Campo de Libra atrai onze interessados e (também) frustra governo.Três empresas chinesas estão interessadas na disputa; gigantes como BP, BG e Exxon ficaram de fora
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou, na tarde desta quinta-feira, o número oficial de empresas inscritas para a licitação da área de Libra, do pré-sal. Segundo a agência, onze companhias pagaram a taxa de 2,067 milhões de reais de inscrição para o leilão, marcado para 21 de outubro. Em evento realizado na manhã desta quinta-feira, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, chegou a afirmar que eram doze as empresas participantes, número que foi corrigido posteriormente.
O interesse frustrou as expectativas do governo, que contava com a participação de, ao menos, 40 empresas. Em menos de uma semana, trata-se da segunda grande decepção do Palácio do Planalto em projetos ofertados à iniciativa privada. O primeiro foi o desinteresse de investidores pelo trecho da rodovia BR-262, que liga o Espírito Santo a Minas Gerais, e que não atraiu consórcios.
Quanto menor o número de interessados no projeto — que é o mais importante do pré-sal —- menores as chances de o governo arrecadar, ainda este ano, o bônus de 15 bilhões de reais com Libra. A ANP, contudo, negou que o número de participantes afetará o bônus, afirmando que os 15 bilhões de reais estão previstos em contrato. O governo conta com, no mínimo, esse valor para conseguir cumprir a meta fiscal deste ano, fixada em 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), ou 110,9 bilhões de reais.
Asiáticas — Durante o evento, Magda informou que as gigantes Exxon, BP e BG não vão disputar a concorrência. "Eu recebi telefonemas de três empresas, Exxon, BP e BG, dizendo que não vão participar do leilão do pré-sal por questões muito específicas de cada empresa. No entanto, reafirmaram o interesse no Brasil", disse ela.
Sem elas, a lista terminou composta pela japonesa Mitsui, a indiana ONGC, a malaia Petronas, a anglo-holandesa Shell, a colombiana Ecopetrol, a francesa Total, a Petrogal, a subsidiária brasileira da portuguesa Galp, e as chinesas Sinopec, CNOOC e China National Petroleum Corp (CNPC) haviam pago a taxa de pouco mais de 2 milhões de reais que dá direito a participar do certame.
A Petrobras também integra a lista de onze, já que será operadora obrigatória da área de Libra e deverá ter, por lei, pelo menos 30% de participação em qualquer consórcio vencedor. O prazo para o pagamento das taxas terminou na quarta-feira.
Não houve pagamento por parte da Chevron, a segunda petroleira dos EUA, e de nenhuma outra norte-americana. Em comunicado, a empresa, que acaba de chegar a um acordo com a Justiça brasileira sobre a multa que pagará pelo vazamento de petróleo no Campo do Frade, disse que valoriza sua relação com o Brasil e vai continuar trabalhando para ajudar o país a desenvolver seu potencial petrolífero. Contudo, Libra não é seu objetivo. Uma segunda fonte, próxima à Shell, disse que o fato de a companhia ter pago a taxa não significa necessariamente que ela fará lances no leilão, marcado para 21 de outubro.
Frustração — Magda disse nesta quinta-feira que esperava que até quarenta empresas participassem da disputa, mas que a "conjuntura" fez com que o número fosse menor. "Esperava quarenta empresas, mas agora existe um contexto mundial de situações muito específicas de cada empresa que levam a essa situação", afirmou.
O número reduzido de participantes também surpreendeu um consultor e ex-diretor da Petrobras. "É uma surpresa. A área (de Libra) é extremamente promissora, e não há oportunidades no mundo semelhantes às do pré-sal brasileiro", afirmou Paulo Roberto Costa, da Costa Global Consultoria. Ele também se disse surpreso com o fato de companhias como Exxon, BP e BG não terem pago a taxa de participação no leilão.
Questionado sobre os motivos da baixa adesão, Costa avaliou que isso poderia ter relação com o fato de a lei determinar a Petrobras como operadora única, com no mínimo 30% de participação na reserva.
"Pode ser que isso tenha afugentado as empresas. Se houvesse uma abertura para a Petrobras não ser a operadora, talvez ou resultado fosse diferente", afirmou ele.
Reserva — A ANP estimou que as reservas recuperáveis no prospecto de Libra poderão atingir entre oito e doze bilhões de barris, o que faria da área a maior do país, superando Tupi, com volumes que foram estimados em 2007 entre cinco e oito bilhões de barris de óleo equivalente.
Veja
(com Estadão Conteúdo e Reuters)
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Exxon, Chevron, BP e BG ficam de fora do leilão de Libra
- Eu esperava 40 empresas, todas as grandes, mas existe um contexto mundial com situações muito específicas de cada empresa. Eu recebi os telefonemas dizendo que não participariam do leilão do pré-sal por questões muito específicas de cada empresa, mas reafirmaram o interesse no Brasil - disse Magda.
A Chevron Brasil confirma que decidiu não participar da que será a 1ª Rodada no Pré-Sal. Em nota, a americana informou que "continua a valorizar seu relacionamento com o Brasil e quer ser parceira do país no desenvolvimento de seu potencial como uma superpotência energética".
Há poucas semanas, o secretário de energia dos EUA, Ernest Moniz, esteve no Brasil, manifestando interesse das companhias americanas no leilão. A falta de participação das empresas americanas frustrou o governo brasileiro, que esperava a competição delas com os asiáticos e os europeus.
- Nós recebemos um volume imenso de material ontem. Agora a única coisa que sei é que já são pelo menos 12 empresas que manifestaram interesse - completou ela.
No entanto, a ANP depois corrigiu a informação dada por Magda e confirmou que apenas 11 pagaram a taxa de participação.
A diretora-geral da agência participou de Seminário Técnico-Ambiental para a 12ª Rodada de Licitações para áreas em terra, com o objetivo de encontrar gás natural que será realizado em novembro próximo.
Luciane Pedrosa, assessora da diretoria-geral da ANP, afirmou que nenhuma área dos 240 blocos terrestres que serão ofertados na 12ª rodada de licitações tem impedimentos ambientais para exploração. Durante o seminário, Luciane disse que todas têm condições de serem exploradas desde que atendidas as boas práticas da indústria do petróleo.
- Algumas restrições como área de preservação permanente, áreas alagadas, entre outras, não são impeditivas para as atividades de exploração e produção de petróleo. Elas podem apenas exigir medidas mitigadoras mais específicas. A ANP entende que é possível a atividade de exploração de petróleo com a proteção ambiental desde que as empresas adotem as melhores práticas da indústria - destacou a executiva.
As licenças ambientais são obtidas após a realização do leilão da 12ª rodada que está prevista para novembro próximo. Serão ofertados 240 blocos em sete bacias terrestres com foco para exploração de gás natural e gás natural não-convencional (shale gas).
20 de setembro de 2013
Ramona Ordoñez e Danilo Fariello - O Globo
Resultado decepcionou diretora da ANP, Magda Chambriard, que esperava 40 inscritas (Agência Brasil)
O interesse frustrou as expectativas do governo, que contava com a participação de, ao menos, 40 empresas. Em menos de uma semana, trata-se da segunda grande decepção do Palácio do Planalto em projetos ofertados à iniciativa privada. O primeiro foi o desinteresse de investidores pelo trecho da rodovia BR-262, que liga o Espírito Santo a Minas Gerais, e que não atraiu consórcios.
Quanto menor o número de interessados no projeto — que é o mais importante do pré-sal —- menores as chances de o governo arrecadar, ainda este ano, o bônus de 15 bilhões de reais com Libra. A ANP, contudo, negou que o número de participantes afetará o bônus, afirmando que os 15 bilhões de reais estão previstos em contrato. O governo conta com, no mínimo, esse valor para conseguir cumprir a meta fiscal deste ano, fixada em 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), ou 110,9 bilhões de reais.
Asiáticas — Durante o evento, Magda informou que as gigantes Exxon, BP e BG não vão disputar a concorrência. "Eu recebi telefonemas de três empresas, Exxon, BP e BG, dizendo que não vão participar do leilão do pré-sal por questões muito específicas de cada empresa. No entanto, reafirmaram o interesse no Brasil", disse ela.
Sem elas, a lista terminou composta pela japonesa Mitsui, a indiana ONGC, a malaia Petronas, a anglo-holandesa Shell, a colombiana Ecopetrol, a francesa Total, a Petrogal, a subsidiária brasileira da portuguesa Galp, e as chinesas Sinopec, CNOOC e China National Petroleum Corp (CNPC) haviam pago a taxa de pouco mais de 2 milhões de reais que dá direito a participar do certame.
A Petrobras também integra a lista de onze, já que será operadora obrigatória da área de Libra e deverá ter, por lei, pelo menos 30% de participação em qualquer consórcio vencedor. O prazo para o pagamento das taxas terminou na quarta-feira.
Não houve pagamento por parte da Chevron, a segunda petroleira dos EUA, e de nenhuma outra norte-americana. Em comunicado, a empresa, que acaba de chegar a um acordo com a Justiça brasileira sobre a multa que pagará pelo vazamento de petróleo no Campo do Frade, disse que valoriza sua relação com o Brasil e vai continuar trabalhando para ajudar o país a desenvolver seu potencial petrolífero. Contudo, Libra não é seu objetivo. Uma segunda fonte, próxima à Shell, disse que o fato de a companhia ter pago a taxa não significa necessariamente que ela fará lances no leilão, marcado para 21 de outubro.
Frustração — Magda disse nesta quinta-feira que esperava que até quarenta empresas participassem da disputa, mas que a "conjuntura" fez com que o número fosse menor. "Esperava quarenta empresas, mas agora existe um contexto mundial de situações muito específicas de cada empresa que levam a essa situação", afirmou.
O número reduzido de participantes também surpreendeu um consultor e ex-diretor da Petrobras. "É uma surpresa. A área (de Libra) é extremamente promissora, e não há oportunidades no mundo semelhantes às do pré-sal brasileiro", afirmou Paulo Roberto Costa, da Costa Global Consultoria. Ele também se disse surpreso com o fato de companhias como Exxon, BP e BG não terem pago a taxa de participação no leilão.
Questionado sobre os motivos da baixa adesão, Costa avaliou que isso poderia ter relação com o fato de a lei determinar a Petrobras como operadora única, com no mínimo 30% de participação na reserva.
"Pode ser que isso tenha afugentado as empresas. Se houvesse uma abertura para a Petrobras não ser a operadora, talvez ou resultado fosse diferente", afirmou ele.
Reserva — A ANP estimou que as reservas recuperáveis no prospecto de Libra poderão atingir entre oito e doze bilhões de barris, o que faria da área a maior do país, superando Tupi, com volumes que foram estimados em 2007 entre cinco e oito bilhões de barris de óleo equivalente.
Veja
(com Estadão Conteúdo e Reuters)
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Exxon, Chevron, BP e BG ficam de fora do leilão de Libra
- Segundo fontes do governo, apenas 11 pagaram a taxa de R$ 2 milhões para participar da licitação. ANP esperava 40 companhias
- Terminou ontem à noite o prazo para os interessados manifestarem o interesse
- Nenhuma brasileira entrará no leilão, além da Petrobras
A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, afirmou nesta quinta-feira que as gigantes petrolíferas Exxon, BP, Chevron e BG estão fora do leilão de Libra, o primeiro na área do pré-sal na Bacia de Santos que será realizado 21 de outubro próximo. As companhias alegaram questões internas, mas, segundo Magda, garantiram que continuarão investindo no Brasil.
- Eu esperava 40 empresas, todas as grandes, mas existe um contexto mundial com situações muito específicas de cada empresa. Eu recebi os telefonemas dizendo que não participariam do leilão do pré-sal por questões muito específicas de cada empresa, mas reafirmaram o interesse no Brasil - disse Magda.
A Chevron Brasil confirma que decidiu não participar da que será a 1ª Rodada no Pré-Sal. Em nota, a americana informou que "continua a valorizar seu relacionamento com o Brasil e quer ser parceira do país no desenvolvimento de seu potencial como uma superpotência energética".
Há poucas semanas, o secretário de energia dos EUA, Ernest Moniz, esteve no Brasil, manifestando interesse das companhias americanas no leilão. A falta de participação das empresas americanas frustrou o governo brasileiro, que esperava a competição delas com os asiáticos e os europeus.
Contudo, a ausência dos americanos reduz o risco de questionamentos políticos e jurídicos de que a espionagem feita pela NSA traria vantagens às empresas dos EUA. Também nenhuma empresa brasileira, além da Petrobras, participará do leilão. Havia uma expectativa de que companhias médias no setor, como a Queiroz Galvão, pudessem se associar às grandes estrangeiras.
- Nós recebemos um volume imenso de material ontem. Agora a única coisa que sei é que já são pelo menos 12 empresas que manifestaram interesse - completou ela.
No entanto, a ANP depois corrigiu a informação dada por Magda e confirmou que apenas 11 pagaram a taxa de participação.
A diretora-geral da agência participou de Seminário Técnico-Ambiental para a 12ª Rodada de Licitações para áreas em terra, com o objetivo de encontrar gás natural que será realizado em novembro próximo.
Luciane Pedrosa, assessora da diretoria-geral da ANP, afirmou que nenhuma área dos 240 blocos terrestres que serão ofertados na 12ª rodada de licitações tem impedimentos ambientais para exploração. Durante o seminário, Luciane disse que todas têm condições de serem exploradas desde que atendidas as boas práticas da indústria do petróleo.
- Algumas restrições como área de preservação permanente, áreas alagadas, entre outras, não são impeditivas para as atividades de exploração e produção de petróleo. Elas podem apenas exigir medidas mitigadoras mais específicas. A ANP entende que é possível a atividade de exploração de petróleo com a proteção ambiental desde que as empresas adotem as melhores práticas da indústria - destacou a executiva.
As licenças ambientais são obtidas após a realização do leilão da 12ª rodada que está prevista para novembro próximo. Serão ofertados 240 blocos em sete bacias terrestres com foco para exploração de gás natural e gás natural não-convencional (shale gas).
20 de setembro de 2013
Ramona Ordoñez e Danilo Fariello - O Globo
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