"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

LATÊNCIA NUCLEAR


SÃO PAULO - É claro que um mundo onde uma teocracia amalucada como a do Irã não tenha armas atômicas é preferível a um no qual as possua. Receio, porém, que teremos de conviver, se não com um Irã nuclear, ao menos com um que tenha a capacidade de produzir bombas rapidamente, caso decida fazê-lo. Não creio que o armagedon virá daí.

O principal ingrediente de uma arma atômica é conhecimento, que, para o bem e para o mal, é quase impossível de conter. Todos os 31 países que mantêm usinas nucleares mais uma dezena de nações industrializadas poderiam, se desejassem e tivessem acesso ao material físsil, construir artefatos bélicos num intervalo que vai de meses a poucos anos.

Desses, Japão, Alemanha e Coreia do Sul estão provavelmente a um parafuso da bomba. Já têm tudo o que é necessário, mas optaram por não montá-la. Há sabedoria aí. Conservam-se fiéis às obrigações assumidas no Tratado de Não Proliferação Nuclear e ainda evitam os ônus de ser um Estado nuclear, como ter um número ainda maior de mísseis apontados para suas capitais e gastar um bom dinheiro na manutenção do armamento. E, em termos de poder dissuasório, é mínima a diferença entre ter de fato a arma e estar a um passo de fabricá-la. Não foi por outra razão que países como África do Sul e Ucrânia abriram mão de seus arsenais.

Há duas ordens de razões para que armas nucleares, embora existam há quase 70 anos, tenham sido utilizadas num só conflito. A primeira é matemática e leva o nome de "equilíbrio de Nash". A única maneira de não ser aniquilado numa guerra nuclear de larga escala é não a começando.

Há também uma dimensão psicológica. A humanidade desenvolveu verdadeiro horror a esse tipo de arma, vendo sua utilização como algo moralmente errado. Isso vale também para os iranianos. O próprio aiatolá Ali Khamenei já afirmou que a bomba é anti-islâmica. Freios morais não são 100% seguros, mas ajudam.

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