Caso se confirme a desaceleração da economia da China - nossa maior parceira comercial -, isso poderá se tornar um fator a mais de pressão sobre nosso balanço de pagamentos e nossa balança comercial, já deficitária em US$ 2,049 bilhões nas primeiras três semanas do mês. Um mau começo de ano depois do superávit de apenas US$ 2,56 bilhões em 2013, inflado pelas exportações de plataformas de petróleo operadas em águas brasileiras. As expectativas de mercado são de um superávit comercial na casa dos US$ 9 bilhões, mas é cedo para acreditar nas projeções, mesmo com a desvalorização do real.
O País exportou menos polímeros plásticos, açúcar refinado, máquinas para terraplanagem, automóveis de passageiros, suco de laranja e laminados planos de ferro ou aço.
Já as importações aumentaram 30,1%, saindo da média diária de US$ 806,1 milhões, em 2013, para US$ 1,049 bilhão, neste ano. Comprar bens produzidos no exterior continua sendo mais barato do que adquirir bens feitos aqui, onde a indústria, onerada por tributos e deficiências de infraestrutura, pouco investiu e mal consegue elevar a produtividade.
O curto período de 17 dias deste mês não basta para fazer previsões confiáveis sobre o desempenho das exportações neste ano. Mas, ainda que o câmbio ajude os exportadores - o que não está predeterminado, dado o impacto negativo da valorização do dólar sobre a inflação -, eles enfrentam graves dificuldades. Departamentos econômicos como o do Bradesco estimam que o superávit comercial deste ano não passará dos US$ 6,9 bilhões, abaixo da média de mercado.
O mau começo de ano para as vendas externas deveria levar o governo a rever a política comercial, para desonerar a exportação. Desta depende a redução do déficit na conta corrente do balanço de pagamentos de US$ 80,1 bilhões, em 2013, para algo como US$ 72 bilhões, em 2014.
22 de janeiro de 2014
Editorial O Estado de S.Paulo
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