A Folha de São Paulo publicou matéria sobre encontro em Brasília, entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula quando os dois discutiram sobre a permanência de dois ministros indicados pelo PSB e o comportamento do governador Eduardo campos que está fazendo oposição ao Planalto e se apresentando como pré-candidato à sucessão de 2014.
Dilma Rousseff afirmou-se disposta a substituir Fernando Bezerra da Integração Nacional e José Leônidas Cristino da Secretaria dos Portos. Está correto seu posicionamento, mas Lula pediu que espere um pouco, pois está disposto a convencer Eduardo Campos.
Não sei se conseguirá, mas Rousseff está certa. O partido que integra a administração não pode praticar a dualidade em que se encontrava. Durante o dia era governo, à noite partem para oposição. Tem todo direito a fazer oposição, porém neste caso tem de entregar os cargos que ocupa. Se entrou na equipe de Dilma pela participação administrativa que recebeu, se passou a adotar comportamento oposicionista deve entregar os postos. Não se trata apenas de uma questão de ética, mas também faz parte do jogo próprio do poder
Dou como exemplo o que aconteceu no governo Jango Goulart, em 1962. A dificuldade que envolveu a posse de Goulart (não fosse a atuação de Leonel Brizola à frente do Rio Grande do Sul, ele não assumiria) fez com que fosse implantado em 61 um governo de coalizão partidária. A UDN participou. Indicou dois ministros e o embaixador junto à ONU. Virgílio Távora nos Transportes, Gabriel Passos em Minas e Energia, Afonso Arinos de Melo Franco na ONU. Isso no primeiro ano do mandato, mas em 62, em julho, a UDN, em convenção nacional, resolveu romper com Jango. Virgílio, Passos e Afonso Arinos entregaram os cargos para as quais haviam sido nomeados.
Jango fez um apelo pessoal a Virgílio Távora para que permanecesse. Estava na sala de Virgílio quando o presidente telefonou. Távora respondeu que não poderia assumir tal atitude. “Sou um homem de partido, apesar de nossa amizade pessoal”. Sinal dos tempos que passaram
Há muita diferença entre o ontem e o hoje. A mesma Folha de São Paulo de sábado publica reportagem de Estelita Carrazai sobre o escândalo – mais um – que explodiu no Ministério do Trabalho. Foram demitidos titulares de cargos de confiança, mas o ministro Manoel Dias permanecia surpreendentemente. Chegou a dizer que em todos os ministérios existem irregularidades, como s corrupção pudesse ser encarada como uma rotina. Foram passados milhões de reais a diversas ONGS que emitiram recibos à base de notas frias. Manoel Dias – acentua a FSP – afirmou que muitos convênios foram cancelados e outros vão sofrer auditorias. Como? Auditorias em consequência das denuncias da imprensa? E quem devolve o dinheiro roubado? Mas esta é outra questão.
ONGS CRIMINOSAS
O fato é que, por essas e outras, proliferam ONGS pelo país afora em praticamente todos os setores da administração pública federal, estadual e municipal. Claro. Engolem verbas e mais verbas e, salvo exceções, não produzem nada positivo. Nem poderiam. O seu nome Organização Não Governamental traz consigo uma contradição insuperável: como é possível que organizações não governamentais possam resolver problemas governamentais? Não existe saída para esse dilema. Os governos terminam repassando recursos financeiros para que entidades privadas realizem aquilo que eles deveriam realizar. Caso da Saúde, por exemplo; caso do registro civil; caso da educação profissionalizante, e vai por aí afora.
Enquanto os presidentes da República, governadores e prefeitos mantiverem esse caminho, estarão criando mais condições para que a corrupção e a lavagem de dinheiro estejam sempre presentes na vida nacional. Os governos possuem campos de atuação nos quais se tornam insubstituíveis. Substituem-se a si mesmos, através de ONGS, (inúmeras delas são fantasmas) significa ao mesmo tempo uma renúncia e um desastre. Perda de tempo, dinheiro jogado fora.
20 de setembro de 2013
Pedro do Coutto
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