"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

DIRCEU, O HOMEM QUE NASCEU PARA MANDAR

 
Ah, bom, agora entendi. O José Dirceu já tria sido contratado como “gerente administrativo” do hotel St. Peter, em Brasília. Certo! Não vai carregar mala, não! Vai ser chefe mesmo. Não vai pegar no esfregão. Vai é dar ordens. Esse é o Zé! Agora, como se diz lá em Dois Córregos, a coisa “orna”. Na verdade, para que se adaptasse melhor a condição às qualidades da pessoa, o Zé deveria mesmo é ser o dono do hotel, né?
 
Eu não sabia — e creio que ninguém soubesse — que o Zé tinha experiência no ramo de hotelaria para assumir, logo de cara, a gerência administrativa. “Ah, Reinaldo, é uma gerência como qualquer outra; de hotel, de restaurante ou de funerária, é tudo a mesma coisa…” Todo mundo sabe que não é bem assim, né? Mesmo a gerência financeira — que é a área mais técnica de todas, a mais descarnada de fatores específicos — requer certo conhecimento de causa. Imaginem quando se trata da administração do empreendimento propriamente.
 
O St. Peter, segundo li, tem 400 quartos. É coisa grande. A se dar crédito à versão do petista, mesmo estando na Casa Civil, mesmo sendo o homem da articulação política, mesmo sendo o responsável direto pela negociação do Planalto com os partidos, ele não sabia do mensalão, não tinha nada com isso.
 
O risco de o Zé assumir o comando do St. Peter é o hotel virar a cada-da-mãe-joana sem que ele saiba o que se trama por lá. Vai que comecem a aparecer “recursos não-contabilizados” na empresa. A propósito: o St. Peter não pensa em contratar Delúbio Soares como o homem do dinheiro?
 
Que decepção!

O Zé me decepciona. Achei que ele fosse pedir licença para trabalhar com criancinhas pobres, para prestar serviço voluntário a ONGs que lidam com, como se diz hoje em dia, “pessoas em situação de vulnerabilidade”. Nada disso! Quer logo ser o gerente de um grande empreendimento comercial que — e não é preciso ser muito sagaz para intuí-lo — lhe permitiria exercer tranquilamente a sua profissão. Como é mesmo? Lembrei: “consultor de empresas privadas”.
 
Consultoria de dia e cadeia à noite.
 
26 de novembro de 2013
Reinaldo Azevedo - Veja
 

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