BRASIL - Bizarro
Dirceu deixou que os jornalista, de um apartamento frontal ao seu, acompanhasse o seu comportamento enquanto assistia pela TV, a sessão de julgamento no STF, ontem, quinta-feira, 12. Dentro da sala, além de parentes e amigos, uma equipe de cinema filmava o tempo todo, num burlesco reality show enfocando o grotesco chefe quadrilheiro, como bom canastrão, representando o seu próprio personagem
Foto:Marlene Bergamo/Folhapress Dirceu diarreico diante da imagem do decisivo Ministro Celso de Melo, durante o voto interminável do Ministro Marco Aurélio, na sessão desta quinta-feira.
Se para o público em geral os votos dos ministros do supremo parecem angustiantemente intermináveis e impenetráveis, imagina para alguém como José Dirceu, de quem o futuro depende de cada palavra articulada no plenário do Supremo.
Jornalistas e fotógrafos de um apartamento frontal, acompanhou a agonia do Ministro enquanto Marco Aurélio, com sua voz de trovão rachado, usava argumentos repetitivos, fartos e contundentes despedaçando a tese de possibilidades de um novo julgamento desprovendo os tais embargo infringente.
Pelas primeiras palavras de Marco Aurélio, já se sabia que ele ia votar contra, aliás, antes mesmo de votar, tanto na sessão da véspera, como na dessa quinta-feira, fez apartes durante os votos dos outros ministros sempre sinalizando claramente sua disposição de encerrar o julgamento por aqui e enviar José Dirceu e sua quadrilha para a cadeia.
Marco Aurélio costuma dizer que seus votos não são surpreendentes, assevera até que o voto ou a sentença de um magistrado nunca deve ser surpreendente, já que acolhendo a lei, respeitando a constituição, suas decisões deverão ter uma coerente e límpida previsibilidade.
Segundo os jornalistas, Dirceu acompanhou a maior parte da sessão sentado. Mas, no final, eram de apreensão os gestos do ex-ministro em frente à TV, enquanto os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Luís Roberto Barroso trocavam farpas e falavam sobre embargos infringentes, os limites da consciência de um juiz e o dilema entre decidir o futuro de uma pessoa e atender aos anseios da multidão.
Na primeira metade da sessão, Dirceu passou a maior parte do tempo sentado em um dos três assentos do sofá em frente à TV. Por poucas vezes, se dirigiu às pessoas à sua volta. Levantou-se para pegar os óculos ou uma garrafa de água, companhia constante do início ao fim da sessão.
O último voto do dia, do ministro Marco Aurélio, ele assistiu de pé. Botava as mãos na cintura, massageava discretamente a região lombar. Andava de um lado para o outro, cruzava os braços, colocava a mão na boca.
Devia estar perguntando, se já disse que vai ser contra, para que está demorando tanto?
Complementam os jornalistas que quando o presidente do STF e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, encerrou a sessão, Dirceu abriu um sorriso para seus convidados.
Informam que ele deve passar o final de semana em seu sítio em Vinhedo, interior do estado. Não vai dormir bem, do voto de Celso Melo depende a possibilidade dele ter a liberdade de escolher onde vai passar o próximo fim de semana. Poderá já passar guardado em alguma penitenciária.
Um detalhe fustigante, é que entre os frequentadores do apartamento de Dirceu, que com ele assistiam a sessão de julgamento pela TV, estava uma equipe de filmagem da cineasta Tata Amaral, que registravam com duas câmeras esses momentos de tensão de Dirceu, que fará parte de um documentário sobre o chefe da quadrilha do mensalão, uma espécie de reality show da corrupção.
A Tangerina Filmes, produtora da cineasta Tata Amaral, captou, por meio da Lei Rouanet, 1,5 milhão de reais, em renúncia fiscal, para produzir um filme sobre José Dirceu. Ou seja, o documentário O Vilão da República, em fase inicial de produção, está sendo financiado com dinheiro público.
Só assistiremos esse filme, se o personagem for preso, morrer de um infarto durante a sua realização ou tiver um AVC com danos irreversíveis. Seria um lindo final feliz para o Brasil!
Sabe como é, já que a justiça dos homens anda vacilante, que tal a justiça divina, entrar em cena?
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