"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

QUINZE MINUTOS DE BLÁ-BLÁ-BLÁ E BLEFES

     
          Internacional - Estados Unidos   
     
A ‘crise’ atual é, felizmente, mais um exemplo do quanto é perigosa, incoerente e hipócrita a política externa de Obama para a América e o mundo. Felizmente porque não vai mudar nada.
Enquanto o mundo olha para as reviravoltas de Obama em relação à Síria há importantes ocorrências no Egito: os militares, com ajuda da Arábia Saudita e alguns emirados do Golfo estão exitosamente suprimindo a Irmandade Muçulmana.

Na véspera do 12º aniversário dos bárbaros ataques da Al-Qaeda ao World Trade Center, Obama ‘apresentou seu caso’ sobre a crise Síria em 15 minutos e mais uma vez se mostrou incompetente, incapaz, covarde e amadorista que não merece ocupar o lugar que ocupa. Ocorre que esta crise não existiria se não tivesse sido criada pelo próprio Obama com a incompetente Hillary quando, há dois anos, batizou uma revolta sem conseqüências na Tunísia de “primavera árabe”: supostamente a derrubada de tradicionais ditaduras do norte da África e do Oriente Médio pelo levante “popular”. Mas a verdade era bem outra, como denunciei numa série de artigos sobre a “primavera” que seria um inverno ou inferno: a revolta não era popular, mas arquitetada pela Irmandade Muçulmana e pela Al-Qaeda sabendo de antemão que podiam contar com um aliado na Casa Branca.

Há um ano, segundo a CIA, com o conhecimento de Hillary, mandou-se o embaixador Americano a Benghazi, sede dos salafistas da Al-Qaeda e foi a tragédia que se sabe. O Egito, depois dos saques e ataques a igrejas coptas com massacre dos fiéis, o governo Mursi tentou transformar o país tradicionalmente laico e respeitando todas as religiões em república Islâmica substituindo a lei civil pela sharia. Com maciço apoio popular (95% da população) e da Arábia Saudita os militares acabaram com a “primavera”. A Síria parecia ser a última chance de Obama colocar a Irmandade no poder em algum país árabe.

A ‘crise’ atual é, felizmente, mais um exemplo do quanto é perigosa, incoerente e hipócrita a política externa de Obama para a América e o mundo. Felizmente porque não vai mudar nada. Em pouco tempo já existiram tantos planos para a Síria que os analistas enlouquecem tentando saber qual será o próximo! Primeiro disse que um ataque é necessário para proteger a América do uso terrorista de armas químicas, caso caíssem em mãos rebeldes. Mas Obama sabe que o melhor meio para os terroristas se apossarem das armas químicas é derrotando Assad. Em outros momentos disse hipocritamente que o bombardeio das instalações sírias seria necessário para a “proteção do povo sírio”.

Enquanto o mundo olha para as reviravoltas de Obama em relação à Síria há importantes ocorrências no Egito: os militares, com ajuda da Arábia Saudita e alguns emirados do Golfo estão exitosamente suprimindo a Irmandade Muçulmana. Em torno de 50 mil imãs que fazem a Khotba, os sermões de sextas-feiras, perderam o direito de orar e terão que se inscrever novamente para pleitear a devida licença na Universidade Al Azhar, apolítica mas dependente de pressões governamentais, que servirá de árbitro e deverá deixar de fora todos os que pertencem à Irmandade. A intenção dos militares é a de suprimir a Irmandade e seus jihadistas desfazendo todo o trabalho de Obama. A mídia prega a conciliação entre todas as partes em conflito no país e está convencida de que a ação dos militares serve para aniquilar a liberdade religiosa, e não liquidar com o que há de mais intolerante e terrorista no planeta.

O embaixador da África do Sul, Ebrahim Rasool, e o professor de Estudos Islâmicos Ebrahim Moosa, publicaram um artigo no qual defendem medidas para evitar uma guerra civil no Egito. O ministro interino de Relações Exteriores deu um sonante ‘NO’, acrescentando que a África do Sul estava querendo exportar seu processo fracassado de reconciliação que não alcançou real co-existência, pois tem um dos piores índices de criminalidade, corrupção, pobreza, desemprego e saúde pública do mundo. ‘Ponham sua casa em ordem antes de tentar ensinar aos outros o que fazer na sua!’.

Depois do discurso de ontem veremos o que Obama vai conseguir fazer da confusão em que meteu seu país e o mundo. Sua tentativa de retirar a ajuda militar ao Egito foi a primeira armadilha destas últimas semanas: é tudo o que Putin esperava para intervir e encher os militares egípcios de armas. Obama recuou. Agora com a Síria ameaçou, ameaçou e não fez nada! Ora, quem quer atacar, ataca! Não diz: Assad, se você não se comportar papi Obama bate, viu?

Além disso, o secretário de Estado dos sonhos de Putin, John Kerry, deixou escapar que se Assad aceitasse entregar as armas químicas para a ‘comunidade internacional’ (seja lá o que for isto!), os EUA postergariam o ataque. Putin pegou a deixa, o Congresso americano deixou a decisão para as calendas, o povo americano recuou, a ONU para variar é uma zona e Rússia e China têm poder de veto. E aí Obama?

Todos estes fracassos como Comandante-em-Chefe da maior máquina de guerra que o mundo já conheceu, são devidos ao fato de ter sido eleito não para, ‘to preserve, defend and protect the Constitution’, mas como um internacionalista moralizador, um campeão da lei internacional, do multilateralismo e do permanente recuo americano frente a inimigos xenófobos, radicais e extremistas, prometendo usar o poderio americano não como patrão ou polícia do mundo, mas como um protagonista que reconhece as imperfeições de seu país, isto é, dar aos EUA um presidente cagão, desejo máximo dos internacionalistas nos quatro cantos do mundo.

O mais deprimente é que em suas atitudes nos últimos dias ele vem tentando imitar George W. Bush: atacar um país para eliminar as ‘armas de destruição em massa’, que tanto criticou. Aprendeu o discurso, mas não tem a determinação e a coragem do anterior. E muito menos um Rumsfeld!
Sai desta agora!

13 de setembro de 2013
Heitor De Paola

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