ano passado e pretendia gastar R$ 9 bilhões neste ano. A despesa de 2013 subiu agora para R$ 13 bilhões, o que, ainda assim, é bem abaixo do considerado necessário pelo setor.
META
Embora não signifiquem muito diante das proporções do Orçamento, os R$ 4 bilhões adicionais tornam ainda mais difícil cumprir a promessa, feita no mês passado, de terminar o ano eleitoral com um saldo no Tesouro semelhante ao do ano passado. A meta anunciada -poupar o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto, ou R$ 99 bilhões- já depende de uma projeção otimista para o crescimento econômico e para a arrecadação de impostos. No mercado, espera-se um saldo de apenas 1,4% do PIB.
Sintomaticamente, a equipe econômica mencionou ontem, ainda que em termos vagos, a possibilidade de aumento de tributos. Os dados fiscais sugerem essa tendência: nos últimos anos, a receita tributária deixou de ser suficiente para o cumprimento das metas do governo. A conta não fecha: reduzir a conta de luz e a inflação faz crescer o gasto público, que alimenta o consumo e leva à elevação dos demais preços.
GUSTAVO PATU/DE BRASÍLIA Folha
14 de março de 2014
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