Quem lê “Assassinato de Reputações: Um Crime de Estado”, de autoria de Romeu Tuma Jr., fica sem entender as razões de o Brasil ainda funcionar, sob a gestão de tantos bandidos e governado por sicofantas dos mais cínicos e desmoralizados! Pior de tudo é ver que as seriíssimas denúncias ficam soltas no ar. Há anos as nossas “autoridades” conduzem o país para banho de sangue sem precedentes!
No capítulo 4 do inacreditável livro, intitulado “Lula: Alcaguete e Aprendiz do Dops”, Tuma Jr. traça um perfil do ex-presidente que em qualquer nação do mundo seria motivo de insuperável ignomínia. Apesar disso, até hoje Lula da Silva não se dignou responder seu algoz, calando-se de forma a corroborar malfeitos e crimes que lhe são imputados, como se não tivesse a obrigação de se posicionar diante dos fatos.
O velho Romeu Tuma (já falecido) era descendente de sírios e delegado de polícia civil em São Paulo (concursado). Elegeu-se senador por aquele estado. No livro Habeas Corpus, editado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (janeiro de 2011), é dito que o então delegado “participou ativamente na ocultação de cadáveres de militantes assassinados sob tortura”.
Não existe registro de nenhuma acusação de tortura ou prática de corrupção que comprometa a biografia do falecido policial, cujo filho homônimo seguiu os mesmos passos. Os dois sempre foram considerados policiais disciplinados, criteriosos, formados numa linha que prima pela investigação séria e obedecendo aos ditames da lei. Tudo que Tuma Jr. relata no livro é respaldado por documentos que serão ainda acrescidos a um segundo volume em fase de elaboração.
Pois bem: O que é dito neste primeiro volume é que Lula levava informações ao Dops sobre os seus companheiros de luta dentro do sindicato, levantando detalhes de características pessoais, anunciando o que se discutia em assembleias, encontros e reuniões. Apontava os mais “perigosos” e que medidas tomar para evitar dano ao patrimônio das empresas, no caso de se perder o controle de manifestações.
Lula era espécie de José Genoíno da Guerrilha do Araguaia, que entregou todos os seus companheiros de luta armada e somente ele escapou de ser morto. Com relação a Luiz Gushiken (acusado e livrado pelo STF no processo do mensalão), ele dizia ser “o mais arredio, o mais preocupante, um verdadeiro louco incontrolável, o que merecia mais atenção”.
Nem parece o Lula que emitiu nota de pesar quando da morte daquele que chegou a ser o seu ministro-chefe da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica, revoltado com “falsas acusações” que lhe teriam sido assacadas por pessoas mal intencionadas. Mas nada disse do tempo em que delatava o antigo ajudante no DOPS. O livro de Tuma Jr. é imperdível e tem sido vendido como farinha.
Lança réstia nas trevas de país subjugado pela ignorância, pelo desconhecimento dos mínimos valores morais e pela ausência de convicção nos direitos individuais. Um país onde o PT, em qualquer eleição, sai à frente com índice de preferência que quase supera os demais, por conta da compra escancarada de votos através de bolsas-esmolas, elas próprias já denunciadas, à exaustão, pelo seu chefe, Luiz Inácio Lula da Silva.
Assassinato de Reputações é leitura obrigatória para todos os que desejam compreender horripilante faceta dos meandros da burocracia de um país sempre do futuro. Saber como é fácil, num lugar sem alma e sem majoritário pudor decisório, um grupo de bucaneiros dos mais cruéis assaltar os mais altos postos e ditar normas e regras, empregando com irrefreável vigor a mais desmoralizante prática de domínio e usufruto de um Estado patrimonialista. Quando dar-se-á um basta a tudo isso?
14 de março de 2014
Márcio Accioly é Jornalista.
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