"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 24 de novembro de 2013

DITADURA VENEZUELANA PRENDE OPOSICIONISTA: MILHARES PROTESTAM NAS RUAS

 

O líder opositor venezuelano Henrique Capriles denunciou neste sábado a prisão de um colaborador horas antes do início de um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro. “Desconhecemos o paradeiro de nosso coordenador nacional Alejandro Silva, responsabilizo Maduro pelo que ocorrer”, publicou Capriles em sua conta oficial no Twitter. Segundo o opositor, Silva foi retirado à força de um hotel da capital Caracas por homens da Direção de Inteligência Militar (DIM). 
Na tarde deste sábado, Delsa Solórzano, uma integrante do Parlamento Latino-Americano, confirmou que Silva permanece preso, mas disse que ele passa bem. Segundo Capriles, que governa o Estado de Miranda e ficou em segundo lugar nas últimas eleições presidenciais, em abril, Alejandro Silva foi coordenador nacional de viagens da sua campanha. Já o partido ao qual Silva e Capriles são filiados, o Primero Justicia, disse em nota que “com estas ações tão irresponsáveis, o presidente Maduro mostra que tem medo dos protestos nas ruas”. Na sexta-feira, Maduro já havia adiantado que pretendia mandar prender dois membros da oposição por suspeita de “incitação à violência”.
 
Protestos

Jornais da Venezuela indicam que milhares de pessoas compareceram aos protestos deste sábado em dezenas de cidades do país para reclamar da inflação e da chamada Lei Habilitante, um instrumento autoritário aprovado nesta semana que conferiu a Maduro poderes para governar por decreto durante um ano. ”Eu nunca vi as coisas tão ruins assim. É preciso pegar fila logo cedo para comprar farinha, açúcar e óleo de cozinha. A gente não acha comida nem peças pro carro. Esse país está sendo destruído”, comentou o consultor de segurança José Delgado, de 56 anos, durante um protesto no centro de Caracas.
 
 Durante os protestos, Capriles aproveitou para discursar em Caracas e reclamar da prisão do seu assessor. “Venha a mim que aqui estou, não tenho medo de ti (Maduro). Já te disse várias vezes: Quer me prender? Joga bola! (faça)”, disse. “Estão buscando uma faísca para tentar acender o pavio rumo à violência, não permitiremos que o alcancem”, advertiu Capriles. Ele disse ainda, em referência à prisão do seu colaborador, que “os covardes atacam pelas costas”. “A essa hora trabalham os covardes; na noite, como os criminosos. Na realidade querem a mim na prisão.”
 
Poderes totalitários

Entre as ações já tomadas por Maduro graças aos superpoderes constam duas medidas instituídas na quinta-feira. Uma delas é uma lei que tem o objetivo de ampliar o controle de preços, custos e lucros do setor privado. Na prática, Maduro quer acabar com inflação do país na canetada e sobretaxar os lucros na iniciativa privada. Ele também aprovou um decreto para regular as importações, das quais o país é muito dependente.
 
A Lei Habilitante é composta por quatro artigos que estabelecem que o presidente pode editar decretos-lei em áreas onde tradicionalmente caberia à Assembleia legislar. Na prática, Maduro vai ter carta branca e poder fazer o que quiser, inclusive usar seus poderes para perseguir adversários políticos e a imprensa.
Os motivos governistas para a aprovação dos superpoderes são vagos e, segundo o próprio Maduro, o objetivo é “criar mecanismos de luta contra potências que pretendam destruir a pátria”.
 
A oposição venezuelana se manifestou. Henrique Capriles criticou a medida neste semana. “Se aprovarem a Habilitante fora da Constituição, faço um apelo para que não a reconheçam. Não há razão para dar poderes especiais para esse governo. A Habilitante somente busca distrair-nos dos verdadeiros problemas dos venezuelanos”, disse.

24 de novembro de 2013
Reinaldo Azevedo
VEJA.com

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