"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O LOUCO EMPREENDEDOR

                     
          Artigos - Economia 
O problema é que aqui a norma é a bancarrota. A experiência ordinária é a falência.

Um país apenas pode ser próspero se der plenas condições para que aqueles que investem seu dinheiro em negócios próprios prosperem. Uma nação somente alcança desenvolvimento econômico quando seus empreendedores têm possibilidades reais de lucrarem.
 
Mas no Brasil não é assim. Aqui, apenas os desvairados abrem empresas. Isso porque as chances de seu negócios não darem certo são altíssimas. Estatísticas apontam que 60% delas fecham as portas antes do segundo ano de existência. Quem é louco de colocar em risco praticamente todo seu patrimônio e economias em algo que tem mais chance de dar errado do que certo? Analisando friamente, abrir empresa no Brasil é quase prova de insanidade.
 
Que pessoa em seu juízo perfeito firmaria uma sociedade com alguém que, além de não fazer nada, não oferecer nenhum serviço, nem sequer ajudar no mínimo que seja para a execução das atividades empresariais, no fim das contas abocanhasse 70% do lucro da empresa? Seria um absurdo! Mas, na verdade, é o que todos os empresários brasileiros fazem. E esse sócio parasita chama-se Estado.
 
Mesmo diante dessa realidade, conheço alguns corajosos que abrem empresas e investem no sonho de possuir o negócio próprio. Mas, sinceramente, me corta o coração ver a situação de alguns deles. Outro dia recebi em meu escritório um senhor distinto, mas que trazia em seu rosto as marcas da preocupação e da decepção. Dono de uma empresa de venda de móveis, viu suas finanças ruirem ao não conseguir arcar com os custos tributários e os juros bancários.
Hoje, às vésperas de encerrar seu negócio, se encontra diante de uma dívida impagável. Um outro cliente chegou a ir embora do país, por se encontrar na mesma situação. Deixou as dívidas para trás, abandonou a empresa que possuia aqui e hoje vive como motorista de caminhão na Europa. E o pior (para nós): afirma que nunca se sentiu tão feliz!
 
Como advogado, me deparo cotidianamente com empresários que vivem à beira da falência e boa parte deles apenas continua com suas empresas por não terem qualquer outra expectativa.
 
Eu sei que algumas pessoas podem até dizer que na verdade esses exemplos são amostras de maus administradores, de pessoas que não souberam investir e que, por isso, não prosperaram em seus empreendimentos. 
O problema é que os exemplos de prosperidade e negócios que realmente deram certo no país são exceções. Alguns gênios do mundo dos negócios realmente alcançaram o sucesso. No entanto, um país apenas verifica a prosperidade de seu povo não pelas exceções que alcançam resultados diferentes da média das pessoas, mas, sim, pelo sucesso comum de seus empresários.
 
O problema é que aqui a norma é a bancarrota. A experiência ordinária é a falência.
Por isso, não me acanho em perguntar para meus clientes que sonham em abrir uma empresa: "Por acaso você é maluco?"
 
07 de novembro de 2013
Fabio Blanco é advogado, teólogo e fundador do NEC

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