"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

ALIMENTOS MENTAIS PARA UM FASCISMO COM CARA DEMOCRÁTICA


Deve-se a Noam Chomsky a lista das “10 estratégias de manipulação” mental através da mídia, para semear nas mentes as doutrinas que submetem os famintos e desinformados a digerir as rações fornecidas pelo Estado a serviço dos grandes controladores que impõem o “fascismo com cara democrática”, acolhido como globalização.

No passado a missão do jornalismo era o compromisso ético com a reflexão como alimento das mentes, a informação exibida sobre todos os aspectos, situando a notícia no contexto e principalmente mostrando os mecanismos políticos, econômicos e filosóficos geradores dos acontecimentos.

Hoje, as estratégias de manipulação mental estão presentes em nossa mídia com força total, confirmando que estamos em guerra, cujo objetivo é o lucro financeiro de interesse dos fabricantes de armas, banqueiros e investidores. Para manter o poder e o modelo global sem modificar o sistema financeiro internacional, seus controladores dominaram toda a informação, transformando as mídias em departamentos das empresas da economia global.

Os meios de informação deixaram de ser independentes e os jornalistas nem lembram da dignidade de sua missão. O objetivo é “faturar” e entregar a mercadoria notícia seguindo a norma, que desvia “a atenção do público sobre temas de importância. Valem os assaltos e acidentes em tempo real, pegadinhas, intimidade dos “famosos”. É a “estratégia da distração” de Chomsky. “Manter a atenção distraída, longe dos verdadeiros problemas, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar...”

Outras estratégias indicadas e utilizadas por nossos governantes nos últimos anos, são:
 
1) Identificar uma situação que mobilize a reação pública, para que a gente se sinta mandante da solução pré fabricada: “Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade.”
 
2) Estratégia da gradação: “aplicar medidas inaceitáveis, a conta gotas, gradativamente, por anos consecutivos... Protelar, prometer para o futuro, porque o público infantilizado tende a esperar ingenuamente que “o amanhã será melhor”.
 
3) Tratar a informação como se o público fosse criança. “Se você se dirige a uma pessoa com linguagem e gestos infantis, a reação será desprovida do senso  crítico.
Utilizar emoções é oura técnica clássica para bloquear a análise racional da notícia. 

Com o sentido crítico ausente, abrem-se as portas do inconsciente, onde são implantadas as ideias, os medos, os desejos e os comportamentos. O público, com o passar do tempo, torna-se incapaz de compreender as tecnologias e metodologia empregada na veiculação de notícias.  “A qualidade da educação dada aos inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre os inferiores e governantes” seja cada vez maior.

Outra indicação de Chomsky é: “Induzir o pensamento de que é moda o comportamento estúpido, vulgar e inculto. Fazer o indivíduo acreditar que é o único culpado pela própria incapacidade, por insuficiência de esforços ou inteligência”. A consequência é a baixa estima e o estado depressivo que inibe a crítica e a ação.

Os avanços acelerados do conhecimento científico, particularmente da biologia, neurobiologia e psicologia aplicada, têm propiciado ao sistema de dominação global as ferramentas avançadas para conhecer os hábitos e aspirações, a estrutura mental das pessoas comuns. Isto facilita o controle e um grande poder sobre os indivíduos.

Diante deste atoleiro, os meios de comunicação e seus jornalistas, editores, repórteres, etc., deixaram de lado a posição ética a serviço das populações, traduzindo as alegrias, medos, decepções e expectativas, adotando a missão de tratar a notícia em seus aspectos históricos, antropológicos, políticos e econômicos. Isto seria diferente de agir profissionalmente sob o domínio de técnicos de efeitos especiais, empresários, banqueiros e do Estado.

É tudo que não interessa aos governantes e sua corte, que estão confortáveis quando a informação é tratada como produto, mercadoria. A independência para lidar com as notícias, quase perde o sentido quando se fala tanto em internet, celulares, tablets, redes sociais que aceleram a comunicação. Resta saber que tipo de informação alimenta as mensagens, quando os governantes manipulam os dados, porque o interesse global é o controle sobre a liberdade de informação.

Vale lembrar o que o dissidente russo Vladimir Bukovsky escreveu em sua autobiografia:  (Construir um castelo, minha vida como dissidente) “As democracias ocidentais esqueceram seu passado e sua essência, isto é: a democracia não é uma casa confortável, um carro elegante ou um salário desemprego e sim a habilidade e o desejo de defender nossos direitos”. Nossas liberdades também. Mas isto só é possível com a informação correta, de importância real para nossas vidas.
 
26 de novembro de 2013
Arlindo Montenegro é Apicultor.

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