Para melhorar a gestão das universidades brasileiras, é preciso coragem política para adotarmos a fórmula da Organização Social
Desde seus tribulados primeiros passos, talvez em Bolonha (Itália), a instituição que hoje chamamos de universidade teve uma missão monolítica, a saber, gerar e difundir conhecimento. Embora ainda haja equívocos quanto à sua missão, um grande progresso foi alcançado quanto à compreensão da sua importância para a civilização.
Após 40 anos de proselitismo, parece que algumas verdades finalmente se tornaram autoevidentes. Hoje todos reconhecem que sem capacitação tecnológica não há desenvolvimento econômico, como também que sem atividade de pesquisa em ciência não há inovação. Concluímos que sem universidades de qualidade não há desenvolvimento econômico e social.
Pois bem, enfrentemos a trágica realidade. O ranking de universidades de maior credibilidade do mundo, o "Times Higher Education", examinou as 400 melhores. A USP ficou entre a 226ª e a 250ª posição. A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) entre a 301ª e a 350ª.
A humilhação é maior quando se compara universidades de países em desenvolvimento. O Brasil não está entre as dez primeiras e possui apenas uma entre as 20 primeiras, a USP. Já a Turquia, por exemplo, cujo PIB é um terço do brasileiro, tem três universidades entre as dez primeiras e cinco entre as 20 melhores.
Entre as cem melhores, o Brasil tem à sua frente a China, Taiwan, Turquia, África do Sul e Rússia. Não é uma vergonha? A universidade brasileira se tornou um organismo em que quem decide não são os neurônios, mas o tecido adiposo.
Resta-nos, pois, a tentativa de identificar as razões do fracasso. Alguns vão dizer que é a falta de apoio de governos. Não conheço um projeto qualificado que tenha ficado sem financiamento. Conheço, sim, vários projetos medíocres que apenas desperdiçam recursos preciosos.
O desempenho de nichos de excelência no Brasil e de pesquisadores brasileiros no exterior mostra que aptidão para a pesquisa não é problema. É possível que a razão fundamental seja a gestão. Vamos, pois, comparar as características institucionais das universidades brasileiras com as das melhores do mundo.
Aqui, elas costumam ser estatais. Lá, em geral, são instituições privadas ou autarquias independentes. Aqui, o funcionário, por ser público, tem estabilidade prematura. Lá, a estabilidade é precária e só é obtida no final da carreira. Aqui, o Conselho Universitário é corporativo e gigantesco. Lá, o Conselho de "Trustees" tem representantes da sociedade civil, externos à universidade. Aqui, o processo de escolha de dirigentes se dá por eleição interna. Lá, é mista. Aqui, ocorre uma proliferação de comissões e comitês. Lá, o número é limitado, concentrando o poder.
Uma solução, mantendo-se a administração direta, é impossível. Portanto, só resta uma possibilidade: a adoção da fórmula Organização Social, já testada com sucesso no setor de pesquisas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cujas características de gestão são idênticas àquelas das melhores universidades do mundo. Todavia, essa iniciativa não depende apenas de vontade política, mas, antes, de coragem política.
Desde seus tribulados primeiros passos, talvez em Bolonha (Itália), a instituição que hoje chamamos de universidade teve uma missão monolítica, a saber, gerar e difundir conhecimento. Embora ainda haja equívocos quanto à sua missão, um grande progresso foi alcançado quanto à compreensão da sua importância para a civilização.
Após 40 anos de proselitismo, parece que algumas verdades finalmente se tornaram autoevidentes. Hoje todos reconhecem que sem capacitação tecnológica não há desenvolvimento econômico, como também que sem atividade de pesquisa em ciência não há inovação. Concluímos que sem universidades de qualidade não há desenvolvimento econômico e social.
Pois bem, enfrentemos a trágica realidade. O ranking de universidades de maior credibilidade do mundo, o "Times Higher Education", examinou as 400 melhores. A USP ficou entre a 226ª e a 250ª posição. A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) entre a 301ª e a 350ª.
A humilhação é maior quando se compara universidades de países em desenvolvimento. O Brasil não está entre as dez primeiras e possui apenas uma entre as 20 primeiras, a USP. Já a Turquia, por exemplo, cujo PIB é um terço do brasileiro, tem três universidades entre as dez primeiras e cinco entre as 20 melhores.
Entre as cem melhores, o Brasil tem à sua frente a China, Taiwan, Turquia, África do Sul e Rússia. Não é uma vergonha? A universidade brasileira se tornou um organismo em que quem decide não são os neurônios, mas o tecido adiposo.
Resta-nos, pois, a tentativa de identificar as razões do fracasso. Alguns vão dizer que é a falta de apoio de governos. Não conheço um projeto qualificado que tenha ficado sem financiamento. Conheço, sim, vários projetos medíocres que apenas desperdiçam recursos preciosos.
O desempenho de nichos de excelência no Brasil e de pesquisadores brasileiros no exterior mostra que aptidão para a pesquisa não é problema. É possível que a razão fundamental seja a gestão. Vamos, pois, comparar as características institucionais das universidades brasileiras com as das melhores do mundo.
Aqui, elas costumam ser estatais. Lá, em geral, são instituições privadas ou autarquias independentes. Aqui, o funcionário, por ser público, tem estabilidade prematura. Lá, a estabilidade é precária e só é obtida no final da carreira. Aqui, o Conselho Universitário é corporativo e gigantesco. Lá, o Conselho de "Trustees" tem representantes da sociedade civil, externos à universidade. Aqui, o processo de escolha de dirigentes se dá por eleição interna. Lá, é mista. Aqui, ocorre uma proliferação de comissões e comitês. Lá, o número é limitado, concentrando o poder.
Uma solução, mantendo-se a administração direta, é impossível. Portanto, só resta uma possibilidade: a adoção da fórmula Organização Social, já testada com sucesso no setor de pesquisas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cujas características de gestão são idênticas àquelas das melhores universidades do mundo. Todavia, essa iniciativa não depende apenas de vontade política, mas, antes, de coragem política.
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