Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na Operação Lava Jato, o ex-deputado Pedro Corrêa (PP/PE) afirmou nesta segunda-feira, dia 5, que uma bancada de parlamentares escolhia os operadores de propina na Petrobrás. O ex-deputado revelou um ‘acordo’ entre os parlamentares para que nenhum deles procurasse os empresários e deixasse o ‘trabalho’ com interlocutores. O ex-parlamentar prestou depoimento em ação penal sobre propinas pagas pela Odebrecht, no esquema que seria liderado pelo ex-presidente. Os valores teriam chegado a R$ 75 milhões em oito contratos com a Petrobrás e incluíram terreno de R$ 12,5 milhões para o Instituto Lula e cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo de R$ 504 mil.
Corrêa já foi condenado a 20 anos e 7 meses de prisão na Lava Jato. O ex-deputado tenta fechar delação premiada. Na audiência, o advogado que o defende afirmou que o acordo está ‘pendente de homologação’.
YOUSSEF E JANENE – Ao juiz da Lava Jato, Corrêa citou o doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da Lava Jato e o ex-deputado José Janene (ex-PP-PR), morto em 2010.
“Só o deputado José Janene e o sr Alberto Youssef, esses operadores que haviam sido escolhidos como os operadores da bancada, eles é quem tinham contato com os empresários para que ficasse tudo sob uma pessoa somente. Essa pessoa depois, então, traria os esclarecimentos para o restante da bancada”, declarou.
O ex-parlamentar apontou ‘um compromisso’ entre os deputados ‘de não tomar conhecimento de como eram feitas as reuniões com os empresários’.
“Nós tínhamos um acordo de nenhum parlamentar procurar os empresários. Quando nós fizemos a reunião da bancada, que escolhemos, então, os operadores, nós acertamos que só Janene procuraria os empresários para evitar que o empresário ficasse sendo procurado por vários parlamentares e depois então ficasse dando desculpa que acertou com fulano, acertou com cicrano. Só um interlocutor é quem fazia esse trabalho, que era o deputado Janene e quando ele adoeceu ficou, então, o sr Alberto Youssef”, relatou.
REFINARIAS – Corrêa confirmou ‘recursos’ dos contratos da Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, e da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. “Sim, eram feitos. Esses contratos tinham recursos que vinham para o partido. Tanto da Rnest quanto da Repar”, afirmou.
“Quando as doações eram oficiais, ia para o caixa 1, e quando as doações eram não oficiais era um caixa 2 que não era do controle, do conhecimento do partido, mas que era feito, então, em espécie, por ordem de pagamento e que era, então, um controle que nós tínhamos sem que o partido tomasse conhecimento. Era um caixa 2 que só os parlamentares tinham conhecimento disso.”
06 de junho de 2017
Julia Affonso, Ricardo Brandt e Luiz Vassallo
Estadão
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