Em "Lovelace", a atriz Amanda Seyfried conta a história de Linda Lovelace, que ficou conhecida por seu papel no mais famoso filme pornográfico de todos os tempos
Nesta sexta-feira (13), Linda Boreman, mais conhecida como Linda Lovelace, volta às telas do cinema 41 anos após estrelar o filme pornográfico mais famoso de todos os tempos, Garganta profunda. A Linda em questão não é a atriz original, mas uma versão interpretada pela americana Amanda Seyfried, de 27 anos. A verdadeira Linda morreu em 2002, aos 53 anos, num acidente de carro, após uma trajetória conturbada. O filmeLovelace expõe a vida íntima de um símbolo sexual da década de 1970, marcada por episódios de violência doméstica e pela tentativa de continuar sob os holofotes, e revela os bastidores conturbados da produção que se tornaria um ícone do gênero. "Garganta profundafoi um dos filmes que lançou a Era de Ouro da pornografia”, diz Jon Milliard, autor de um estudo sobre o perfil de 10 mil atores pornôs.
A verdadeira história de Linda, alvo da cinebiografia que chega ao Brasil nesta sexta-feira, é bem menos glamurosa do que a sugerida pelo conto da atriz que alcança o estrelato rapidamente. Linda se casou com seu agente, Chuck Traynor, um ano antes das filmagens de Garganta profunda. Em sua biografia, ela diz que ele a obrigou a participar do filme – parentemente uma das menores violências que sofreu, de acordo com seus relatos. Linda contou ter sido estuprada, agredida constantemente e forçada à prostituição. Dos U$ 600 milhões que o filme rendeu, Linda diz ter recebido apenas U$ 1.250. “Linda adorava ser uma atriz famosa", disse a atriz Amanda Seyfried, sua intérprete no cinema. "Mas isso era só o que ela tinha." Após o sucesso do filme, Linda separou-se de Traynor e tentou emplacar em outras produções, sem nunca conseguir repetir o sucesso de Garganta profunda. Lançou livros ora glamurizando a indústria pornô ora denunciando suas violências. Ficou mais famosa pela última. “Você não sai da pornografia sem cicatrizes, e os efeitos e consequências de ser usada repetidamente deixam você machucada e até mesmo traumatizada”, diz a socióloga britânica Gail Dines, autora do livro Pornland, um manifesto contra a pornografia.
Assim como para Lovelace, nem sempre é fácil para as atrizes que decidem mudar de carreira deixar para trás a imagem associada à pornografia. Geralmente, é uma questão de tempo até que alguém se dê conta de um filme pornô no currículo. Não demorou para que a mídia descobrisse que, antes do sucesso, a atriz Cameron Diaz e o ator Sylvester Stallone estrelaram filmes que privilegiam as cenas de sexo e nudez, um gênero conhecido como softcore. A experiência em filmes do tipo não é algo que entusiasme os produtores para contratar estrelas pornôs. A imagem pública dos atores afeta como o público recebe os personagens que interpretam. “Um ator pornô já escancarou suas vidas ou pelo menos seu corpo para o mundo ver”, diz Milliard. Muitos dos atores pornôs, quando conseguem fazer a transição para o cinema tradicional, conseguem apenas papéis pequeno ou de forte ênfase sexual. Um caso típico é o da estrela pornô Gauge. Ela estourou na cena pornográfica com apenas 18 anos, em 1999, e decidiu se voltar para o cinema tradicional em 2005. Passou anos perseguindo o sucesso e agora, aos 33 anos, decidiu voltar ao gênero em que começou.
Algumas atrizes conseguem fazer a transição com sucesso. Sasha Grey é a mais famosa. Em cinco anos, atuou em 270 filmes adultos. Após encerrar a carreira na indústria pornô, já foi produtora, modelo, cantora e musa do diretor Steven Soderbergh no filme independente The girlfriend experience. Participou da série de TV Entourage e tem uma banda chamada Telecine. Acaba de lançar seu primeiro livro, a ficção Juliette Society (Editora Leya). Outro exemplo de sucesso é Stoya. A garota que começou sua carreira em 2007, aos 21 anos, é considerada a primeira garota do alt porn, uma espécie de pornografia independente, que tem um quê de cult. Interessada em ficção e tecnologia, Stoya está desbravando novas áreas. Atualmente, é colunista da Vice, uma revista de tendências e tem milhares de seguidores nas redes sociais. Lovelace sentiria orgulho de discípulas como Stoya e Sasha Grey.
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